domingo, maio 10, 2015

Bienal Brasileira de Design trará para Florianópolis exposições, seminários e workshops

Mostrar ao Brasil a riqueza do design produzido em Santa Catarina e popularizar seu conceito para quem ainda acha que a palavra soa como algo sofisticado e distante. Essas são as metas centrais da Bienal Brasileira de Design, que a partir da próxima sexta­-feira (15) começa a espalhar por Florianópolis a importância de se pensar um objeto, especialmente os voltados ao uso comum. Assim, com o mote “Design Para Todos”, a principal exposição, com abertura marcada já para o primeiro dia, vai disseminar o uso de produtos para todas as camadas sociais, respeitando a diversidade.
“A intenção da bienal é valorizar a produção local e mostrar que design não é para privilegiados. Há uma tendência em as pessoas acharem isso, mas o design está em tudo, na cadeira que você senta, na entrada do seu prédio. Nosso objetivo é difundir a informação sobre o design”, destaca Freddy Van Camp, curador da bienal. Escalado para assumir o evento aos 45 do segundo tempo, quando parte da equipe se desligou da organização, Freddy pegou “o bonde andando”, mas desde então tem dedicado seus dias a fazer a bienal acontecer, contestando ter tentado colocar sua identidade nela. “Assim fica parecendo que a gente quer personalizar a coisa, e não é isso. Eu me baseei no trabalho da curadoria anterior, que foi bem feito. Se eu estivesse desde o início, talvez fizesse alguma coisa diferente”, esclarece. 
As seis exposições oficiais da bienal abrem entre os dias 15 e 23 de maio, assim como seminário internacional, realizado nos dois primeiros dias do evento. Além disso, uma série de outras mostras, workshops e palestras vão integrar a programação paralela, que seguirá ao longo de toda a bienal, até 12 de julho. Freddy estará em Florianópolis durante boa parte do evento, na abertura das mostras oficiais, na mediação do seminário e em visitas guiadas. E está pronto para todas as reações. “Sei que vou receber críticas, estou preparado para isso. Aliás, já estou recebendo antes de começar”, afirma o curador. “Estou feliz com a equipe que está nos ajudando. A bienal quase não aconteceu e muita gente vai se surpreender com ela, principalmente com a produção local. O visitante deverá tirar o máximo dela”.

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sexta-feira, maio 08, 2015

Ilustrador Eddy Barrows, da DC Comics, fará palestra amanhã em Florianópolis

Uma confusão na impressão do seu nome quando enviava por fax desenhos para editoras americanas transformou Eduardo Barros em Eddy Barrows. O equívoco, entretanto, veio a calhar: o brasileiro se tornou reconhecido nos Estados Unidos no mercado de HQs (histórias em quadrinhos) e hoje ostenta um contrato de exclusividade com a DC Comics, uma das maiores editoras do gênero do mundo, para quem já emprestou seus traços a personagens como Superman e Batman. A convite de um grupo de ilustradores, sócios do Studio 5, Eddy estará amanhã no Senai, em Florianópolis, onde participará de uma conversa com o público ligado ao universo dos HQs.
 Natural de Belém, no Pará, Eddy atualmente mora em Belo Horizonte, apesar de há anos prestar trabalhos exclusivos à editora norte-americana, sonho de adolescência de muitos ilustradores brasileiros e que ele lembra em detalhes como se tornou realidade. “Eu trabalhava no jornal ‘Estado de Minas’ quando entrei na DC, conciliei os trabalhos durante um ano e meio até o momento em que as coisas ficaram pesadas demais. Tive que fazer uma escolha, e como no jornal eu tinha carteira assinada e todas as normas de um funcionário, e na DC eu era apenas um freelancer, optei pelo jornal. Comentei isso com os meus editores na DC e eles pediram um tempo. Depois de uma semana, eles fizeram uma proposta de ter meus serviços com contrato de exclusividade. Com essa proposta eu mudei de ideia e assinei com a DC”, conta Eddy, que segue com exclusividade na editora até 2017.
Atualmente o trabalho que Eddy está desenvolvendo para a DC chama-se “Martian Manhunter” (Caçador de Marte) e é feito em parceira com o escritor Britânico Rob Williams. Juntos, eles estão dando vida nova a um personagem que nunca foi bem sucedido em uma série própria. “O desafio esta sendo bem agradável, temos uma mescla de ficção cientifica, suspense, drama e momentos bem engraçados. Creio que os fãs vão adorar o que estamos fazendo”, acredita o ilustrador.

No Brasil

Por ainda ter seu trabalho mais comentado lá fora do que no próprio país, Eddy admite a vontade de expandir seu nome no mercado brasileiro, ficando menos restrito às conversas de aficionados aos quadrinhos da DC Comics. Mas por enquanto, são só planos. “Estou trabalhando em etapas. No momento, até 2017 sou exclusivo da DC e o meu foco será o trabalho da editora, mas tenho meus projetos autorais, que pretendo lançar nos próximos anos. No momento e só o que posso falar sobre isso!”.
Para Eddy, o Brasil está hoje em sua melhor fase de produção de quadrinhos, mas ainda tem muito a crescer, principalmente no que diz respeito à vontade de empresários do ramo. “Muita coisa boa tem saído há anos, mas do pessoal independente. Assim que os empresários da área editorial começarem a investir pesado, teremos um cenário editorialmente forte no Brasil, já que talento temos de sobra”, afirma.

Muitos desses talentos, aliás, assim como Eddy, têm se aventurado no mercado internacional, especialmente como desenhistas e coloristas. Mas ele já avisa: para colocar os traços lá fora é preciso dedicação. “Conseguir espaço no mercado internacional envolve uma series de fatores, como talento, visão de mercado, ajustar-se ao sistema editorial mais rigoroso e saber trabalhar em equipe. Ter pelo menos o básico de inglês já ajuda bastante, afinal você terá que ir a convenções no exterior, terá que falar com os seus fãs ou com os seus editores”, reitera. “Além disso, minha dica é o treinamento normal de todo o artista, estudo de anatomia, paisagismo, composição, luz e sombra, desenho de animais, etc. Uma escola de artes ajuda bastante nesse processo ou vá a minha palestra no sábado, lá falarei sobre isso e muito mais!”, finaliza Eddy.

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sábado, abril 25, 2015

Prestes a abrir sua extensa programação, Jurerê Jazz Festival trará a Florianópolis turnê de despedida da orquestra cubana Buena Vista Social Club

Em meio a uma longa turnê mundial que marca sua despedida dos palcos após 16 anos de trajetória, a orquestra cubana Buena Vista Social Club desembarca em Florianópolis no mês de maio para se apresentar na 5ª edição do Jurerê Jazz. O festival, que trará ainda nomes como a americana Madeleine Peyrox, o sueco Ulf Wakenius, Trio Corrente e o grupo Christian Brenner Jazz Quintet, abre sua programação na próxima quarta-feira (29) e só encerra no dia 18 de maio, com a apresentação dos cubanos.
Prestigiada por manter viva a música e a cultura de seu país, a Orquestra Buena Vista Social Club é uma evolução do grupo que em 1999 estrelou o filme homônimo, dirigido por Wim Winders, e que conquistou amantes da música no mundo todo.  Assim, a “Adiós Tour” representa uma síntese dos mais de mil shows feitos durante os últimos 16 anos, envolvendo mais de 40 músicos. Durante esse tempo, o grupo se converteu em uma big band em que músicos veteranos e novatos se conectam para celebrar a tradicional música cubana.
Em entrevista por e-mail ao Notícias do Dia, Omara Portuondo, vocalista do grupo, considerada uma verdadeira diva da música cubana, falou sobre o carinho do público, a trajetória e as expectativas da última turnê do grupo.

Sempre houve uma preocupação por parte do grupo em manter os arranjos das músicas apresentadas nos shows o mais original possível?
Sim. Temos um imenso respeito às nossas tradições musicais, por isso fazemos com que as canções soem o mais fieis ao original possível.
É surpreendente para vocês que exista tantos jovens interessados na música tradicional cubana, sobretudo os próprios músicos que atualmente fazem parte da orquestra?
Bom, em nosso país há muito respeito pela cultura e pela música. As pessoas desde muito pequenas começam a tocar algum instrumento. É verdade que a juventude hoje em dia também está influenciada por novos sons e gêneros, mas o que não podemos negar é esse respeito pelas nossas raízes. Os novos integrantes da banda têm esse caráter, eles gostam de outras músicas, mas são muito honestos com o nosso som.
E quem são hoje esses músicos que acompanham o Buena Vista Social Club? Como eles chegaram à orquestra?
Do projeto original seguimos com vários músicos, mas ao longo do caminho foi se somando uma nova geração de excelentes músicos, como o pianista Rolando Luna, Guajirito Mirabal (neto de Guajiro) ou cantores como Carlos Calunga e Idania Valdés. Todos eles trazem uma bela ótima energia ao grupo.
Os ingressos para os concertos do Buena Vista Social Club sempre acabam muito rápido, e aqui em Florianópolis isso não foi diferente, principalmente por ser o último show. Como se sentem ao saber que existe tanta gente no Brasil, e no mundo, interessada na música cubana?
Como você deve imaginar, isso nos enche de orgulho e de muita alegria. A “Adiós Tour” é muito espacial para nós já que é nossa forma de agradecer a todos os que têm nos acompanhado e apoiado durante tantos anos. Para nós é uma honra sermos embaixadores da nossa música, e, sobretudo, que as pessoas nos apoiem com tanto carinho.
Vocês sempre mantiveram o hábito de tocar separados, com outros músicos, em outros projetos, quando estão em Cuba?
Quando estamos em Cuba costumamos sim tocar com outros músicos em outros projetos. Eu sempre que posso me junto aos mais jovens, ou às vezes me convidam para participar de eventos diferentes. Mas também procuramos nos encontrar para tocarmos todos juntos.
Como está agenda de shows da “Adiós Tour”? Vocês estão sempre viajando tanto, conseguem tirar um tempo para ficar em seu país?
Este ano está cheiíssima! Este ano temos um calendário completo de concertos que passa pela Europa, América Latina e Estados Unidos, não podemos nos queixar! E temos que aceitar que estaremos um pouco longe de nossa família e amigos.
Como será o programa do show de despedida aqui em Florianópolis?
É o nosso último show em Florianópolis então será muito especial. Teremos vários vídeos muito emocionantes e faremos uma homenagem muito especial a todos os músicos que já não estão mais conosco. A turnê também será acompanhada pelo disco do Buena Vista Social Club e por um maravilhoso livro, “Passaporte Orquestra Buena Vista Social Club”, onde podem ser encontrados todos os detalhes, histórias e muitas fotos da turnê. Estaremos esperando por vocês!

Extenso e relevante
Consolidado como um dos principais eventos de música do país, ao longo de suas cinco edições o Jurerê Jazz Festival se tornou responsável por dar aos catarinenses a chance de ver de perto nomes como Avishai Cohen, Paquito D’Rivera, Paulinho Moska e um encontro exclusivo entre Lenine e a orquestra Camerata Florianópolis. Este ano, com nove dias a mais de programação, o festival entra em um novo patamar.
O Jurerê Jazz se tornou o festival mais extenso do Brasil, com 20 dias de duração, além de ser um dos mais importantes por sua abrangência e por sua capacidade de trazer ao Brasil músicos de tamanha relevância, como o Buena Vista Social Club, a Madeleine Peyroux e o Ulf Wakenius”, destaca Abel Silva, idealizador do Jurerê Jazz.
E apesar do nome, não é apenas puramente de jazz que vive o festival. Este ano, além das atrações já citadas também passam pelo evento, em diversos pontos da cidade, nomes como a banda carioca Azymuth, que abre a programação na noite de quarta-feira (29) com uma mistura de jazz, samba e bossa nova, o grupo Blues Etílicos, que já entrega seu estilo no próprio nome, e o Mano a Mano Trio, que une ao jazz ritmos como choro e tango.

Atrações locais, como o Rivo Trio, o Floripa Jazz Combo e os músicos Felipe Coelho Leandro Fortes e Luiz Gustavo Zago também ganharam espaço na agenda do evento, a maioria com entrada gratuita. Um dos grandes destaques da programação será protagonizado inclusive por uma banda de Florianópolis. Na próxima quinta-feira (30), quando é comemorado o Dia Internacional do Jazz, a banda Brass Groove Brasil percorrerá a cidade em uma van, das 7h30 à meia-noite, levando jazz para diferentes espaços da cidade, incluindo terminais de ônibus.
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quarta-feira, abril 22, 2015

Kiss abriu turnê brasileira em Florianópolis na última segunda-feira (20) e enlouqueceu o público no Devassa on Stage

“Eu vou dizer Florianópolis, vou dizer Brasil e vocês vão dizer o meu nome!”
Se Paul Stanley ainda tinha alguma dúvida de que a platéia estava em suas mãos desde o primeiro segundo que pisou no palco do Devassa on Stage na noite da última segunda-feira (20), nessa hora ele deve ter se sentido um pouquinho com um Deus. Porque as cerca de dez mil pessoas paradas em sua frente fizeram exatamente o que ele pediu. E não foi uma e nem duas vezes.
No meio de todo aquele gelo seco e das labaredas que esquentavam o rosto de quem estava a poucos metros do palco, “Detroit Rock City” abriu o setlist estourando as caixas de som enquanto parte do público parecia ainda não acreditar que era realmente o Kiss ali na frente. O Kiss em Florianópolis, com direito a Gene Simmons cuspindo sangue, Eric Singer esmurrando a bateria, Tommy Thayer fazendo seus dedos ficarem invisíveis a cada solo de guitarra e Paul Stanley sendo... bem, sendo ele mesmo.  Um showman difícil de botar defeito.
Com gracejos que iam de “Essa é a primeira vez que viemos a Florianópolis, podemos voltar?” a “Olhem para vocês, olhem como vocês são lindos!”, Stanley não deixou que uma música emendasse na outra sem bater um papo com o público. Quando passava o microfone para o comando de Simmons – este de poucas palavras, mas com uma comprida língua que dificilmente ficava dentro da boca – ainda conseguia manter certa atenção para si. Isso porque quando não estava dançando uma coreografia totalmente particular, Stanley lançava uma palheta atrás da outra em direção ao público, que se jogava no chão na tentativa de encontrar o souvenir.
Ao longo de aproximadamente uma hora e meia o quarteto descarregou hits como “I Love it loud”, “Lick it up”, “Shout it out loud” e “I was made for lovin’ you” fazendo as dezenas de “The Demons” e “Stardchilds” de braços erguidos não parassem de cantar do início ao fim. E quando a gente achou que nada mais poderia impressionar depois do sanguinolento solo de baixo de Simmons e da subida de Singer e sua bateria aos céus, finalmente chegou “Rock’n’Roll all Night” com quilos de papel picado, fechando com láureas uma noite inesquecível até para o mais indiferente ser humano ali presente.

Mais energia, menos pau de selfie
Claro que sempre tem aqueles que passam mais tempo pintando uma estrela no olho para aparecer bem na selfie do que decorando refrãos e também aqueles que sempre vão preferir assistir ao show em casa pelas filmagens feitas com o celular, mas de um modo geral o público do primeiro show da turnê brasileira do Kiss estava mesmo mais preocupado em ver a banda ao vivo.
Salvo um ou outro celular ao alto nos momentos mais emblemáticos e um solitário pau de selfie na pista vip, os fãs de Kiss se preocuparam mais em olhar bem para o que acontecia no palco, afinal aquelas cenas dificilmente se repetiriam algum dia. Nesse caso, uma foto até era boa para devidos registros.

Sem empurra-empurra, sem moças subindo na nuca dos namorados, sem bêbados dando vexame e sem longas madeixas de roqueiros cintilando pelo ar, parece que Paul Stanley estava certo. Era um belo de um público.

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segunda-feira, abril 20, 2015

Comparada à Billie Holiday, cantora americana faz show no Festival Jurerê Jazz

Ela tem nome e sobrenome francês e seus primeiros palcos foram as charmosas e iluminadas ruas de Paris. Apesar disso, Madeleine Peyroux é americana de nascimento e criação, natural de Athens, cidade do estado da Geórgia, com passagens pela Califórnia e Nova York. Dona de uma voz constantemente comparada à de Billie Holiday, a cantora desembarca pela primeira vez em Santa Catarina no dia 18 de maio, para se apresentar em mais uma edição do Jurerê Jazz, que também traz à Florianópolis nomes como a orquestra cubana Buena Vista Social Club.
Filha de uma professora de francês com um americano descendente de franceses da Louisiana, aos 15 anos Madeleine deixou seu país de origem e foi ao encalço da mãe para a cidade da luz. Lá, conheceu artistas de rua e acabou inserida a um grupo de músicos que diariamente se apresentava pelas esquinas menos barulhentas. “Eu ter ido para Paris não foi crédito meu, mas da minha mãe. Ela era apaixonada pela cidade desde muito jovem e quando recebeu uma oferta de emprego lá, nós fomos. Foi onde conheci cantores de rua, larguei a escola e comecei a cantar com eles em frente a um clube de jazz”, lembra.
A voz forte que atingia sem dificuldade o tom de alguns dos principais artistas do gênero logo chamou atenção dos donos do estabelecimento que até então servia apenas de pano de fundo. Depois de serem convidados a se apresentar lá dentro, Madeleine e seu grupo partiram para uma longa turnê por cidades europeias. Na volta, após um período se apresentando sozinha em Paris, uma depressão a fez retornar aos Estados Unidos, em 1995. “Eu achava que iria voltar para a escola, que faria faculdade, não pensei que daria continuidade à carreira da cantora. Então surgiu o convite para gravar. Como não consegui bolsa para estudar, escolhi cantar”, revela.
O primeiro disco veio já no ano seguinte, com algumas composições próprias e interpretações de nomes como Patsy Cline, Bessie Smith e Billie Holiday, com quem até hoje vive sendo comparada. “Não quero que as pessoas venham me ouvir para ouvir a Billie Holiday, eu desenvolvo profundamente a minha voz. Mas às vezes eu concordo que existe uma semelhança, principalmente no começo, nas minhas primeiras gravações”, afirma Madeleine.

Fã da tropicália
Já acostumada a se apresentar em cidade como Rio e São Paulo, Madeleine confessa que em sua primeira passagem pelo Brasil se surpreendeu com o público e com a intensa ligação dos brasileiros com a música. “Na primeira vez em que estive no Brasil me surpreendeu o público ser tão caloroso, mas não fiquei surpresa por gostarem de jazz. Aí as pessoas gostam muito de música, e de música boa. Os brasileiros se tornam músicos naturalmente, não precisam ir à escola para isso”, observa.

Fã de música brasileira, principalmente da tropicália, Madeleine acabou ganhando bastante intimidade com o gênero em suas andanças pelo país e até tentou mergulhar na língua portuguesa, para compreendê-las melhor. “Aprendi algumas coisas do idioma para entender as letras, acho muito importante entendê-las, sobretudo da tropicália. Uma vez um jornalista me deu um disco do Tom Zé e eu traduzi todas as músicas, fiquei impressionada, ele é excelente”, conta a cantora.

Na próxima turnê brasileira, que dessa vez passa por Florianópolis, Madeleine vem com os músicos Jon Herington (guitarra) e Barak Mori (baixo), com quem trabalha há dez anos, e deve apresentar uma série de músicas que ainda não foram agravadas, além de canções do álbum “Keep Me In Your Heart for A While - The Best of Madeleine Peyroux”.

quarta-feira, março 11, 2015

Coletânea reúne versões de músicas de países que têm o espanhol como idioma regravadas por artistas brasileiros

Tentado a provocar os brasileiros que têm a tendência de achar que música cantada em espanhol é necessariamente um bolero choroso e melodramático, o jornalista de Florianópolis Leonardo Vinhas foi atrás de músicos brasileiros para provar que o som de países hispanohablantes vai muito além. Em parceria com o site Scream & Yell, ele é o responsável pela direção artística da coletânea em que 16 bandas regravam versões de canções de artistas da Argentina, Chile, Uruguai, Cuba, Colômbia e Espanha, apresentando um recorte do vasto universo cancioneiro dos países que tem o espanhol como idioma. O tributo “Somos Todos Latinos” será lançado no próximo dia 17.
“Eu comecei a ter contato com esse universo quando, dez anos atrás, fui morar em Foz do Iguaçu, e, transitando pela Tríplice Fronteira, descobri bandas como Babasónicos, Árbol, Aterciopelados, La Vela Puerca e outras. Gente que tinha um trabalho riquíssimo, desafiador, e era mainstream!”, conta Leonardo. “Conforme fui conhecendo mais coisas, via que era um cenário muito próximo ao que encontrava em minha adolescência, com bandas como Chico Science & Nação Zumbi, Raimundos, Mundo Livre S/A. Só que esse espírito de desafio foi ficando mais raro no mainstream brasileiro. Então a grama do vizinho me pareceu, definitivamente, mais verde”, completa.
O interesse pela música cantada em espanhol motivou Leonardo a começar, em 2011, uma coluna chamada “Conexão Latina”, no Scream & Yell, onde colabora desde 2000. E é no próprio site que no próximo dia 17 de março a compilação será disponibilizada para download gratuito.
Entre os artistas participantes estão Nevilton, Bob Shut, Beto Só, Vivian Benford, La Carne, o ex-Barão Vermelho Dé Palmeira e a banda catarinense Cassim e Barbária, todos definidos pelo próprio jornalista. “A escolha levou em conta uma série de critérios, todos subjetivos. Acho que é justo dizer que o primeiro era saber que o selecionado faria um bom trabalho, mesmo que não fosse um artista com o qual eu tivesse uma identificação pessoal. Procurei ainda evitar repetir artistas dos tributos anteriormente lançados pelo site, e o último envolvia o preciosismo de estúdio e o respeito ao registro musical”, explica.


Cada um na sua
De acordo com o jornalista, a prerrogativa era que todos os artistas participantes trouxessem para seu estilo a música que regravariam, com a liberdade para escolher se manteriam a letra no original em espanhol ou se verteriam para o português, e a maioria escolheu a primeira opção.
As canções contempladas vão de obras mais tradicionais de Silvio Rodríguez e Eduardo Mateo até registros contemporâneos de artistas underground, como El Mató a Un Policía Motorizado, Chico Trujillo e Deluxe, passando por roqueiros de grande alcance no mercado latino-americano, como Soda Stereo, La Vela Puerca e Aterciopelados.

“Tive participação na escolha das músicas, mas mais orientando do que definindo. Na verdade, foram três situações distintas: alguns artistas receberam o convite e já disseram na hora qual música queriam gravar. Outros tinham suas dúvidas e ficamos debatendo até chegar a uma opção consensual. Por fim, teve um grupo que pediu que eu desse duas ou três opções para que eles escolhessem uma. Foi um processo divertido, estimulante e bastante rápido”, conclui Leonardo.

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segunda-feira, março 09, 2015

Rodrigo Garcia Lopes lança o livro “Experiências Extraordinárias”

Ao investir no oposto do que a poesia tem se dedicado a ser nos últimos anos, o poeta, músico e escritor Rodrigo Garcia Lopes apresenta em “Experiências Extraordinárias”, seu novo livro, poemas com a acidez e o humor necessários para que o gênero abandone de vez a suposta banalidade a que foi inserida. Com lançamento marcado para o dia 18 de março em Florianópolis, o livro passeia por críticas refinadas aos rumos da sociedade atual, referências a grandes poetas e os haicais ganharam espaço em uma das quatro seções em que a obra se divide.
 “Já não é o primeiro livro que eu tenho a preocupação de abordar temas contemporâneos, a poesia perdeu o poder de crítica nos últimos anos. No livro “Nômada”, lançado em 2004, já havia temas que tratavam disso, mas é difícil ser crítico sem parecer panfletário ou didático. Como eu sou jornalista, essa proximidade foi legal para abordar alguns temas”, explica o autor.
Organizado em quatro seções, “Experiências Extraordinárias” abre com “Idade Mídia”, com uma série de poemas que exploram com certa dose de humor temas como a banalização da violência e o culto à celebridade e o impacto da globalização e da tecnologia. Em seguida, são recuperados os haicais perdidos do poeta nipo­brasileiro Satori Uso, heterônimo criado por Garcia Lopes. Depois, em “Diálogos”, o autor explora bastidores literários com referências a autores como Drummond, Chandler, Eliot, Oswald, Pessoa, Rimbaud, Graciliano Ramos, Marcial, Leminski e Poe. Por fim, termina com a seção que dá nome ao livro, onde concentra obras que vão do o soneto ao poema lírico.
“A divisão é uma maneira de organizar o caos, dar uma certa coerência a cada questão. Sempre trabalho dessa forma e se tornou uma prática, todos os meus livros são organizados em seções em que agrupo os poemas”, explica o autor.

Dedicação exclusiva
Escrito ao longo de 2014 graças a uma bolsa do programa Petrobras Cultural que Rodrigo Garcia Lopes conquistou em 2012, “Experiências Extraordinárias” é o segundo livro poemas que o autor lança após o romance policial “O Trovador”, sua primeira obra do gênero, que chegou ao público pela editora Record em 2014.

“Fiquei nove anos me dedicando ao romance, era muito complexo, foi um processo lento e a produção de poesia ficou lenta também. Mas depois que ele foi lançado já saíram dois livros de poesia”, conta o autor, que pôde se concentrar na produção de “Experiências Extraordinárias”, com muito mais conforto.

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quarta-feira, março 04, 2015

Artista plástico Luciano Martins celebra 15 anos de carreira com exposição em Florianópolis

Uma retrospectiva que percorre os 15 anos de trajetória do artista plástico Luciano Martins vai colorir as paredes do espaço Lindolf Bell, no CIC (Centro Integrado de Cultura), a partir da próxima quinta-feira. A mostra, organizada para celebrar o aniversário da primeira pintura do artista, vai espalhar em um dos principais espaços artísticos de Florianópolis 48 trabalhos que mostram as diferentes fases de seus traços. Da época em que ainda dividia as tintas e pinceis com o trabalho como publicitário até os dias de hoje, com sua arte estampando mais de mil produtos de diferentes marcas, a coleção traça um paralelo cronológico em toda sua carreira.
E para que o retrospecto pudesse ilustrar com fidelidade cada um desses 15 anos, Luciano teve trabalho: ligou para dezenas de compradores de seus quadros e pediu que eles fossem cedidos para o período da exposição. Mas o artista garante que o único problema em alguns casos foi mesmo a logística. “Depois que você vende uma obra para alguém, cria um vínculo, uma amizade, diferente de vender uma mesa, então as pessoas foram bem receptivas. Como muitos quadros estão fora do Estado, a logística foi complicada, um quadro não pôde vir dos Estados Unidos por causa do seguro”, justifica.
Natural de Porto Alegre, onde trabalhava como publicitário e já se arriscava no mundo artístico, Luciano fez sua primeira pintura já em Florianópolis, e guarda ela até hoje. “Ninguém queria comprar, então eu guardei para mim. Anos mais tarde até se interessaram, mas não eu quis mais vender”, conta o artista. E é por meio desse primeiro exemplar que fica possível se ter uma clara ideia da mudança de estilo em suas obras. “Elas tinham um ar mais melancólico, que não tinha a ver com a cidade, com a minha vida, com as minhas filhas que tinham nascido. Mas as cores já existiam e os personagens também”, destaca.

Popularização e críticas
Cores, sorrisos, elementos “fofos”, referências pop e reproduções divertidas de clássicos da pintura mundial foram se tornando características onipresentes na obra de Luciano, e que não demoraram a chamar atenção de empresários. Há cerca de oito anos, no mesmo período em que largou de vez a publicidade para se dedicar exclusivamente à pintura, surgiu o primeiro convite para criar uma coleção para uma grande marca de nível nacional. Desde então, seu trabalho passou a estampar almofadas, canecas, camisetas, chinelos, malas, capinhas de celular, potes de pipoca, embalagens de chocolate, cadernos e uma série de outros objetos, voltados principalmente para o público infantil e adolescente. Para administrar isso tudo, Luciano criou uma empresa especialmente para os licenciamentos, com apoio de um escritório de advocacia.
Mas a reprodução de seus traços coloridos espalhados pelas prateleiras de lojas de diversos gêneros acabou não agradando a quem é avesso a esse tipo de popularização, e há quem sequer considere arte. Pontos de vista que nem de longe abalam o artista. “Tenho uma boa relação com as críticas porque eu recebo muito mais elogios, ninguém me critica diretamente. Sei que existe um desconforto em determinadas áreas culturais, que eu acho que estão atrasadas. Mas eu não dou bola, quem legitima o artista é o público”, conclui Luciano.


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terça-feira, fevereiro 17, 2015

Em meio a uma maratona de shows, Valesca Popozuda passou pelo Carnaval de Florianópolis

Sete shows, cinco Estados diferentes. Essa será a contabilidade final do Carnaval da funkeira Valesca Popozuda, que em 2015, pelo segundo ano consecutivo, optou por ficar de fora dos desfiles e longe da Salgueiro, sua escola de samba do coração, para priorizar o trabalho. Na noite do último domingo (15), durante a segunda parada da maratona, Valesca veio direto da Bahia para Florianópolis, onde se apresentou para um público de cerca de 80 mil pessoas no camarote da Skol, no Centro da cidade. Mas se parece muito pesado para uma única pessoa subir a tantos palcos em tão pouco tempo, ela não deixa nenhuma dúvida de que energia não lhe falta e que transborda até nos olhos, maquiados com muito brilho.
“Comecei em Salvador, daí vim para Floripa, e daqui vou para Laguna. Eu amo o que eu faço, não há nada que faça você cair. É um prazer, então você vai com todo gosto, com toda garra, e ver os fãs esperando com todo esse carinho, não tem preço que pague. Depois vou para Ouro Preto, em Minas, aí vou pro meu Rio, depois para Recife e volto para Salvador”, afirmou a cantora, minutos antes de se apresentar para milhares de “popofãs”, como carinhosamente apelidou seu público.
A dedicação exclusiva ao trabalho durante o Carnaval, adotada desde o ano passado, período em que se firmou como um verdadeiro fenômeno pop com o hit “Beijinho no ombro”, é resultado de muita disciplina e de seriedade no que faz, mas ela não esconde uma pontinha de saudade de mostrar o samba no pé na Sapucaí. “São dois anos já sem avenida, mas eu comecei uma carreira solo e tenho que fincar ela. Não desfilei, fiquei chateada, mas eu fico acompanhando pelos sites durante correria dos shows , fico olhando quem sai, quem não sai, quero ver as rainhas, vou logo olhando paras as rainhas, para a bateria, o coração da escola. Mas se Deus quiser eu vou voltar”, garantiu a cantora.

Elegância e feminismo

Depois de aproximadamente 12 anos em uma carreira sem tantos holofotes no grupo a Gaiola das Popozudas, Valesca foi aos poucos conquistando seu espaço no cenário do funk de todo o país, e ganhou fãs e admiradores que inclusive não tem tanta afinidade com o ritmo. Com superproduções de videoclipes e um estilo muito mais sofisticado de quando fazia parte do grupo e de quando deu seus primeiros passos na carreira solo, sem nunca deixar a sensualidade de lado, Valesca viu seu nome ganhar respeito dentro e fora da cena, sobretudo com as feministas, depois de participar da campanha “Não mereço ser estuprada”. Mas muito antes desse episódio, a cantora já se declarava parte do movimento, e hoje engrossa a luta a favor da igualdade de gêneros. “Eu sou feminista, mas sou mulher antes de tudo, sei onde o calo aperta, tenho mãe, tenho irmãs e eu sempre vou defender a mulher em primeiro lugar, porque o homem faz tudo o que ele quer. É o garanhão, pode tudo, e a mulher se beijar um, dois, três, ou quatro na boca, não vale nada”, desabafou. “Os direitos são iguais para todos. As pessoas têm que parar com essas críticas, porque isso não está com nada, e se preocupar mais com o nosso país, deixar as pessoas viverem felizes. Eu sou a favor de todo mundo ser feliz”, concluiu a funkeira.

quarta-feira, fevereiro 11, 2015

Orquestra Contemporânea de Olinda volta a Florianópolis e se apresenta na Casa de Noca

De volta a Florianópolis e pela primeira vez na Casa de Noca, a Orquestra Contemporânea de Olinda marca na noite de hoje o início das comemorações de Carnaval de um dos mais expoentes espaços de música brasileira da Capital. Formado por dez músicos que rodam juntos na estrada há sete anos, o grupo traz ao palco da Noca um repertório que mistura seus dois primeiros álbuns, “Orquestra Contemporânea de Olinda”, de 2008, e “Pra Ficar”, lançado em 2012.
Na segunda apresentação na Ilha, o grupo troca o espaço amplo e ao ar livre do Green Park, onde subiu ao palco em novembro do ano passado, por um ambiente menor e mais íntimo, o que de acordo com o guitarrista Juliano Holanda, de forma alguma é um problema. “Quando nós começando em Olinda tocávamos muito em lugares pequenos, lá tem muito essa cultura e nós gostamos disso. Em lugares maiores existe uma preocupação maior com som, luz, mas em locais pequenos o público consegue ficar mais perto, e somos movidos por essa energia. Recentemente tocamos em um espaço em Belo Horizonte e foi ótimo”, conta o músico.
Idealizada pelo percussionista Gilú Amaral, a Orquestra Contemporânea de Olinda apresenta como marca duas das maiores “escolas” de referência da música pernambucana: a percussão e os sopros. Ao quarteto de tuba, sax, trompete e trombone, liderados pelo maestro Ivan do Espírito Santo, unem-se o baixo, o microkorg, a guitarra, uma rabeca e um duo de vozes masculinas, numa formação ampla e nada convencional.
Com o lançamento de seu primeiro disco homônimo, a Orquestra conquistou indicações ao Prêmio da Música Brasileira (2009), ao Grammy latino (2010), além de ter seu show considerado um dos melhores de 2009 pelo Jornal O Globo e ganhar meia página do jornal The New York Times pela apresentação realizada no Lincoln Center, em Nova York, em 2010, na primeira turnê pelos Estados Unidos.
Nova turnê em preparação
Previsto inicialmente para ser lançado ainda no segundo semestre de 2014, o terceiro disco da big band já passou por todas as etapas de produção e deve ser lançado no próximo mês, com patrocínio da Petrobras. “Ele está praticamente pronto, começamos a gravar no início do ano passado, só não saiu ainda porque dependemos da agenda Petrobrás, mas agora já tem até data, deve ser lançado no dia 27 de março”, adianta Juliano.

Com o lançamento previsto para daqui a pouco mais de um mês, a Orquestra agora se despede dos mais de dois anos de estrada da turnê do álbum “Pra Ficar” com os últimos shows, hoje em Florianópolis e na próxima sexta-feira no festival Psicodália, em Rio Negrinho. “Por enquanto nos shows só estamos tocando uma música do disco novo, só para dar um gostinho. Agora na verdade é o encerramento da turnê “Pra Ficar”, mas já estamos ensaiando com as músicas e a cenografia da nova turnê”, revela o guitarrista.  “Estamos curiosos para tocar no Piscodália, várias bandas boas tocam lá, e é uma fazenda, no meio do mato, tem tudo a ver com o nosso som”, conclui Juliano. 

sábado, janeiro 31, 2015

O Rappa se apresenta neste sábado em Florianópolis


Depois de uma pausa de dois anos, entre 2009 e 2011, e um total de cinco sem lançar nenhum disco de inéditas, em 2013 O Rappa voltou com dez novas faixas mostrando que de fato tem papel fundamental na música brasileira. Com o lançamento do disco “Nunca Tem Fim...”, que em três meses vendeu surpreendentes 40 mil cópias, em plenos tempos de downloads piratas, a banda provou de vez que os boatos sobre um fim iminente, que já rondaram o grupo em diversas ocasiões, são realmente infundados. E é com ênfase no trabalho mais recente que Falcão (voz), Lobato (bateria), Xandão (guitarra) e Lauro Farias (baixo) chegam a Florianópolis neste sábado, onde se apresentam no Devassa On Stage, com apoio do Destino SC, do Grupo RIC.
Para o baterista Marcelo Lobato, o longo hiato de cinco anos sem liberar aos fãs qualquer material inédito se tornou uma forma natural para a banda de lançar trabalhos somente quando acham que realmente chegou a hora. “A história já é meio assim faz tempo, levamos em torno dois anos e meio para lançar um disco, é uma coisa natural. Antigamente era diferente, todo ano esperavam por um disco, hoje há mais preocupação em fazer algo bem feito, sem cobranças. Tem que estar em um momento legal”, afirma o músico. “Ficamos esse período parados e foi muito bom. Quando voltamos, a energia estava revigorada, porque banda é como um casamento. É preciso ter a sabedoria para parara na hora certa”, acrescenta.
Junto com o sucesso de “Nunca Tem Fim...”, O Rappa voltou às origens ao decidir lançá-lo também em formato vinil, atingindo tanto uma geração saudosa quanto a que está descobrindo agora os LPs. “Os primeiros discos da banda saíram em vinil, depois virou algo só paras o DJs e então voltou. É algo especial e bonito, que se faz aqui mesmo no Brasil e com qualidade. Eu ouço bastante, é algo que exige paciência, tirar da capa, colocar no toca-discos, virar de lado depois de 20 minutos, e a galera mais nova está se ligando nisso”, conclui Lobato.

Sem soar repetitivo
Com seis discos de estúdio na bagagem e outros cinco de coletâneas e de apresentações ao vivo, O Rappa hoje tem uma gama de opções para rechear o repertório a cada show, que ocorrem em média três vezes por semana, o que, de acordo com Lobato, consegue tornar as apresentações bem pouco repetitivas. “A montagem do repertório é bem natural, e como a gente toca muito, fica fácil. O Falcão é mestre em cantar músicas que não tocamos há tempos. Não repetimos tanto o repertório porque temos um leque bem grande, colocamos inclusive músicas de outros artistas também, não fica uma coisa burocrática”, considera o baterista.
Para o show deste sábado o repertório da banda segue dando mais atenção ao trabalho mais recente, que ainda tem muitas músicas em fase de experimentação ao vivo.  “Atualmente estamos priorizando o ‘Nunca tem fim...’, mas fazemos também um apanhado de toda a carreira. Ainda estamos testando ao vivo algumas coisas desse disco, alterando algumas coisas, mas tem sido muito prazeroso tocar as músicas dele. Nos shows também temos sempre um cenário gráfico, tem um lado viajante nele, uma coisa lisérgica”, conclui o músico.

Publicado no jornal Notícias do Dia


domingo, janeiro 25, 2015

Skank traz a Florianópolis turnê do disco "Velocia"

Em 2014, ao romper um jejum de seis anos sem um disco de inéditas, o Skank foi responsável por um dos lançamentos mais elogiados e aclamados pela crítica especializada no Brasil. “Velocia”, décimo álbum de estúdio da banda mineira, chegou para reafirmar a importância do Skank no rock nacional e acima de tudo para mostrar que eles ainda são capazes destilar a mesma criatividade que no começo da década de 1990 os colocou no topo das paradas de sucesso. Agora, em 2015, tranquilo e realizado com a boa fase, o quarteto retorna das férias trazendo para Florianópolis neste domingo pela primeira vez o show da turnê do novo álbum.
Cantando sobre protestos e novamente sobre futebol, tema da música que popularizou ainda mais a banda 1996, o Skank apresenta em “Velocia” seu melhor trabalho em muitos anos, e segundo o vocalista Samuel Rosa, tudo ocorreu de maneira absolutamente natural. “Esse disco foi mais despretensioso. Simplesmente foi entrar no estúdio, tocar e ver o que ia saindo. O resultado do disco é o que vivemos, é o objetivo de fazer o melhor trabalho possível. A resposta foi e tem sido excelente. Estamos orgulhosos do que conseguimos realizar com ele”, afirmou o cantor em entrevista por e-mail.
Já sobre o longo tempo sem oferecer ao público um trabalho de inéditas, ele afirma ser uma espécie de direito adquirido pelos longos anos de trajetória. “O Skank conquistou durante a carreira a liberdade de poder ficar um tempo sem lançar discos de inéditas. Queríamos fazer algo quando sentíssemos que fosse a hora certa. E sentimos isso neste momento. Durante o processo de preparação do disco, conseguimos escolher melhor aquilo que queríamos”.
Acostumados a parcerias com artistas de renome no cenário nacional, a banda trouxe para o disco participações inéditas e outras de longa data, com nomes como Nando Reis, Emicida, Lucas Silveira, da banda Fresno, Lia Paris e BNegão. “Sentimos que algumas músicas pediam participações ou queríamos trabalhar com determinado artista. Todos agregaram para termos o melhor álbum que a gente achava”, afirma Samuel.

Sozinhos no cenário

Recentemente, um levantamento divulgado pela empresa de monitoramento Crowley listou as músicas mais tocadas nas rádios brasileiras ao longo de 2014, e o resultado histórico – e negativo para o rock nacional – colocou o Skank como única banda do gênero. A faixa "Ela me deixou", música de trabalho de “Velocia”, ocupa a 81ª posição do ranking, atrás dezenas de canções sertanejas. Nos 15 anos em que o levantamento tem sido feito, essa foi a primeira vez o rock nacional não ficou entre os 50 sons mais tocados. Em baixa ou não, se não fosse a banda mineira, o gênero ficaria sem representação no mainstream brasileiro.

 Na volta do merecido descanso, o Skank traz à Capital o que de melhor tem sido produzido no cenário roqueiro nacional, em um repertório que mistura novidades e uma série de clássicos indispensáveis. “Tocar em Florianópolis é uma boa forma de voltar de férias (risos). Estamos na turnê do ‘Velocia’ agora, então estamos focando nas novas músicas. Mas com certeza os clássicos estarão presentes”, antecipa Samuel Rosa.

Publicado no jornal Notícias do Dia

sexta-feira, janeiro 23, 2015

Americana Kesha desembarca em Florianópolis na próxima semana

Em 2010, quando “Tik Tok” se espalhou pelo mundo e virou hit certeiro na balada, no carro, na academia e nos fones de ouvido em qualquer outra circunstância, a loirinha Kesha, dona da música, também começou a chamar atenção pela sua personalidade. Ela era autêntica, mas não chegava à excentricidade de Lady Gaga, e era bonita, sem necessariamente ser um sex symbol como a Beyoncé. Assim, conquistou seu espaço na música pop sem nunca deixar de reconhecer o lado esquisito que carrega até hoje. No dia 30 de janeiro, a cantora de 27 anos, nascida em Los Angeles já praticamente sob holofotes, desembarca pela primeira em Florianópolis, onde estende sua turnê pelo Brasil no Devassa on Stage.
 Filha da cantora e compositora Pebe Sebert, que fez certo sucesso na década de 1970 no cenário roqueiro americano, Kesha foi criada com a liberdade de ser o que quisesse, desde que nunca deixasse de ser ela mesma. “Eu sinto que cresci em um ambiente muito real que insistia para que eu fosse eu mesma. Eu fui encorajada a fazer minhas próprias roupas e ser totalmente quem eu era. Às vezes eu era meio estranha, me vestia de maneira muito esquisita, mas minha mãe me encorajou a ser eu mesma, e eu quero que através das minhas músicas outros jovens também se sintam confiantes e sejam eles mesmos”, revelou a cantora em entrevista por e-mail ao Notícias do Dia.
Da mãe, além da influência musical e da liberdade para criar, Kesha também acabou ganhando parcerias para suas músicas nos dois álbuns que já lançou. “Minha mãe é uma compositora incrível. Ela colaborou em muitas das minhas músicas, incluindo “Canibal” e “Your Love Is My Drug”, apenas para citar algumas. Ela sempre me estimulou a seguir com a minha carreira musical”, declara.
Apesar do sucesso pelos palcos do mundo todo com o microfone em punho, Kesha sempre se considerou muito mais uma criadora, escrevendo músicas inclusive para outros astros do pop. “Eu me considero em primeiro lugar uma compositora. Eu penso na estética que eu quero trazer para a minha música de maneira tridimensional. Eu penso numa estética e vou atrás dela, e também no que vou vestir e como será a coreografia para as ideias dos meus videoclipes”.

Mais blues, menos pop

Sem gravar disco novo desde 2012, quando lançou “Warriors”, sucessor do álbum de estreia “Animal” (2010), Kesha afirma que desde então vem trabalhado constantemente em novas músicas. Já no mesmo ano, rumores de que o disco mais recente não havia agradado tanto à cantora se espalharam e a expectativa dos fãs na época era de que um novo chegasse em breve. Mas passados três anos, a espera ainda predomina. “Eu estou trabalhando em músicas novas todos os dias. Não sei quando estarei pronta para gravá-las, mas só sei que há uma abundância de novas músicas esperando para o mundo ouvir”, afirma.

Sempre influenciada por artistas de estilos bastante distintos, de Madonna a The Velvet Underground, passando por Beastie Boys, a cantora assume que não está muito ligada no quem tem surgido de novo na música pop, mas conserva uma rotina bem musical. “Honestamente eu ando ouvindo muitos discos de blues antigos, e não tenho ouvido nada de música nova. Eu gosto de pegar um disco de vinil e ouvir várias vezes seguidas”, revela a cantora

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segunda-feira, janeiro 19, 2015

Fátima Guedes e Rafael Vernet fazem turnê em Santa Catarina

 Dos 36 anos de carreira da cantora e compositora carioca Fátima Guedes, 26 deles em algum momento contaram com a parceria do pianista Rafael Vernet. E é ao seu lado que nesta semana ela desembarca em Santa Catarina para uma turnê em cinco cidades do Estado pela Rede Sesc de Teatros. A primeira parada é amanhã, no Sesc Prainha, em Florianópolis, e em seguida a dupla segue para Joinville (21/1), Jaraguá do Sul (22/1), Lages (24/1) e Chapecó (25/1). Todas as apresentações têm ingressos gratuitos, distribuídos nas centrais de atendimento.
Intitulado “Dois Corações”, mesmo nome da música composta na década de 1990, em parceria com Djavan, o espetáculo terá ares intimistas e contará com um repertório amplo de músicas de sua autoria, novas e antigas, além de canções de outros artistas. “O repertório terá músicas minhas mais antigas, como “Absinto”, “Lápis de Cor” e “Cheiro de Mato”, além de coisas novas e duas músicas de Tom Jobim. Também pode haver algum Baden, Guinha, será um show muito agradável”, destaca a cantora. “Será mais informal porque apesar de ser piano e voz, que é algo muito elegante, há uma grande interação com a plateia e cantamos juntos também. Em algum momento devo pegar o violão para tocar uma ou outra música, mas é essencialmente piano e voz”, completa.
Sem lançar discos desde 2006, momento em que se dedicou a gravar músicas esquecidas de Tom Jobim, Fátima garante que este ano deve entrar em estúdio e romper com o jejum de nove anos sem um novo álbum. Ao todo, desde 1979, a cantora já lançou 11 discos, parte deles com canções de sua autoria e outros em parceria com grandes nomes da música brasileira.
No piano, Rafael Vernet, que tem formação clássica e já trabalhou com nomes como Chico Buarque, Hermeto Pascoal, Ed Motta, Hélio Delmiro e Toninho Horta, também apresenta no espetáculo dois solos de sua autoria.

Música para pensar
Acostumada a escrever e cantar sobre os sentimentos da alma feminina, Fátima admite que tem ouvido pouco a produção de artistas da nova geração da música brasileira, e não destaca nenhum nome em especial, principalmente porque ninguém conheceria. “De me chamar atenção não tem muita coisa nova na música brasileira hoje. Os mais criativos não estão na grande mídia, é preciso fazer uma pesquisa para encontrá-los. Não dá para medir a música pela mídia, se eu falar um nome agora você não vai conhecer”, declara.
Segundo ela, atualmente a música no Brasil vive uma indefinição em que não se diferencia do que entretenimento. “Na última década houve uma grande confusão a respeito do que é música e o que é entretenimento e com 36 anos de carreira eu procuro deixar isso bem claro para o público. Música é o que te emociona, te faz pensar. Entretenimento é aquilo de pular e dançar. Nós sobrevivemos pela qualidade”, enfatiza.
Em sua sólida trajetória como compositora, Fátima já teve a chance de ouvir suas letras na voz de Maria Bethânia, Nana Caymmi, Simone, Alcione, Beth Carvalho e Ney Matogrosso, personalidades que, segundo ela, sempre acabam imprimindo um pouco de si nas músicas. “Cada cantor faz uma releitura muito pessoal da música, é sempre uma surpresa. É um hibrido, ocorre uma mistura das características de quem está envolvido, de quem escreveu e de quem está cantando”, conclui.

Publicado no jornal Notícias do Dia


sábado, janeiro 17, 2015

Filho de Bob Marley de apresenta com The Wailers em Florianópolis

Um encontro histórico promete tornar este sábado inesquecível para os amantes do reggae ou para quem simplesmente gosta de cantarolar “Is This Love”” quando toca no rádio. Pela primeira vez em Florianópolis, Julian Marley, filho de Bob Marley, desembarca ao lado da banda The Wailers, grupo que acompanhou o rei do reggae durante anos, para mais um show da turnê que até o próximo dia 25 percorre 14 cidades brasileiras.
Já conhecidos do público da Capital de outros verões, o The Wailers traz pela primeira vez Julian nos vocais ao lado de alguns dos maiores músicos de reggae da atualidade: os irmãos Aston "Family Man" Barrett e Carlton "Carly" Barrett, respectivamente no baixo e bateria, Earl "Chinna" Smith, guitarrista e produtor de grandes nomes do reggae mundial, o tecladista Tyrone Downie e Dennis Thompson, o lendário engenheiro de som jamaicano responsável pela sonorização de todos os discos e shows de Bob Marley, Aston Barrett Jr. Também na bateria, e o guitarrista Owen Reed.
Mas apesar de inédito por aqui, o encontro entre eles é de longa data. “Isso tudo vem acontecendo desde o meu primeiro álbum ‘Lion in the Morning’ (1996), que foi produzido pelo Family Man, desde então estamos trabalhando, somo como uma família”, revela o cantor.
Segundo Julian, apesar de ser impossível alguém ser como seu pai, o que ele e a banda tentam fazer é manter vivo o espírito de Bob Marley. “A essência da música do Bob nunca vai morrer, ela sempre vai estar aqui. Eu me sento feliz em trazer sua música para as pessoas, mas ninguém pode ser o meu pai e para mim é um prazer tocar com o The Wailers”, diz. “Não há como sentir Bob Marley falar, dá apenas para ecoar seu espírito, e é o que nós estamos fazendo. Meu nome é Julian e o tamanho do meu pé é 43, o do meu pai era provavelmente 39 ou 40, mas o meu é 43 e eu uso meus próprios sapatos”, brinca.

Família unida
Único dos 12 filhos de Bob Marley nascido e criado no Reino Unido, na infância e adolescência Julian costumava ir com frequência para a Jamaica visitar o pai e os irmãos. Mais tarde, acabou deixando a mãe em sua terra natal e se mudou definitivamente para perto dos Marleys, onde começou a se envolver com mais intensidade com a música. Foi na casa em que a parte da família vivia, na cidade de Kingston, que Julian gravou a primeira demo com suas primeiras músicas.
 Lá se tornou um dos cinco filhos de Bob Marley que herdaram o talento de Bob Marley e que decidiram levar adiante o ritmo popularizado por ele. Além de Julian, também fazem sucesso na música os irmãos Ziggy, Stephen, Ky-Mani e Damian. Ao ledo deles, Julian comanda a gravadora Ghetto Youths International, voltada especialmente para o reggae. Junto com ela, a família Marley também desenvolveu o Ghetto Youths Foundation, voltada a ações beneficentes.
Aos 39 anos, Julian têm três discos lançados, o mais recente, “Awake”, é de 2009 e rendeu ao cantor uma indicação ao Grammy. No ano seguinte, o álbum foi eleito o melhor do ano pelo International Reggae and World Music Awards , em Nova York.

Agora, a atual turnê no Brasil ao lado do The Wailers marca mais um momento histórico na vida do cantor e dos fãs de Bob Marley, que devem lotar o LIC (Lagoa Iate Club), neste sábado. Além deles, a noite contará ainda com shows dos grupos locais I-Land Rebel Sound System, Coletivo Geografya, Zabeba Reggae Style e os artistas do Reggae no Mercado Público.

Publicado no jornal Notícias do Dia