quarta-feira, março 04, 2015

Artista plástico Luciano Martins celebra 15 anos de carreira com exposição em Florianópolis

Uma retrospectiva que percorre os 15 anos de trajetória do artista plástico Luciano Martins vai colorir as paredes do espaço Lindolf Bell, no CIC (Centro Integrado de Cultura), a partir da próxima quinta-feira. A mostra, organizada para celebrar o aniversário da primeira pintura do artista, vai espalhar em um dos principais espaços artísticos de Florianópolis 48 trabalhos que mostram as diferentes fases de seus traços. Da época em que ainda dividia as tintas e pinceis com o trabalho como publicitário até os dias de hoje, com sua arte estampando mais de mil produtos de diferentes marcas, a coleção traça um paralelo cronológico em toda sua carreira.
E para que o retrospecto pudesse ilustrar com fidelidade cada um desses 15 anos, Luciano teve trabalho: ligou para dezenas de compradores de seus quadros e pediu que eles fossem cedidos para o período da exposição. Mas o artista garante que o único problema em alguns casos foi mesmo a logística. “Depois que você vende uma obra para alguém, cria um vínculo, uma amizade, diferente de vender uma mesa, então as pessoas foram bem receptivas. Como muitos quadros estão fora do Estado, a logística foi complicada, um quadro não pôde vir dos Estados Unidos por causa do seguro”, justifica.
Natural de Porto Alegre, onde trabalhava como publicitário e já se arriscava no mundo artístico, Luciano fez sua primeira pintura já em Florianópolis, e guarda ela até hoje. “Ninguém queria comprar, então eu guardei para mim. Anos mais tarde até se interessaram, mas não eu quis mais vender”, conta o artista. E é por meio desse primeiro exemplar que fica possível se ter uma clara ideia da mudança de estilo em suas obras. “Elas tinham um ar mais melancólico, que não tinha a ver com a cidade, com a minha vida, com as minhas filhas que tinham nascido. Mas as cores já existiam e os personagens também”, destaca.

Popularização e críticas
Cores, sorrisos, elementos “fofos”, referências pop e reproduções divertidas de clássicos da pintura mundial foram se tornando características onipresentes na obra de Luciano, e que não demoraram a chamar atenção de empresários. Há cerca de oito anos, no mesmo período em que largou de vez a publicidade para se dedicar exclusivamente à pintura, surgiu o primeiro convite para criar uma coleção para uma grande marca de nível nacional. Desde então, seu trabalho passou a estampar almofadas, canecas, camisetas, chinelos, malas, capinhas de celular, potes de pipoca, embalagens de chocolate, cadernos e uma série de outros objetos, voltados principalmente para o público infantil e adolescente. Para administrar isso tudo, Luciano criou uma empresa especialmente para os licenciamentos, com apoio de um escritório de advocacia.
Mas a reprodução de seus traços coloridos espalhados pelas prateleiras de lojas de diversos gêneros acabou não agradando a quem é avesso a esse tipo de popularização, e há quem sequer considere arte. Pontos de vista que nem de longe abalam o artista. “Tenho uma boa relação com as críticas porque eu recebo muito mais elogios, ninguém me critica diretamente. Sei que existe um desconforto em determinadas áreas culturais, que eu acho que estão atrasadas. Mas eu não dou bola, quem legitima o artista é o público”, conclui Luciano.


Publicado no jornal Notícias do Dia