quarta-feira, abril 30, 2014

Músico gaúcho Hique Gomez traz a Florianópolis espetáculo "Tãn Tãngo"


As janelas do Theatro São Pedro, de Porto Alegre, onde Hique Gomez estreou “Tãn Tãngo” em 2008, acompanham até hoje o espetáculo onde quer que ele vá através de uma projeção criada pelo artista plástico Cláudio Ramires. Este ano, após a morte do companheiro de “Tangos e Tragédias” Nico Nicolaiewsky – em fevereiro, vítima de leucemia –,“Tãn Tãngo” passou de projeto paralelo de Hique para espetáculo principal, e é com ele que o músico se apresenta em Florianópolis nos dias 10 e 11 de maio, no teatro do CIC (Centro Integrado de Cultura).
Apesar de também trazer tango no nome, Hique faz questão de evidenciar que o espetáculo em nada se assemelha ao clássico que completou 30 anos em 2014. “Nós procuramos fazer com que não tivesse essa proximidade, mesmo porque é impossível produzir algo similar ao ‘Tangos e Tragédias’. Não queremos que o público crie essa expectativa”, enfatiza. Em Florianópolis desde sexta-feira (25), quando participou do show Conversanduo, com os músicos Carlos Ribeiro Junior e Rogério Piva, no Jurerê Jazz Festival, Hique segue com a agenda cheia de novos projetos e se prepara para estrear um novo espetáculo na Virada Cultural paulista, ainda este mês, ao lado da atriz – e também cantora e compositora de tango – Letícia Sabatella.
Já o “Tãn Tãngo”, que Hique conseguiu levar para alguns dos principais teatros do Brasil, entre eles o Ibirapuera, em Curitiba, e para o exterior, também segue firme em turnê. “Não é um espetáculo de tango argentino, é um espetáculo de invenções tangueras, tem bandoneón, bailarinos. Nós lá no Rio Grande do Sul temos essa proximidade com a Argentina, o tango vem com a frente fria”, brinca o músico.
No ano passado, uma homenagem ao amigo Nico foi incluída na apresentação, meses antes de sua morte ou de qualquer pessoa saber de sua doença. “Fiz a homenagem porque foi o Nico quem me aproximou do tango. E ele chegou a assisti-la”, conta.
Junto com Hique sobem ao palco no “Tãn Tãngo” o músico Carlitos Magallanes no bandoneón, a pianista Dunia Elias, o baixista Éverson Vargas e o multi-instrumentista Filipe Lua na percussão. Cada música é apresentada com uma projeção diferente ao fundo, criada especialmente para ela.

Sbórnia para sempre
Para comemorar os 30 anos de “Tangos e Tragédias”, Nico Nicolaiewsky e Hique Gomez planejavam o lançamento de um livro e do filme “Até que a sbórnia nos separe”, com as histórias do espetáculo. O filme, um longa-metragem de animação, estreou já no ano passado no Festival de Cinema de Gramado, onde foi premiado, já passou por outros festivais internacionais e ainda este ano deve ter uma estreia oficial para o grande público. O longa é dirigido pelo gaúcho Otto Guerra e pelo o carioca Ennio Torresan Jr, animador do estúdio hollyoodiano da Dreamworks.
Já o livro, de acordo com Hique, ainda não é uma realidade tão próxima e será encaminhado de uma maneira diferente da pensada inicialmente. A obra deverá contar a história da dupla desde que a parceria começou. “A primeira vez que nós nos encontramos e tocamos juntos inclusive foi aqui em Florianópolis, na praia da Armação”, relembra o músico.

segunda-feira, abril 28, 2014

Cineasta carioca Cavi Borges é o homenageado do FAM 2014


A aproximação de Cavi Borges com o cinema carrega semelhanças com a história do início da carreira de Quentin Tarantino, só que é ainda mais curiosa. Assim como o cineasta americano, Cavi deu seus primeiros passos no universo da sétima arte atrás do balcão de uma videolocadora, que apesar de ter se tornado muito cool com o passar dos anos, começou apenas com filmes de lutas. Isso porque ele foi obrigado a largar a promissora carreira de judoca após quebrar a costela, e precisou de outra fonte de renda. Agora, 17 anos após ter aberto as portas da Cavídeo, o cineasta carioca vem a Florianópolis como homenageado do FAM (Florianópolis Audiovisual Mercosul), mostra de filmes que segue até dia 30 de maio na Capital.
“Eu vou ao FAM desde o meu primeiro filme, o evento sempre foi muito próximo de mim. Fiquei surpreso quando soube que eu seria o homenageado dessa edição, porque normalmente são cineastas mais velhos”, admite Cavi. Em partes ele tem razão, afinal tem apenas 37 anos, mas a idade é incompatível com o número de filmes que já traz no currículo.
O cineasta participa do evento na Capital em meio a uma série de viagens a festivais internacionais onde está sendo exibido seu trabalho mais recente como diretor, o documentário “Cidade de Deus – 10 anos depois”, que mostra o que mudou na vida dos atores desde a produção do longa, em 2002. “Muitos deles nunca tinham atuado antes, então o filme mostra como uma obra pode mudar a vida de uma pessoa”, explica. O trabalho também será exibido durante o FAM.
Com cinco longas e 22 curtas assinados como diretor e mais de 100 na produção, Cavi deve toda a sua carreira àquela ideia inicialmente maluca de abrir uma videolocadora voltada para filmes de luta. Como estava localizada em uma área do Rio de Janeiro onde viviam muitos artistas, aos poucos ela foi virando um point cult, com filmes clássicos e alternativos, muito frequentado por cineastas e atores – e aspirantes a ambas as profissões. Foram eles que levaram o jovem proprietário para trás das câmeras e que o influenciaram a estudar e pesquisar sobre o tema. Mas Cavídeo – que hoje também é produtora – segue firme e forte.

Nas telinhas e telonas
A história da videolocadora inspirou um dos primeiros trabalhos que deram grande visibilidade a Cavi. Em 2008, uma operadora de celular que havia acabado de lançar uma rede de TV móvel convidou o cineasta para produzir uma série para ser assistida apenas pelo aparelho. Assim surgiu "Mateus, o balconista", protagonizado pelo ator Mateus Solano – antes da fama. A série fez tanto sucesso que chegou a ir para a televisão e virou até filme. “Eu não esperava tanta repercussão, completamos um ciclo transmídia, com celular, TV e cinema”, observa.
Ao longo da carreira, Cavi sempre alternou suas produções entre ficção e documentário, mas não consegue definir o que lhe dá mais prazer. “Uma coisa está inserida na outra. Agora estou num momento mais documentário, mas sou apaixonado por cinema, não importa se é curta, longa ou documentário, o importante é conseguir viver de cinema, que é algo muito difícil”.
 A aproximação de Cavi Borges com o cinema carrega semelhanças com a história do início da carreira de Quentin Tarantino, só que é ainda mais curiosa. Assim como o cineasta americano, Cavi deu seus primeiros passos no universo da sétima arte atrás do balcão de uma videolocadora, que apesar de ter se tornado muito cool com o passar dos anos, começou apenas com filmes de lutas. Isso porque ele foi obrigado a largar a promissora carreira de judoca após quebrar a costela, e precisou de outra fonte de renda. Agora, 17 anos após ter aberto as portas da Cavídeo, o cineasta carioca vem a Florianópolis como homenageado do FAM (Florianópolis Audiovisual Mercosul), mostra de filmes que segue até dia 30 de maio na Capital.
“Eu vou ao FAM desde o meu primeiro filme, o evento sempre foi muito próximo de mim. Fiquei surpreso quando soube que eu seria o homenageado dessa edição, porque normalmente são cineastas mais velhos”, admite Cavi. Em partes ele tem razão, afinal tem apenas 37 anos, mas a idade é incompatível com o número de filmes que já traz no currículo.
O cineasta participa do evento na Capital em meio a uma série de viagens a festivais internacionais onde está sendo exibido seu trabalho mais recente como diretor, o documentário “Cidade de Deus – 10 anos depois”, que mostra o que mudou na vida dos atores desde a produção do longa, em 2002. “Muitos deles nunca tinham atuado antes, então o filme mostra como uma obra pode mudar a vida de uma pessoa”, explica. O trabalho também será exibido durante o FAM.
Com cinco longas e 22 curtas assinados como diretor e mais de 100 na produção, Cavi deve toda a sua carreira àquela ideia inicialmente maluca de abrir uma videolocadora voltada para filmes de luta. Como estava localizada em uma área do Rio de Janeiro onde viviam muitos artistas, aos poucos ela foi virando um point cult, com filmes clássicos e alternativos, muito frequentado por cineastas e atores – e aspirantes a ambas as profissões. Foram eles que levaram o jovem proprietário para trás das câmeras e que o influenciaram a estudar e pesquisar sobre o tema. Mas Cavídeo – que hoje também é produtora – segue firme e forte.

Nas telinhas e telonas
A história da videolocadora inspirou um dos primeiros trabalhos que deram grande visibilidade a Cavi. Em 2008, uma operadora de celular que havia acabado de lançar uma rede de TV móvel convidou o cineasta para produzir uma série para ser assistida apenas pelo aparelho. Assim surgiu "Mateus, o balconista", protagonizado pelo ator Mateus Solano – antes da fama. A série fez tanto sucesso que chegou a ir para a televisão e virou até filme. “Eu não esperava tanta repercussão, completamos um ciclo transmídia, com celular, TV e cinema”, observa.
Ao longo da carreira, Cavi sempre alternou suas produções entre ficção e documentário, mas não consegue definir o que lhe dá mais prazer. “Uma coisa está inserida na outra. Agora estou num momento mais documentário, mas sou apaixonado por cinema, não importa se é curta, longa ou documentário, o importante é conseguir viver de cinema, que é algo muito difícil”.

sexta-feira, abril 25, 2014

Jurerê Jazz Festival abre programação com Avishai Cohen Trio


Com 11 dias de duração e um total de 17 grupos e artistas locais, nacionais e internacionais, o 4° Jurerê Jazz Festival abre hoje sua programação com apresentação dos israelenses do Avishai Cohen Trio, no teatro Governador Pero Ivo. Até 4 de maio, músicos do Brasil, Israel, França, Bélgica, Estados Unidos, Colômbia e Chile  se espalham por diversos espaços de Florianópolis com shows gratuitos e pagos, além de oficinas musicais.
Atração mais esperada da edição deste ano, o baixista Avishai Cohen sobe ao palco já no primeiro dia do evento acompanhado do pianista Nitai Hershkovits e do baterista Daniel Dor. Considerado um dos mais ativos compositores e baixistas de jazz da atualidade, Cohen, que já tem um público fiel no Brasil conquistado nas outras ocasiões em que veio se apresentar no país, começou a se envolver com a música instrumental ainda na infância, sentado em frente a um piano. “Eu toquei primeiro o piano, mas fui inspirado pelo (baixista) Jaco Pastorius quando ouvi sua música pela primeira vez e acabei escolhendo o baixo elétrico. Aos 14 comecei a estudar e aprender contrabaixo”, disse o músico por e-mail.
Para ele, apesar de o Brasil revelar ao resto do mundo uma enorme aptidão para outros ritmos, o jazz está conquistando cada vez mais seu espaço e seu público por aqui. “Quando eu vim para o Brasil pela primeira vez já senti a música no ar, inclusive o jazz. Minha primeira experiência no país foi há muitos anos e eu sempre quero voltar”, garante. No ponto de vista do baixista, o estilo está se popularizando rapidamente não apenas por aqui, mas pelo mundo todo. “Os músicos de jazz são cada vez mais jovens, e os jovens hoje são mais abertos e têm mais acesso à música pela internet. O jazz hoje é para todos”.
Em suas composições, Cohen costuma misturar ao jazz referências totalmente opostas, e jura que o Brasil é uma das fontes de tanta inspiração. “Músicos brasileiros sempre foram uma grande influência na minha música e na de muitos outros pelo mundo. Minha música vem de vários lugares. É afro-caribenha, ocidental, oriental, e recentemente também fiquei atraído por música folk israelense. Meus pais são grandes influências para mim e esses sons também”.

Festival de misturas

Além de Avishai Cohen, outro grande destaque desta edição do Jurerê Jazz Festival é o Trio Corrente, grupo do baterista catarinense Edu Ribeiro, ganhador do Grammy de melhor álbum de jazz latino por “Song for Maura”, ao lado do clarinetista e saxofonista cubano Paquito D'Rivera. A apresentação de Lenine com a Camerata Florianópolis e as bandas Hurtmold e Brass Groove Brasil também figuram entre as atrações mais aguardadas.
A programação do festival tem Jurerê Internacional como palco principal, com shows no Il Campanário Villagio Resort e no Jurerê Open Shopping. Os dois principais teatros da cidade, o Ademir Rosa, no CIC (Centro Integrado de Cultura) e Pedro Ivo, na SC 401, também recebem parte da programação.
Para democratizar o acesso, o evento terá palcos também em frente à Catedral Metropolitana de Florianópolis e no Terminal Integrado do Centro (TICEN). A programação popular, que acontece no dia 30 de abril, está inserida no International Jazz Day, iniciativa global da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) para celebrar o jazz com ferramenta educacional e força para a paz, unidade, diálogo e cooperação entre as pessoas.

Publicado no jornal Notícias do Dia

quarta-feira, abril 23, 2014

Erasmo Carlos faz pré-estreia de novo álbum com show em Florianópolis


Os mais de 50 anos de carreira de Erasmo Carlos jamais permitiram que o medo do novo pusesse em risco seu posto de ídolo do rock’n’roll brasileiro para várias gerações. “Gigante Gentil”, o novo trabalho do cantor, que chega às lojas no final de abril, é mais uma prova de que é possível se reinventar e inovar mesmo já tendo outros 27 discos nas costas. No próximo dia 25, Florianópolis recebe o primeiro show com as novas músicas, um pré-lançamento já no formato oficial, que depois segue para Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro.
Desde 1962, quando Erasmo Carlos lançou seu primeiro disco, os intervalos entre as produções sempre foram breves e jamais ultrapassaram quatro anos. E quem ganha com tanta vontade e inspiração é o público.  “É só concretizar a sua imaginação. Eu sou muito imaginativo, tem gente que fica com medo dela, por questões morais, mas a imaginação não pode ter freios. É natural descobrir temas novos”, diz o cantor sobre o processo criativo que envolve o novo trabalho.
Após o lançamento de “Rock’n’Roll” (2009) e “Sexo” (2011), dois grandes sucessos de público e crítica, “Gigante Gentil” chega em um outro contexto, que nada tem a ver com drogas, se era o que os fãs esperavam. “Isso não faz mais parte da minha realidade, já passou. Esse negócio de ‘sexo, drogas e rock’n’roll’ era coisa dos Rolling Stones na década de 1960. Para mim esse disco seria o amor. O amor é a coisa mais importante do mundo”, rebate.
Muito das novas ideias de Erasmo traduzidas no álbum partiram de uma parceria essencial com o produtor Kassin. “Eu já acompanhava o trabalho do Kassin, o novo sempre me fascina, não quero fazer o que todos esperam que eu faça. Então chamei o Luiz Carlini, Smokey Hormel (guitarristas), e juntamos tudo para ver no que ia dar”.
E a cooperação não parou por aí: há ainda uma balada feita com Arnaldo Antunes (“Manhãs de love”), uma música escrita por Nelson Motta (“Amor na rede”) e uma parceria com Caetano Veloso (“Sentimentos complicados”). “Eu mandei um e-mail convidando o Caetano, e por incrível que pareça até então nunca havíamos feito nada juntos. Já com o Arnaldo eu repeti a parceria”.

Protegendo ele mesmo
Depois de chamar atenção com a ilustração da capa de “Sexo”, o designer Fernando Leite foi mais uma vez incumbido de dar a identidade visual à “Gigante Gentil”, seguindo a ideia do próprio Erasmo. “A capa tem a ver com a música “Gigante Gentil”, um apelido que ganhei da Lucinha Turnbull nos anos 1980. Criei um e-mail com esse apelido e quando comecei a trabalhar com internet me assustei com os comentários que as pessoas faziam de mim, sobre eu estar velho, que se eu abrisse os braços Deus me puxava, e na época fiquei indignado. Então a capa é o Erasmo protegendo o Erasmo”, explica.
Agora o cantor divide a empolgação do novo disco com a pré-produção do filme inspirado em sua autobiografia “Minha Fama de Mau”, que deve ser lançado em 2015, quando a Jovem Guarda comemora 50 anos. “O (ator) Mateus Solano está com o roteiro para me interpretar, mas ainda não deu a resposta”, diz.

Show na Ilha
É só depois de passar pelo público catarinense, na ACM (Associação Catarinense de Medicina), que o show de “Gigante Gentil” ganhará os palcos de outras cidades brasileiras, inclusive o Rio de Janeiro, terra de Erasmo. E segundo ele, o formato oficial já será apresentado por aqui. “O show em Florianópolis já vai ser com tudo pronto. Serão cinco músicas novas, troquei algumas do show antigo e agora vou cantar também ‘A Carta’”, adianta.

Publicado no jornal Notícias do Dia

segunda-feira, abril 21, 2014

Ilustrador Will Costa expõe retratos de estrelas da música, televisão e cinema


Aos 14 anos, após entregar para Hebe Camargo um retrato que havia desenhado dela e receber de volta um sincero elogio, o ilustrador Willian Costa começou a se convencer de que talvez tivesse mesmo todo aquele talento que os amigos e familiares viviam insistindo que ele tinha. Mas nem por isso ele levou a sério o ofício. Só agora, aos 32 anos, meses depois de ter finalmente largado tudo para encarar o desenho como profissão, ele faz sua primeira exposição. A mostra, aberta à visitação até 11 maio no Floripa Shopping, traz desenhos ultracoloridos de estrelas da música, do cinema e da televisão, feitos a lápis de cor e digitalizados.
Apesar de garantir que gosta de todos os artistas que retrata, Will, como é conhecido, destaca como favoritos os desenhos da atriz Lupita Nyong’o e dos ídolos pop Madonna, Cindy Lauper e Michael Jackson. “Gosto de alguns mais do que de outros, tipo a Lupita, um desenho que utilizei uma cor que nunca havia usado antes. Para escolher os artistas às vezes também faço enquetes na minha página no Facebook e as pessoas ajudam a decidir”, explica.
Sandy, Xuxa, Ivete Sangalo, a cantora Clarice Falcão e o humorista Paulo Gustavo foram alguns dos nomes retratados por Will que receberam das mãos do artista seus quadros e posam sorridentes em fotografias ao lado de seus rostos desenhados. Para ele, um grande sonho seria entregar o retrato de Cindy Lauper à cantora, retratada com sua fisionomia clássica dos anos 1980.
Apesar de desenhar desde muito cedo, foi no ano passado, após criar sua página para mostrar os desenhos que fazia como hobby, que Will passou a ter a segurança necessária para encará-lo como profissão. Antes disso, prestou vestibular para arquitetura, trabalhou em lojas, formou uma banda, fez cursos de turismo e línguas, morou em Londres e entrou na faculdade de publicidade e propaganda.
“Todo mundo fala que eu demorei muito para fazer isso, mas foi só tendo contato com outros desenhistas pela internet que eu percebi que estava influenciando gerações mais novas e passei a me intitular como ilustrador”, conclui.

Apoio de casa
Hoje, além de retratar estrelas pop, Will também faz trabalhos sob encomenda. Já atendeu pedidos de fãs de cantoras que queriam desenhos exclusivos, já retratou pessoas comuns que queriam desenhos seus inspirados nos dos artistas e desenhou até noivos. “Quando eu ainda não encarava o desenho como profissão as pessoas me pediam para fazer e eu não sabia nem como cobrar, fiz muita coisa de graça. Depois meu pai foi me ajudando nessa questão”, lembra o ilustrador, que agora vende seus quadros expostos por R$400.
A família, aliás, é uma das principais incentivadoras – e divulgadoras – do trabalho de Will. “Meu pai costumava levar para o trabalho a pasta que eu guardava os desenhos para mostrar aos colegas. Quando ele e minha mãe viram a exposição pronta, seus olhos brilharam”.
Por enquanto ele não tem nenhum plano concreto de levar a mostra para outras cidades, mas desde que ela abriu, no último dia 15, ele tem recebido pedidos de admiradores de várias partes do país para circular com seu trabalho. “Gostaria de levar para o interior do Estado, mas principalmente para São Paulo, um lugar onde as pessoas consomem muita arte”, projeta.

Publicado no jornal Notícias do Dia

terça-feira, abril 08, 2014

Uruguaio Gabriel Calderón acompanha segunda peça de sua autoria montada em Florianópolis


As andanças do dramaturgo uruguaio Gabriel Calderón por Florianópolis começaram em 2008, depois que a atriz Milena Moraes leu a peça “Mi Muñequita” e ficou encantada com texto do autor, que na época tinha seus 20 e poucos anos. A convite dela, o diretor Renato Turnes entrou em cena e, com a verba de um extinto edital da prefeitura, tirou a montagem do papel. “Mi Muñequita” acabou circulando até meados de 2012 em várias cidades brasileiras e também no Uruguai. Agora, dois anos depois de encerradas as apresentações do espetáculo, Calderón está de volta à Capital onde acompanha a temporada de estreia de “UZ”,  outra adaptação de uma das suas peças feita pela Cia La Vaca, formada por Turnes e Milena.
Mesmo sem ter se envolvido diretamente com grupos locais, a não ser com o trabalho da dupla, a experiência por aqui já mostrou a Calderón as gritantes diferenças entre a produção catarinense e a uruguaia.
“Não consegui acompanhar a produção teatral em Santa Catarina, mas minha primeira visão é de que há um sistema bastante desorganizado, mas em contrapartida, há gente muito talentosa, atores de qualidade e um núcleo de criadores que trabalha havendo ou não verba para isso”, observa. Um dos momentos que impressionaram o autor, inclusive, foi a fala de uma servidora da FCC (Fundação Catarinense de Cultura), que faz parte do movimento grevista, durante a pré-estreia de “UZ”. Outra questão bastante evidente diz respeito ao próprio público. “Lá as pessoas tem muito mais essa cultura de ir ao teatro”.
Mas se pode parecer surpreendente um autor – que também dirige e atua – de 31 anos ter mais de uma dúzia de peças de sucesso no currículo, há 10 anos a situação no Uruguai era totalmente oposta. “Não havia ninguém com menos de 30 anos e um ou outro com menos de 40. Com o governo de esquerda essa tradição se rompeu e hoje temos jovens de 18 anos começando a escrever. Eles podem ainda não ser muito bons, mas são melhores do que aqueles antigos que predominavam”.

O importante é fazer
A segunda parceria entre Milena, Renato e Calderón surgiu de maneira mais natural, embora menos arrebatadora, pelo menos para a atriz. Se “Mi Muñequita” havia conquistado a dupla de primeira, com “UZ” não foi bem assim. “Logo depois de “Mi Muñequita” ele disse que tinha uma peça que iríamos amar, mas quando li não tive a mesma reação, depois é que fui me acostumando e entendendo melhor”, conta a atriz. “O texto toca em pontos que já estavam presentes em “Mi Muñequita”, mas em termos estruturais é bem diferente. É mais linear e tradicional”, completa Turnes.
O autor deu total liberdade para o diretor fazer as alterações e se divertir com a montagem, e foi exatamente o que ele fez. Além de alongá-lo em alguns minutos, Turnes adaptou determinadas questões para que ficassem o mais próximas da realidade do Brasil atual e acabou promovendo uma reflexão sobre o papel da religião na política do país.
“O resultado foi um redescobrimento do que eu escrevi, até os personagens se tornam diferentes. Mas se for para fazer jeito que eu quero, eu mesmo vou lá e faço. O texto é apenas mais um elemento, o importante é que se faça teatro”, conclui  autor.

Publicado no jornal Notícias do Dia