quarta-feira, março 11, 2015

Coletânea reúne versões de músicas de países que têm o espanhol como idioma regravadas por artistas brasileiros

Tentado a provocar os brasileiros que têm a tendência de achar que música cantada em espanhol é necessariamente um bolero choroso e melodramático, o jornalista de Florianópolis Leonardo Vinhas foi atrás de músicos brasileiros para provar que o som de países hispanohablantes vai muito além. Em parceria com o site Scream & Yell, ele é o responsável pela direção artística da coletânea em que 16 bandas regravam versões de canções de artistas da Argentina, Chile, Uruguai, Cuba, Colômbia e Espanha, apresentando um recorte do vasto universo cancioneiro dos países que tem o espanhol como idioma. O tributo “Somos Todos Latinos” será lançado no próximo dia 17.
“Eu comecei a ter contato com esse universo quando, dez anos atrás, fui morar em Foz do Iguaçu, e, transitando pela Tríplice Fronteira, descobri bandas como Babasónicos, Árbol, Aterciopelados, La Vela Puerca e outras. Gente que tinha um trabalho riquíssimo, desafiador, e era mainstream!”, conta Leonardo. “Conforme fui conhecendo mais coisas, via que era um cenário muito próximo ao que encontrava em minha adolescência, com bandas como Chico Science & Nação Zumbi, Raimundos, Mundo Livre S/A. Só que esse espírito de desafio foi ficando mais raro no mainstream brasileiro. Então a grama do vizinho me pareceu, definitivamente, mais verde”, completa.
O interesse pela música cantada em espanhol motivou Leonardo a começar, em 2011, uma coluna chamada “Conexão Latina”, no Scream & Yell, onde colabora desde 2000. E é no próprio site que no próximo dia 17 de março a compilação será disponibilizada para download gratuito.
Entre os artistas participantes estão Nevilton, Bob Shut, Beto Só, Vivian Benford, La Carne, o ex-Barão Vermelho Dé Palmeira e a banda catarinense Cassim e Barbária, todos definidos pelo próprio jornalista. “A escolha levou em conta uma série de critérios, todos subjetivos. Acho que é justo dizer que o primeiro era saber que o selecionado faria um bom trabalho, mesmo que não fosse um artista com o qual eu tivesse uma identificação pessoal. Procurei ainda evitar repetir artistas dos tributos anteriormente lançados pelo site, e o último envolvia o preciosismo de estúdio e o respeito ao registro musical”, explica.


Cada um na sua
De acordo com o jornalista, a prerrogativa era que todos os artistas participantes trouxessem para seu estilo a música que regravariam, com a liberdade para escolher se manteriam a letra no original em espanhol ou se verteriam para o português, e a maioria escolheu a primeira opção.
As canções contempladas vão de obras mais tradicionais de Silvio Rodríguez e Eduardo Mateo até registros contemporâneos de artistas underground, como El Mató a Un Policía Motorizado, Chico Trujillo e Deluxe, passando por roqueiros de grande alcance no mercado latino-americano, como Soda Stereo, La Vela Puerca e Aterciopelados.

“Tive participação na escolha das músicas, mas mais orientando do que definindo. Na verdade, foram três situações distintas: alguns artistas receberam o convite e já disseram na hora qual música queriam gravar. Outros tinham suas dúvidas e ficamos debatendo até chegar a uma opção consensual. Por fim, teve um grupo que pediu que eu desse duas ou três opções para que eles escolhessem uma. Foi um processo divertido, estimulante e bastante rápido”, conclui Leonardo.

Publicado no jornal Notícias do Dia

segunda-feira, março 09, 2015

Rodrigo Garcia Lopes lança o livro “Experiências Extraordinárias”

Ao investir no oposto do que a poesia tem se dedicado a ser nos últimos anos, o poeta, músico e escritor Rodrigo Garcia Lopes apresenta em “Experiências Extraordinárias”, seu novo livro, poemas com a acidez e o humor necessários para que o gênero abandone de vez a suposta banalidade a que foi inserida. Com lançamento marcado para o dia 18 de março em Florianópolis, o livro passeia por críticas refinadas aos rumos da sociedade atual, referências a grandes poetas e os haicais ganharam espaço em uma das quatro seções em que a obra se divide.
 “Já não é o primeiro livro que eu tenho a preocupação de abordar temas contemporâneos, a poesia perdeu o poder de crítica nos últimos anos. No livro “Nômada”, lançado em 2004, já havia temas que tratavam disso, mas é difícil ser crítico sem parecer panfletário ou didático. Como eu sou jornalista, essa proximidade foi legal para abordar alguns temas”, explica o autor.
Organizado em quatro seções, “Experiências Extraordinárias” abre com “Idade Mídia”, com uma série de poemas que exploram com certa dose de humor temas como a banalização da violência e o culto à celebridade e o impacto da globalização e da tecnologia. Em seguida, são recuperados os haicais perdidos do poeta nipo­brasileiro Satori Uso, heterônimo criado por Garcia Lopes. Depois, em “Diálogos”, o autor explora bastidores literários com referências a autores como Drummond, Chandler, Eliot, Oswald, Pessoa, Rimbaud, Graciliano Ramos, Marcial, Leminski e Poe. Por fim, termina com a seção que dá nome ao livro, onde concentra obras que vão do o soneto ao poema lírico.
“A divisão é uma maneira de organizar o caos, dar uma certa coerência a cada questão. Sempre trabalho dessa forma e se tornou uma prática, todos os meus livros são organizados em seções em que agrupo os poemas”, explica o autor.

Dedicação exclusiva
Escrito ao longo de 2014 graças a uma bolsa do programa Petrobras Cultural que Rodrigo Garcia Lopes conquistou em 2012, “Experiências Extraordinárias” é o segundo livro poemas que o autor lança após o romance policial “O Trovador”, sua primeira obra do gênero, que chegou ao público pela editora Record em 2014.

“Fiquei nove anos me dedicando ao romance, era muito complexo, foi um processo lento e a produção de poesia ficou lenta também. Mas depois que ele foi lançado já saíram dois livros de poesia”, conta o autor, que pôde se concentrar na produção de “Experiências Extraordinárias”, com muito mais conforto.

Publicado no jornal Notícias do Dia 

quarta-feira, março 04, 2015

Artista plástico Luciano Martins celebra 15 anos de carreira com exposição em Florianópolis

Uma retrospectiva que percorre os 15 anos de trajetória do artista plástico Luciano Martins vai colorir as paredes do espaço Lindolf Bell, no CIC (Centro Integrado de Cultura), a partir da próxima quinta-feira. A mostra, organizada para celebrar o aniversário da primeira pintura do artista, vai espalhar em um dos principais espaços artísticos de Florianópolis 48 trabalhos que mostram as diferentes fases de seus traços. Da época em que ainda dividia as tintas e pinceis com o trabalho como publicitário até os dias de hoje, com sua arte estampando mais de mil produtos de diferentes marcas, a coleção traça um paralelo cronológico em toda sua carreira.
E para que o retrospecto pudesse ilustrar com fidelidade cada um desses 15 anos, Luciano teve trabalho: ligou para dezenas de compradores de seus quadros e pediu que eles fossem cedidos para o período da exposição. Mas o artista garante que o único problema em alguns casos foi mesmo a logística. “Depois que você vende uma obra para alguém, cria um vínculo, uma amizade, diferente de vender uma mesa, então as pessoas foram bem receptivas. Como muitos quadros estão fora do Estado, a logística foi complicada, um quadro não pôde vir dos Estados Unidos por causa do seguro”, justifica.
Natural de Porto Alegre, onde trabalhava como publicitário e já se arriscava no mundo artístico, Luciano fez sua primeira pintura já em Florianópolis, e guarda ela até hoje. “Ninguém queria comprar, então eu guardei para mim. Anos mais tarde até se interessaram, mas não eu quis mais vender”, conta o artista. E é por meio desse primeiro exemplar que fica possível se ter uma clara ideia da mudança de estilo em suas obras. “Elas tinham um ar mais melancólico, que não tinha a ver com a cidade, com a minha vida, com as minhas filhas que tinham nascido. Mas as cores já existiam e os personagens também”, destaca.

Popularização e críticas
Cores, sorrisos, elementos “fofos”, referências pop e reproduções divertidas de clássicos da pintura mundial foram se tornando características onipresentes na obra de Luciano, e que não demoraram a chamar atenção de empresários. Há cerca de oito anos, no mesmo período em que largou de vez a publicidade para se dedicar exclusivamente à pintura, surgiu o primeiro convite para criar uma coleção para uma grande marca de nível nacional. Desde então, seu trabalho passou a estampar almofadas, canecas, camisetas, chinelos, malas, capinhas de celular, potes de pipoca, embalagens de chocolate, cadernos e uma série de outros objetos, voltados principalmente para o público infantil e adolescente. Para administrar isso tudo, Luciano criou uma empresa especialmente para os licenciamentos, com apoio de um escritório de advocacia.
Mas a reprodução de seus traços coloridos espalhados pelas prateleiras de lojas de diversos gêneros acabou não agradando a quem é avesso a esse tipo de popularização, e há quem sequer considere arte. Pontos de vista que nem de longe abalam o artista. “Tenho uma boa relação com as críticas porque eu recebo muito mais elogios, ninguém me critica diretamente. Sei que existe um desconforto em determinadas áreas culturais, que eu acho que estão atrasadas. Mas eu não dou bola, quem legitima o artista é o público”, conclui Luciano.


Publicado no jornal Notícias do Dia