Dos 36 anos
de carreira da cantora e compositora carioca Fátima Guedes, 26 deles em algum
momento contaram com a parceria do pianista Rafael Vernet. E é ao seu lado que
nesta semana ela desembarca em Santa Catarina para uma turnê em cinco cidades do
Estado pela Rede Sesc de Teatros. A primeira parada é amanhã, no Sesc Prainha,
em Florianópolis, e em seguida a dupla segue para Joinville (21/1), Jaraguá do
Sul (22/1), Lages (24/1) e Chapecó (25/1). Todas as apresentações têm ingressos
gratuitos, distribuídos nas centrais de atendimento.
Intitulado “Dois Corações”, mesmo nome da música
composta na década de 1990, em parceria com Djavan, o espetáculo terá ares
intimistas e contará com um repertório amplo de músicas de sua autoria, novas e
antigas, além de canções de outros artistas. “O repertório terá músicas minhas
mais antigas, como “Absinto”, “Lápis de Cor” e “Cheiro de Mato”, além de coisas
novas e duas músicas de Tom Jobim. Também pode haver algum Baden, Guinha, será
um show muito agradável”, destaca a cantora. “Será mais informal porque apesar
de ser piano e voz, que é algo muito elegante, há uma grande interação com a
plateia e cantamos juntos também. Em algum momento devo pegar o violão para
tocar uma ou outra música, mas é essencialmente piano e voz”, completa.
Sem lançar discos desde 2006, momento em que se
dedicou a gravar músicas esquecidas de Tom Jobim, Fátima garante que este ano
deve entrar em estúdio e romper com o jejum de nove anos sem um novo álbum. Ao
todo, desde 1979, a cantora já lançou 11 discos, parte deles com canções de sua
autoria e outros em parceria com grandes nomes da música brasileira.
No piano, Rafael Vernet, que tem formação clássica e
já trabalhou com nomes como Chico Buarque, Hermeto Pascoal, Ed Motta, Hélio
Delmiro e Toninho Horta, também apresenta no espetáculo dois solos de sua
autoria.
Música
para pensar
Acostumada a escrever e cantar sobre os sentimentos
da alma feminina, Fátima admite que tem ouvido pouco a produção de artistas da
nova geração da música brasileira, e não destaca nenhum nome em especial,
principalmente porque ninguém conheceria. “De me chamar atenção não tem muita
coisa nova na música brasileira hoje. Os mais criativos não estão na grande
mídia, é preciso fazer uma pesquisa para encontrá-los. Não dá para medir a
música pela mídia, se eu falar um nome agora você não vai conhecer”, declara.
Segundo ela, atualmente a música no Brasil vive uma
indefinição em que não se diferencia do que entretenimento. “Na última década
houve uma grande confusão a respeito do que é música e o que é entretenimento e
com 36 anos de carreira eu procuro deixar isso bem claro para o público. Música
é o que te emociona, te faz pensar. Entretenimento é aquilo de pular e dançar. Nós
sobrevivemos pela qualidade”, enfatiza.
Em sua sólida trajetória como compositora, Fátima já
teve a chance de ouvir suas letras na voz de Maria Bethânia, Nana Caymmi,
Simone, Alcione, Beth Carvalho e Ney Matogrosso, personalidades que, segundo
ela, sempre acabam imprimindo um pouco de si nas músicas. “Cada cantor faz uma
releitura muito pessoal da música, é sempre uma surpresa. É um hibrido, ocorre
uma mistura das características de quem está envolvido, de quem escreveu e de
quem está cantando”, conclui.
Publicado no jornal Notícias do Dia