sábado, abril 25, 2015

Prestes a abrir sua extensa programação, Jurerê Jazz Festival trará a Florianópolis turnê de despedida da orquestra cubana Buena Vista Social Club

Em meio a uma longa turnê mundial que marca sua despedida dos palcos após 16 anos de trajetória, a orquestra cubana Buena Vista Social Club desembarca em Florianópolis no mês de maio para se apresentar na 5ª edição do Jurerê Jazz. O festival, que trará ainda nomes como a americana Madeleine Peyrox, o sueco Ulf Wakenius, Trio Corrente e o grupo Christian Brenner Jazz Quintet, abre sua programação na próxima quarta-feira (29) e só encerra no dia 18 de maio, com a apresentação dos cubanos.
Prestigiada por manter viva a música e a cultura de seu país, a Orquestra Buena Vista Social Club é uma evolução do grupo que em 1999 estrelou o filme homônimo, dirigido por Wim Winders, e que conquistou amantes da música no mundo todo.  Assim, a “Adiós Tour” representa uma síntese dos mais de mil shows feitos durante os últimos 16 anos, envolvendo mais de 40 músicos. Durante esse tempo, o grupo se converteu em uma big band em que músicos veteranos e novatos se conectam para celebrar a tradicional música cubana.
Em entrevista por e-mail ao Notícias do Dia, Omara Portuondo, vocalista do grupo, considerada uma verdadeira diva da música cubana, falou sobre o carinho do público, a trajetória e as expectativas da última turnê do grupo.

Sempre houve uma preocupação por parte do grupo em manter os arranjos das músicas apresentadas nos shows o mais original possível?
Sim. Temos um imenso respeito às nossas tradições musicais, por isso fazemos com que as canções soem o mais fieis ao original possível.
É surpreendente para vocês que exista tantos jovens interessados na música tradicional cubana, sobretudo os próprios músicos que atualmente fazem parte da orquestra?
Bom, em nosso país há muito respeito pela cultura e pela música. As pessoas desde muito pequenas começam a tocar algum instrumento. É verdade que a juventude hoje em dia também está influenciada por novos sons e gêneros, mas o que não podemos negar é esse respeito pelas nossas raízes. Os novos integrantes da banda têm esse caráter, eles gostam de outras músicas, mas são muito honestos com o nosso som.
E quem são hoje esses músicos que acompanham o Buena Vista Social Club? Como eles chegaram à orquestra?
Do projeto original seguimos com vários músicos, mas ao longo do caminho foi se somando uma nova geração de excelentes músicos, como o pianista Rolando Luna, Guajirito Mirabal (neto de Guajiro) ou cantores como Carlos Calunga e Idania Valdés. Todos eles trazem uma bela ótima energia ao grupo.
Os ingressos para os concertos do Buena Vista Social Club sempre acabam muito rápido, e aqui em Florianópolis isso não foi diferente, principalmente por ser o último show. Como se sentem ao saber que existe tanta gente no Brasil, e no mundo, interessada na música cubana?
Como você deve imaginar, isso nos enche de orgulho e de muita alegria. A “Adiós Tour” é muito espacial para nós já que é nossa forma de agradecer a todos os que têm nos acompanhado e apoiado durante tantos anos. Para nós é uma honra sermos embaixadores da nossa música, e, sobretudo, que as pessoas nos apoiem com tanto carinho.
Vocês sempre mantiveram o hábito de tocar separados, com outros músicos, em outros projetos, quando estão em Cuba?
Quando estamos em Cuba costumamos sim tocar com outros músicos em outros projetos. Eu sempre que posso me junto aos mais jovens, ou às vezes me convidam para participar de eventos diferentes. Mas também procuramos nos encontrar para tocarmos todos juntos.
Como está agenda de shows da “Adiós Tour”? Vocês estão sempre viajando tanto, conseguem tirar um tempo para ficar em seu país?
Este ano está cheiíssima! Este ano temos um calendário completo de concertos que passa pela Europa, América Latina e Estados Unidos, não podemos nos queixar! E temos que aceitar que estaremos um pouco longe de nossa família e amigos.
Como será o programa do show de despedida aqui em Florianópolis?
É o nosso último show em Florianópolis então será muito especial. Teremos vários vídeos muito emocionantes e faremos uma homenagem muito especial a todos os músicos que já não estão mais conosco. A turnê também será acompanhada pelo disco do Buena Vista Social Club e por um maravilhoso livro, “Passaporte Orquestra Buena Vista Social Club”, onde podem ser encontrados todos os detalhes, histórias e muitas fotos da turnê. Estaremos esperando por vocês!

Extenso e relevante
Consolidado como um dos principais eventos de música do país, ao longo de suas cinco edições o Jurerê Jazz Festival se tornou responsável por dar aos catarinenses a chance de ver de perto nomes como Avishai Cohen, Paquito D’Rivera, Paulinho Moska e um encontro exclusivo entre Lenine e a orquestra Camerata Florianópolis. Este ano, com nove dias a mais de programação, o festival entra em um novo patamar.
O Jurerê Jazz se tornou o festival mais extenso do Brasil, com 20 dias de duração, além de ser um dos mais importantes por sua abrangência e por sua capacidade de trazer ao Brasil músicos de tamanha relevância, como o Buena Vista Social Club, a Madeleine Peyroux e o Ulf Wakenius”, destaca Abel Silva, idealizador do Jurerê Jazz.
E apesar do nome, não é apenas puramente de jazz que vive o festival. Este ano, além das atrações já citadas também passam pelo evento, em diversos pontos da cidade, nomes como a banda carioca Azymuth, que abre a programação na noite de quarta-feira (29) com uma mistura de jazz, samba e bossa nova, o grupo Blues Etílicos, que já entrega seu estilo no próprio nome, e o Mano a Mano Trio, que une ao jazz ritmos como choro e tango.

Atrações locais, como o Rivo Trio, o Floripa Jazz Combo e os músicos Felipe Coelho Leandro Fortes e Luiz Gustavo Zago também ganharam espaço na agenda do evento, a maioria com entrada gratuita. Um dos grandes destaques da programação será protagonizado inclusive por uma banda de Florianópolis. Na próxima quinta-feira (30), quando é comemorado o Dia Internacional do Jazz, a banda Brass Groove Brasil percorrerá a cidade em uma van, das 7h30 à meia-noite, levando jazz para diferentes espaços da cidade, incluindo terminais de ônibus.
Publicado no jornal Notícias do Dia