Ao investir no oposto do que a poesia tem se dedicado a ser
nos últimos anos, o poeta, músico e escritor Rodrigo Garcia Lopes apresenta em
“Experiências Extraordinárias”, seu novo livro, poemas com a acidez e o humor
necessários para que o gênero abandone de vez a suposta banalidade a que foi
inserida. Com lançamento marcado para o dia 18 de março em Florianópolis, o
livro passeia por críticas refinadas aos rumos da sociedade atual, referências
a grandes poetas e os haicais ganharam espaço em uma das quatro seções em que a
obra se divide.
“Já não é o primeiro
livro que eu tenho a preocupação de abordar temas contemporâneos, a poesia
perdeu o poder de crítica nos últimos anos. No livro “Nômada”, lançado em 2004,
já havia temas que tratavam disso, mas é difícil ser crítico sem parecer
panfletário ou didático. Como eu sou jornalista, essa proximidade foi legal
para abordar alguns temas”, explica o autor.
Organizado em quatro seções, “Experiências Extraordinárias”
abre com “Idade Mídia”, com uma série de poemas que exploram com certa dose de
humor temas como a banalização da violência e o culto à celebridade e o impacto
da globalização e da tecnologia. Em seguida, são recuperados os haicais perdidos
do poeta nipobrasileiro Satori Uso, heterônimo criado por Garcia Lopes.
Depois, em “Diálogos”, o autor explora bastidores literários com referências a
autores como Drummond, Chandler, Eliot, Oswald, Pessoa, Rimbaud, Graciliano
Ramos, Marcial, Leminski e Poe. Por fim, termina com a seção que dá nome ao livro,
onde concentra obras que vão do o soneto ao poema lírico.
“A divisão é uma maneira de organizar o caos, dar uma certa
coerência a cada questão. Sempre trabalho dessa forma e se tornou uma prática,
todos os meus livros são organizados em seções em que agrupo os poemas”,
explica o autor.
Dedicação exclusiva
Escrito ao longo de 2014 graças a uma bolsa do programa
Petrobras Cultural que Rodrigo Garcia Lopes conquistou em 2012, “Experiências
Extraordinárias” é o segundo livro poemas que o autor lança após o romance
policial “O Trovador”, sua primeira obra do gênero, que chegou ao público pela
editora Record em 2014.
“Fiquei nove anos me dedicando ao romance, era muito
complexo, foi um processo lento e a produção de poesia ficou lenta também. Mas
depois que ele foi lançado já saíram dois livros de poesia”, conta o autor, que
pôde se concentrar na produção de “Experiências Extraordinárias”, com muito
mais conforto.
Publicado no jornal Notícias do Dia