sexta-feira, maio 04, 2012

Especialista em RH analisa exposição nas redes sociais

Dê uma olhada nos seus posts no Twitter ou no Facebook. Se você trabalhasse no setor de recursos humanos de uma empresa, você contrataria alguém com o seu perfil? Veja como os recrutadores estão usando as redes sociais para selecionar candidatos. 
No Brasil, vasculhar as redes sociais dos candidatos não é uma prática ainda tão corriqueira, mas, nos Estados Unidos ela já é comum. Um estudo feito pela empresa americana Bull Horn Reach, mostra que por lá o LinkedIn, site focado em networking e currículo online, é uma das principais fontes de busca por profissionais. Segundo a pesquisa, 48% dos recrutadores que usam a internet para realizar seu trabalho utilizam o LinkedIn, enquanto apenas 1% faz a busca pelo Facebook e 1% no Twitter. Já a adesão das três redes juntas é utilizada por 21% deles. 
A professora Maria Clara de Jonas Bastos, especialista em Psicologia Organizacional e do Trabalho e mestre em Psicologia Social e da Personalidade, explica que a rede social não deve ser utilizada para aprovar ou reprovar, e sim para ajudar na escolha dos candidatos.
 De acordo com a especialista, não é para todo o tipo de vaga que isso efetivamente funciona. “O recrutador normalmente não procura candidatos de nível operacional nas redes sociais, ele não vai ter esse perfil na internet. Depende do ramo da empresa e da complexidade do cargo”, explica. A análise de comportamento, segundo ela, ocorre para cargos que vãoi representar a empresa, quando muitas vezes sua imagem é associada a ela.

E a privacidade? 

Nos Estados Unidos a tendência de pesquisar os nomes dos candidatos ultrapassou as barreiras da simples “varredura”. Segundo informações da agência de notícias Associated Press, que repercutiram em dezenas de publicações no mês de março, algumas empresas de Nova York chegaram a pedir o login e a senha de redes sociais dos candidatos para descobrir detalhes de sua vida em conteúdos restritos.
Para a professora Maria Clara, ir além do que o candidato está disposto a permitir não é a conduta que se espera de uma empresa idônea. “Um profissional de recursos humanos capacitado, que conhece outros instrumentos de seleção, não precisa fazer isso”, afirma.
Fabricio Bortoluzzi, professor dos cursos de Ciência da Computação e Tecnologia em Sistemas para a Internet da Univali, diz que sob nenhuma hipótese é sensato ceder a credencial de acesso aos seus perfis para outras pessoas. Ele acredita que redes específicas para contatos profissionais, como o LinkedIn, podem ser muito positivas na busca de emprego, porém, outras redes podem até fazer o efeito contrário, dependendo do seu uso.
“As redes sociais tradicionais, como o Facebook, podem jogar contra em alguns poucos casos, como quando o candidato demonstra hábitos incompatíveis com a cultura da empresa contratante”, salienta o professor.
As redes sociais são um poderoso raio-x de sua conduta. A especialista em RH, lembra que é importante as pessoas se preocupem desde cedo com aquilo que disponibilizam na internet, e não apenas quando forem profissionais em busca de colocação no mercado de trabalho. “Oconteúdo publicado pode ser resgatado depois. Na rede social, o que você lançou está lançado, você não pode se arrepender, está aí para o mundo”.

Fique atento

Maria Clara dá algumas dicas que podem ajudar você a repensar suas atitudes no mundo virtual:
- Atualizações frequentes no Twitter contando que você bebeu na festa de ontem e nem lembra como voltou pra casa, não chega a ser caso de eliminação do processo de entrevista, mesmo porque há outras formas de seleção, mas é um bom motivo para uma maior investigação.
- O ramo de atividade da empresa que você gostaria de trabalhar, a cultura dela, seus valores e normas, devem ser levados em consideração e ir ao encontro com as aspirações, objetivos e valores que você possui. E isso pode se refletir no conteúdo de suas redes sociais.
- Antes de postar qualquer coisa, pare e pense. Não seja impulsivo. É importante saber avaliar o que publica e ter consciência do preço a se pagar.
- Adicionar no Facebook um profissional influente da empresa que você gostaria de trabalhar pode até ser válido se ele estiver aberto a se relacionar com outros profissionais. Cabe a ele aceitar ou não a solicitação de amizade enviada ao seu perfil. Lembre-se que suas postagens chegarão até ele e isso pode criar julgamentos.

Já é possível “limpar” o nome na rede

Desde 2006, a empresa americana reputation.com se empenha em melhorar o nome de seus clientes na internet. O site não elimina as informações negativas do usuário, mas avisa toda vez que seu nome é mencionado em alguma página e melhora o ranking que as informações a seu respeito são disponibilizadas na web.
Informações positivas, como um portfólio, textos de sua autoria ou algum trabalho acadêmico publicado, ficam nas primeiras posições. Já aquelas informações não tão boas, como uma discussão desagradável em algum fórum na internet e até uma foto embaraçosa de uma festa de anos atrás, caem de posição.
O Reputation Defender, principal serviço do site, é pago, mas fazendo apenas um cadastro no site já é possível saber como anda a sua reputação e encontrar os melhores resultados sobre você na internet.

Por Juliete Lunkes