segunda-feira, abril 20, 2015

Comparada à Billie Holiday, cantora americana faz show no Festival Jurerê Jazz

Ela tem nome e sobrenome francês e seus primeiros palcos foram as charmosas e iluminadas ruas de Paris. Apesar disso, Madeleine Peyroux é americana de nascimento e criação, natural de Athens, cidade do estado da Geórgia, com passagens pela Califórnia e Nova York. Dona de uma voz constantemente comparada à de Billie Holiday, a cantora desembarca pela primeira vez em Santa Catarina no dia 18 de maio, para se apresentar em mais uma edição do Jurerê Jazz, que também traz à Florianópolis nomes como a orquestra cubana Buena Vista Social Club.
Filha de uma professora de francês com um americano descendente de franceses da Louisiana, aos 15 anos Madeleine deixou seu país de origem e foi ao encalço da mãe para a cidade da luz. Lá, conheceu artistas de rua e acabou inserida a um grupo de músicos que diariamente se apresentava pelas esquinas menos barulhentas. “Eu ter ido para Paris não foi crédito meu, mas da minha mãe. Ela era apaixonada pela cidade desde muito jovem e quando recebeu uma oferta de emprego lá, nós fomos. Foi onde conheci cantores de rua, larguei a escola e comecei a cantar com eles em frente a um clube de jazz”, lembra.
A voz forte que atingia sem dificuldade o tom de alguns dos principais artistas do gênero logo chamou atenção dos donos do estabelecimento que até então servia apenas de pano de fundo. Depois de serem convidados a se apresentar lá dentro, Madeleine e seu grupo partiram para uma longa turnê por cidades europeias. Na volta, após um período se apresentando sozinha em Paris, uma depressão a fez retornar aos Estados Unidos, em 1995. “Eu achava que iria voltar para a escola, que faria faculdade, não pensei que daria continuidade à carreira da cantora. Então surgiu o convite para gravar. Como não consegui bolsa para estudar, escolhi cantar”, revela.
O primeiro disco veio já no ano seguinte, com algumas composições próprias e interpretações de nomes como Patsy Cline, Bessie Smith e Billie Holiday, com quem até hoje vive sendo comparada. “Não quero que as pessoas venham me ouvir para ouvir a Billie Holiday, eu desenvolvo profundamente a minha voz. Mas às vezes eu concordo que existe uma semelhança, principalmente no começo, nas minhas primeiras gravações”, afirma Madeleine.

Fã da tropicália
Já acostumada a se apresentar em cidade como Rio e São Paulo, Madeleine confessa que em sua primeira passagem pelo Brasil se surpreendeu com o público e com a intensa ligação dos brasileiros com a música. “Na primeira vez em que estive no Brasil me surpreendeu o público ser tão caloroso, mas não fiquei surpresa por gostarem de jazz. Aí as pessoas gostam muito de música, e de música boa. Os brasileiros se tornam músicos naturalmente, não precisam ir à escola para isso”, observa.

Fã de música brasileira, principalmente da tropicália, Madeleine acabou ganhando bastante intimidade com o gênero em suas andanças pelo país e até tentou mergulhar na língua portuguesa, para compreendê-las melhor. “Aprendi algumas coisas do idioma para entender as letras, acho muito importante entendê-las, sobretudo da tropicália. Uma vez um jornalista me deu um disco do Tom Zé e eu traduzi todas as músicas, fiquei impressionada, ele é excelente”, conta a cantora.

Na próxima turnê brasileira, que dessa vez passa por Florianópolis, Madeleine vem com os músicos Jon Herington (guitarra) e Barak Mori (baixo), com quem trabalha há dez anos, e deve apresentar uma série de músicas que ainda não foram agravadas, além de canções do álbum “Keep Me In Your Heart for A While - The Best of Madeleine Peyroux”.