Uma confusão na
impressão do seu nome quando enviava por fax desenhos para editoras americanas
transformou Eduardo Barros em Eddy Barrows. O equívoco, entretanto, veio a
calhar: o brasileiro se tornou reconhecido nos Estados Unidos no mercado de HQs
(histórias em quadrinhos) e hoje ostenta um contrato de exclusividade com a DC
Comics, uma das maiores editoras do gênero do mundo, para quem já emprestou
seus traços a personagens como Superman e Batman. A convite de um grupo de
ilustradores, sócios do Studio 5, Eddy estará amanhã no Senai, em
Florianópolis, onde participará de uma conversa com o público ligado ao
universo dos HQs.
Natural de Belém, no Pará, Eddy atualmente
mora em Belo Horizonte, apesar de há anos prestar trabalhos exclusivos à
editora norte-americana, sonho de adolescência de muitos ilustradores brasileiros
e que ele lembra em detalhes como se tornou realidade. “Eu
trabalhava no jornal ‘Estado de Minas’ quando entrei na DC, conciliei os
trabalhos durante um ano e meio até o momento em que as coisas ficaram pesadas
demais. Tive que fazer uma escolha, e como no jornal eu tinha carteira assinada
e todas as normas de um funcionário, e na DC eu era apenas um freelancer, optei
pelo jornal. Comentei isso com os meus editores na DC e eles pediram um tempo. Depois
de uma semana, eles fizeram uma proposta de ter meus serviços com contrato de
exclusividade. Com essa proposta eu mudei de ideia e assinei com a DC”, conta
Eddy, que segue com exclusividade na editora até 2017.
Atualmente
o trabalho que Eddy está desenvolvendo para a DC chama-se “Martian Manhunter”
(Caçador de Marte) e é feito em parceira com o escritor Britânico Rob Williams.
Juntos, eles estão dando vida nova a um personagem que nunca foi bem sucedido
em uma série própria. “O desafio esta sendo bem agradável, temos uma mescla de
ficção cientifica, suspense, drama e momentos bem engraçados. Creio que os fãs
vão adorar o que estamos fazendo”, acredita o ilustrador.
No Brasil
Por ainda
ter seu trabalho mais comentado lá fora do que no próprio país, Eddy admite a
vontade de expandir seu nome no mercado brasileiro, ficando menos restrito às
conversas de aficionados aos quadrinhos da DC Comics. Mas por enquanto, são só
planos. “Estou trabalhando em etapas. No momento, até 2017 sou exclusivo da DC
e o meu foco será o trabalho da editora, mas tenho meus projetos autorais, que
pretendo lançar nos próximos anos. No momento e só o que posso falar sobre
isso!”.
Para
Eddy, o Brasil está hoje em sua melhor fase de produção de quadrinhos, mas
ainda tem muito a crescer, principalmente no que diz respeito à vontade de
empresários do ramo. “Muita coisa boa tem saído há anos, mas do pessoal
independente. Assim que os empresários da área editorial começarem a investir
pesado, teremos um cenário editorialmente forte no Brasil, já que talento temos
de sobra”, afirma.
Muitos
desses talentos, aliás, assim como Eddy, têm se aventurado no mercado
internacional, especialmente como desenhistas e coloristas. Mas ele já avisa:
para colocar os traços lá fora é preciso dedicação. “Conseguir espaço no
mercado internacional envolve uma series de fatores, como talento, visão de
mercado, ajustar-se ao sistema editorial mais rigoroso e saber trabalhar em
equipe. Ter pelo menos o básico de inglês já ajuda bastante, afinal você terá
que ir a convenções no exterior, terá que falar com os seus fãs ou com os seus
editores”, reitera. “Além disso, minha dica é o treinamento normal de todo o
artista, estudo de anatomia, paisagismo, composição, luz e sombra, desenho de
animais, etc. Uma escola de artes ajuda bastante nesse processo ou vá a minha
palestra no sábado, lá falarei sobre isso e muito mais!”, finaliza Eddy.
Publicado no jornal Notícias do Dia