quinta-feira, novembro 13, 2014

Escritor catarinense Carlos Henrique Schroeder lança hoje em Florianópolis livro “As Fantasias Eletivas”

Inspirado por uma fase de sua própria vida quando ainda era universitário e vivia em Balneário Camboriú, o escritor catarinense Carlos Henrique Schroeder trouxe de volta alguns dos fantasmas do passado para dar vida a um recepcionista noturno de hotel em seu novo livro, “As Fantasias Eletivas”. Com lançamento marcado para hoje na livraria Saraiva do Beiramar Shopping, em Florianópolis, a obra nasceu com a intenção de retratar a solidão de um homem que passa as madrugadas atrás de um balcão de granito verde, mas ganhou outra dimensão quando o travesti Copi surgiu na mente do escritor. A partir daí, a inspiração na vida real ganhou outros contornos e a história passou a ser de Copi e de uma inesperada amizade.
“Eu morei durante 15 anos em Balneário Camboriú e lá trabalhei como recepcionista de hotel no turno da noite. Isso ficou na minha cabeça, eu já tinha inclusive escrito um conto chamado ‘Os Recepcionistas’, que falava sobre os recepcionistas de Balneário Camboriú, então livro surgiu a partir desse conto. Seria um romance que contaria o passado e o presente do personagem Renê, até que surgiu a Copi e tomou conta da história que era para ser sobre a solidão de um recepcionista”, relata Schroeder.
Com chancela da editora Record, ao longo de apenas 112 páginas em formato de bolso, o livro passa superficialmente pelos dilemas de Renê e pela curiosa história de vida de Copi, o que de acordo com o autor, foi totalmente propositado.
“Eu cortei muitas páginas da história, foi intencional deixar bem aberto, assim como é a vida. As pessoas surgem na vida da gente e logo desaparecem e ninguém sabe nada de ninguém, principalmente nessas cidades”, explica.
Depois dos lançamentos em São Paulo, no Rio e em Jaraguá dom Sul, cidade do autor, na noite de hoje Schroeder divide espaço com o amigo Santiago Nazarian, que apresenta em Florianópolis o livro “Biofobia”. A dupla participará de um bate-papo sobre as duas obras.

Um livro dentro do outro
No momento em que o travesti Copi domina a história até então protagonizada por Renê, as páginas de “As Fantasias Eletivas” se abrem para as criações do próprio personagem. Fotografias, pequenos contos e até poemas, que Schroeder garante serem de Copi e não dele, surgem para mostrar ao leitor o que há por trás das cores e da alegria superficial de um travesti. A solidão, as viagens para atender clientes por toda Santa Catarina, a facilidade com as palavras e o que o levou de tão longe para pequena cidade litorânea vêm à tona por meios dos registros de sua própria arte.
“Aquilo é tudo de Copi. Eu tentei dar voz a ela, tanto nas fotografias como nos textos e nos poemas, mesmo porque eu não escrevo poesia, só prosa. É um livro dentro do livro. Quando Copi surgiu na história senti necessidade de colocar isso dentro dele, conversei com alguns travestis para entendê-los, e pegar inclusive o tom de voz, e acabei vendo que apesar de eles serem sempre bem humorados, dentro deles há muita raiva”, constata o escritor.

Publicado no jornal Notícias do Dia.

sábado, novembro 08, 2014

Holger desembarca mais uma vez em Florianópolis neste sábado, dessa vez com novo disco na bagagem

Eles já nem sabem mais o número exato de vezes que desembarcaram em Florianópolis para despejar seu indie rock temperado por ritmos brasileiros nos ouvidos do público ensandecido que sempre lota seus shows, mas deixam claro que nunca é uma viagem qualquer. Quatro dias depois de lançar pela internet seu terceiro disco, os paulistanos do Holger sobem neste sábado ao palco da Célula Showcase para cumprir seu ciclo de pelo menos um show por ano na Ilha – que já dura uns bons seis anos –, agora com 11 faixas a mais, novinhas em folha, para rechear o repertório.
O álbum que vem com o nome da banda chegou para reafirmar uma nova fase, com ritmos um pouco menos acelerados que nos álbuns anteriores, “Sunga” e “Ilhabella”, e referências muito mais claras da música brasileira. O resultado foi um diálogo despretensioso entre a tropicalidade adquirida em seus anos de estrada e as guitarras das bandas que os inspiraram no início da carreira.
“Nos últimos anos teve um boom, muita informação, ouvimos muita coisa, lemos muita coisa, dá esse cansaço na cabeça, então a gente foi atrás de coisas mais palpáveis. As influencias são amplas, desde bandas indie que voltamos a ouvir até uma aproximação maior com a música brasileira. A gente se encontra mais para ouvir do que para fazer música, mas esse disco não foi movido por influências, ele representa o que somos hoje, por isso se chama Holger”, conta o guitarrista Marcelo Altenfelder, o Pata.
A nova fase da banda também tem a ver com a saída do baterista Arthur Britto, que foi estudar nos Estados Unidos. Assim, desde meados de 2014 quem assume as baquetas é Charles Tixier, da banda Charlie e Os Marretas. “O Arthur ganhou uma bolsa em Columbia e precisou priorizar isso, mas o Charlie entrou como uma luva. Ele gravou a maioria das músicas do disco e pegou mesmo nossa energia“, revela Pata.


Caminho encontrado

Enquanto no primeiro EP (“Green Valley”, de 2008) e em “Sunga” (2010) a língua materna de Pata, Bernardo Rolla, Pedro Bruno e Marcelo Vogelaar (o Tché), não teve vez em nenhuma das letras, em “Ilhabella” (2012) o português fez um belo debut em varias faixas, e acabou dominando por completo o novo trabalho. 
“O futuro sempre foi uma página em branco, nunca descartamos cantar em português, assim como agora não descartamos voltar a cantar em inglês. A gente sempre dava a resposta de que português não combina com rock, e durante uma turnê nos Estados Unidos nos pegamos ouvindo só música brasileira, então pensamos por que não? e no ‘Ilhabela’ colocamos a cara a tapa. Ali a gente errou e acertou, mas acho que encontramos um caminho”, reflete Pata.
Segundo ele, até agora, nos poucos shows que já tiveram a oportunidade de tocar as novas músicas, a recepção do público tem sido positiva. “A gente se diverte muito com a plateia, até mais do que ela, e tem sido muito bom tocar as novas, mas só fizemos sete shows com elas até agora. É muito legal ter três discos e mais opções para o repertório, às vezes da pena de tirar uma música para colocar outra, mas estamos curtindo muito tocar as novas”, diz.  No show de hoje, a maioria das faixas do repertório deve ser do novo álbum.


Publicado no jornal Notícias do Dia.