segunda-feira, dezembro 08, 2008

Matéria: Aerocirco


O espetáculo vai começar, e agora é ao vivo!

Sendo uma das principais referências da musica autoral catarinense e carregando três discos na bagagem - lançados entre 2003 e 2007 - o Aerocirco busca agora inovar utilizando seus trabalhos antigos. O quarteto de Florianópolis formado por Fábio Della (voz e guitarra) Maurício Peixoto (guitarra), Rafael Lange (baixo) e Henrique Monteiro (bateria), promete agora um CD totalmente ao vivo. O disco, que leva músicas dos três CDs anteriores da banda - o homônimo lançado em 2003, O Som das Paredes de 2005 e o Liquidificador de 2007 - foi gravado no mês de abril em um show que bateu os recordes de público do famoso reduto alternativo de Florianópolis, o Célula.
O show contou com participações de algumas bandas amigas e já conhecidas na cena underground aqui do sul, como a Maltines e a Kratera, ambas de Florianópolis, o Lenzi Brothers, de Balneário Camboriú, e os curitibanos do Terminal Guadalupe. Algumas participações que também estavam previstas (com as bandas Samambaia Sound Club e Tijuqueiras) não puderam acontecer por questões de agenda.
O disco, que está sendo mixado e masterizado no estúdio do vocalista Fábio Della, o Lom Music, deverá ficar pronto no final do mês de agosto e o show de lançamento, que também será no Célula, está previsto para o dia 6 de setembro. Ao todo serão 19 músicas, incluindo “Ser Quem Sou” que virou videoclipe e já faz parte da programação do canal MultiShow, e também os hits “Liquidificador”, “Tarde Demais”, “Incontrolável, e “Tão Rainha”.
A novidade também é a forma com que o disco será lançado. Todas as faixas estarão disponíveis para download no site da agência da Aerocirco, a Panela de Pressão. Segundo Della, o site está sendo desenvolvido para a banda disponibilizar vários CDs, a começar pelo ao vivo da Aerocirco. Até aí nada de estranho, porém, o acesso ao download será via senha que vai ser distribuída em shows e também no site da banda. “É um modelo novo que iremos praticar daqui pra frente.”, explica.
Em 2007, com o lançamento de “Liquidificador”, o Aerocirco conseguiu se consolidar não apenas nos três estados do sul como também na região sudeste. Com um público cada vez maior e mais caloroso, a banda acabou fazendo shows nos palcos das principais capitais do país, em São Paulo e no Rio de Janeiro. A safra de sucessos do ano passado também inclui a indicação para o Prêmio Toddy de Música Independente, na categoria Destaque Regional, além de receber vários elogios da crítica especializada em grandes publicações nacionais, como a revista Rolling Stone e o jornal Folha de São Paulo, e também uma participação no Jornal da MTV.
Mas 2008 também não está deixando a desejar para os aerocircenses. No início deste ano, o quarteto se apresentou na edição catarinense do Planeta Atlântida, em Florianópolis, e recentemente foi convidado a participar do tributo ao White Álbum dos Beatles. O disco completa 40 anos em 2008 e o Aerocirco já entrou em estúdio para gravar a música Hey Jude, que apesar de não fazer parte do Álbum Branco, foi um single lançado na mesma época. Entre as bandas que participarão do tributo também estão nomes importantes como Pato Fu, Zé Ramalho e Lobão.
A banda também participou no mês de julho do reality show “Cachorro Grande em Busca da Fama”. O programa, que será transmitido pela Music Television, põe os gaúchos do Cachorro Grande para percorrer a região sul do país procurando novos talentos do rock. Não surpreendentemente, a banda escolhida na etapa de Florianópolis foi o Aerocirco.
Agora, enquanto o disco novo não fica pronto, é sempre bom dar uma conferida no Myspace dos caras. Lá sempre rolam atualizações no blog, além de algumas músicas para download. E depois, respeitável público, é só esperar o espetáculo começar.

Publicado no site Válvula Rock

Por Juliete Lunkes Juliete Lunkes

quinta-feira, novembro 06, 2008

Matéria: Pipodélica

Não Esperem por eles

O mês de março ficou marcado para os catarinenses amantes do rock’n’roll. A banda Pipodélica, após oito anos de existência, anuncia, com pesar, o fim de suas atividades. Para quem acompanhou de perto os rumores sobre a Pipodélica nos últimos dois ou três meses antes do fim definitivo, a notícia já não soou tão surpreendente assim. Porém, não menos triste.
A banda, formada em meados de 2000 em Florianópolis, despede-se deixando aos fãs um ótimo legado, dezenas de conquistas e quatro discos - entre EPs e LPs. Para fechar com chave de ouro os oito anos de carreira, os pipodélicos oferecem um belíssimo presente, digno de quem sai “por cima”: um último CD, que segundo os próprios músicos é, por unanimidade, o melhor trabalho de toda a carreira da banda.
O disco, intitulado “Não Esperem Por Nós”, foi lançado pela Pisces Records, sendo disponibilizado para download no dia dez de abril gratuitamente em parceria com o MySpace Brasil. Arrancando inúmeros elogios de quem já teve acesso ao CD, as treze faixas que compõem esta última obra conseguem atingir sonoridades bastante distintas umas das outras, deixando o disco com uma cara divertida e bastante diversificado, diferenciando-o dos trabalhos lançados anteriormente.
Já de cara o disco surpreende com uma bela e melancólica introdução, intitulada “A ferida”, para depois começar imediatamente a diversão em “Já não dá mais” e mesclar diferentes estilos até a última faixa do CD. Não existe uma música ruim, existem músicas diferentes, em que ora você levanta para dançar, ora senta para ouvir. O ponto alto do disco fica na quinta faixa, intitulada “Essa história”, e também na faixa que finaliza o excelente álbum, em “Criança Velha”, talvez a mais diferente e reflexiva de todo o disco.
Outra novidade da Pipodélica é que o MySpace em breve lançará também um documentário no “Myspace TV”, que mostrará algumas imagens da gravação das músicas. Já os fãs mais aficionados por discos em formato físico podem ficar tranqüilos, pois existem indícios de que o lançamento deve acontecer.
Mas, novidades à parte, não há quem não lamente o fim da Pipodélica, que foi umas das bandas mais importantes, promissoras e principalmente inovadoras do cenário independente de Santa Catarina desta última década. O grupo se destacou pela participação nos mais importantes festivais de música do país, como o Upload (SP), Bananada (GO), Senhor F (DF), Ruído (RJ), Curitiba Pop Festival (PR) e Claro que é Rock (Florianópolis), entre outros. Além dos festivais e de participações em outros projetos, eles também excursionaram com o Los Hermanos em 2003 e foram reconhecidos pela crítica nacional por todos os trabalhos lançados.
Segundo o baixista M. Leonardo Kothe, uma série de fatores contribui para o fim da Pipodélica. Além dos projetos pessoais que cada um dos integrantes já possuía anteriormente, e que de certa forma acabavam interferindo na qualidade da banda, ele menciona também os conflitos de interesse que inevitavelmente acabam surgindo com o passar do tempo. Conflitos esses que são bastante comuns em um grupo onde interagem quatro cabeças pensantes e oito anos de convivência como banda. “O relacionamento de uma banda é comparável a um namoro. Neste caso, se já é complicado um relacionamento a dois, imagine a quatro.” explica Leonardo.
Até a finalização das gravações do “Não Esperem Por Nós”, no ano passado, o quarteto ainda não sabia que este seria seu último trabalho, e até o presente momento não está nos planos dos músicos uma última apresentação, nem mesmo um ‘revival’ ou algo do gênero. Quando questionado sobre um possível show de despedida, Leonardo foi breve “Acho improvável. A Pipodélica definitivamente encerrou suas atividades”.
Entre os rumos que cada um dos quatro integrantes seguirá daqui pra frente estão inúmeros projetos. O guitarrista Felipe Batata toca em uma banda de covers chamada Morning Sun. O vocalista e guitarrista Eduardo Xuxu está lançando seu CD solo, intitulado “Outro Doce” (www.myspace.com/eduardoxuxu). Já Leonardo acabou por disponibilizar seu próprio projeto, denominado “Projeto Caos 666” (www.myspace.com/projetocaos666), além de dar continuidade a sua oficina de luteria.
Com essa derradeira e brilhante obra em mãos, nos resta agora aproveitar tudo o que a Pipodélica deixou ao longo de todos esses anos. Jamais deixaremos de “esperar por eles” e torceremos para que virem adeptos da atual tendência dos revivals. E o quanto antes!

Publicado na revista Válvula Rock

Por Juliete Lunkes