terça-feira, julho 03, 2012

Como se adaptar ao novo emprego

Você fez vários testes e entrevistas e o emprego finalmente é seu. Mas não vá pensando que o mais difícil já passou: a contratação é apenas o começo do teste para saber se você está realmente apto para a função

É nos primeiros meses de trabalho que o gestor avalia se o novo funcionário serve ou não para o cargo a que foi designado, e se ele realmente tem o perfil da empresa. Mas como é e quanto tempo dura essa fase de avaliação?
As responsáveis pelo departamento de Recursos Humanos da Univali, Cristina Rodrigues Barbosa e Clarice Jasper, concordam que o período de adaptação é decisivo.
“Nos seis primeiros meses há o que chamamos de curva de maturidade, mas com três meses já é possível conhecer o funcionário. Ninguém consegue se segurar por muito tempo sendo o que não é”, afirma Cristina.
De acordo com Clarice, as atitudes que devemos ter nos primeiros meses de trabalho são as mesmas que devemos levar para toda vida. É preciso, antes de tudo, ser profissional. Mas para não causar má impressão logo no começo, alguns cuidados são sempre bem-vindos.
“É importante evitar ao máximo as redes sociais no horário de trabalho, e procurar se comunicar pessoalmente com os colegas ao invés de mandar e-mail para alguém que senta ao seu lado”, recomenda. Aceitar convites dos novos colegas para almoços, jantares ou confraternizações é essencial. “Nem que você fique apenas 10 minutos”, aconselha Cristina.
Conhecer a hierarquia da empresa e entender que cada profissional possui um ritmo diferente de trabalho é o primeiro passo para não criar conflitos no novo ambiente de trabalho. Problemas de relacionamento com os novos colegas que possam afetar seu desempenho na empresa devem ser reportados aos seus superiores. Mas apenas se for algo pertinente e que vá realmente prejudicar sua função: nada de fofocas para o chefe.
De acordo com Cristina, é necessário também se colocar como aprendiz diante de colegas e de superiores. “O funcionário deve estar à disposição, e nunca argumentar que não foi contratado para determinado serviço”, adverte.
Outro aspecto que é preciso prestar atenção ao entrar em num novo ambiente de trabalho é a forma de se vestir, e um cuidado especial com o uso de acessórios, maquiagem, penteado e até a cor do cabelo. No caso do primeiro emprego, ter uma breve experiência já na vida acadêmica é indispensável. “É interessante que durante a faculdade a pessoa tenha feito algum estágio, assim fica mais fácil saber como se comportar em um ambiente de trabalho”, explica Clarice. 

A experiência dos egressos
Camilo Garcia, egresso do curso de Direito da Univali, passou por vários empregos durante a fase acadêmica. Além de subsidiarem as despesas com a faculdade, as experiências ainda lhe deram a prática do que era visto em sala de aula, e claro, uma maior facilidade para quando conseguiu seu primeiro emprego depois de formado. Mas apesar da facilidade adquirida com as experiências anteriores, para ele, essa fase de adaptação é sempre um desafio.
“Existe uma ansiedade em querer ter sucesso satisfazendo as expectativas dos chefes e dos colegas, respeitando a própria individualidade moral e os limites legais trabalhistas”, afirma.
Marjorye Andrade, formada em Administração na Univali, trabalha na multinacional Brasil Foods há quatro anos. Conseguiu o emprego quando ainda estava na faculdade, após um estágio e outro emprego. Apesar da expectativa e da insegurança que sentiu nos primeiros dias de trabalho, ela diz que sua adaptação foi muito rápida.
“Mas isso depende de pessoa pra pessoa, cada um tem seu ritmo. Para que possamos nos sentir adaptados, precisamos primeiro conhecer o ambiente onde estamos inseridos, a história da organização, sua missão, visão, seus valores, costumes e cultura”, explica a ex-aluna.
Camilo concorda que cada pessoa tem o seu tempo de adaptação, mas acredita que com um bom amparo dos colegas e funções bem definidas dentro da empresa, cinco meses é um bom período para se ter segurança. E dá a dica: “É importante deixar as coisas fluírem, não forçar atitudes ou aproximações. Os laços da relação vão surgindo com o tempo de trabalho, no começo é melhor focar no trabalho em si”.


Por Juliete Lunkes

Egresso de Design Industrial cria máquinas fantásticas

Quando Bruno Oro, egresso do curso de Design Industrial da Univali, era criança, gostava de desmontar seus carrinhos de controle remoto para ver como funcionavam. Hoje, ele é um premiado designer reconhecido mundialmente

Cansado de receber o mesmo insistente spam em sua caixa de e-mails, o egresso de Design Industrial da Univali, Bruno Oro, resolveu responder quanto chegou a oitava mensagem. Para sua surpresa, todos os e-mails daquele estranho remetente de procedência indiana não eram spam coisíssima nenhuma. Tratava-se de um representante da Raffles Millennium International, escola de design de Nova Deli, capital da Índia, convidando Bruno para ser professor.
Quando criança, ainda em Curitiba, cidade onde cresceu, Bruno gostava de montar e desmontar seus carrinhos de controle remoto para entender como eles funcionavam. Aos 12 anos, começou a fazer pequenos trabalhos na área de web design. Com 16, já estava ganhando um bom dinheiro trabalhando de freelancer em web design e design gráfico.
Em 2003, quando se mudou para Itapema com a família, já não restavam mais muitas dúvidas quanto ao que queria fazer da vida: foi estudar Design Industrial na Univali, da vizinha Balneário Camboriú. Para se sentir um profissional completo, ele, que já entendia de design gráfico, web design, design de produto e também de interiores, resolveu emendar à faculdade uma pós-graduação em Criação e Gestão de Moda.
Bruno sempre teve um ritmo de trabalho diferente do convencional. Certa vez, quando ainda estava na faculdade e fazia estágio, bateu na porta do home office de sua chefe às 6h30, argumentando que havia passado a noite em claro criando e não queria parar naquele momento. Com plena consciência de que não poderia ser funcionário de uma empresa tendo esses horários esquisitos, depois de formado, decidiu abrir sua própria empresa em Curitiba.
A Design O’clock surgiu com objetivo de oferecer aos clientes um pacote de design completo: gráfico, de interiores e de produto. A sociedade era divida com um amigo que vivia em Boston, nos EUA, o que fez com que firmassem parceria com estúdios de lá e atuassem tanto em Curitiba quanto na cidade americana.
Um dos grandes destaques entre os produtos que Bruno desenvolveu está o Dilus, uma espécie de eletrônico em forma de bicho de pelúcia destinado a crianças que passam por tratamento quimioterápico. Após uma longa pesquisa, Bruno percebeu que as crianças hospitalizadas perdiam muito em relação à continuidade de seus estudos e de socialização com amigos. Dessa forma, desenvolveu o aparelho, semelhante a um laptop, no qual se pode assistir vídeos, fazer vídeo conferências, entre outras funções, através de um display holográfico em 3D com projeção no ar.
A criação obteve repercussão mundial, e rendeu a Bruno o seu primeiro prêmio no International Design Awards (ele já recebeu três), além de publicações em diversas revistas, jornais e programas de televisão. Recentemente, um dos seus produtos, a "Banqueta Piet", ganhou destaque no livro Icon Product Yearbook 2012, vendido na Semana de Design de Londres, na 100% Design e Tent London (ambas, feiras reconhecidas do Reino Unido).  Segundo a crítica, a banqueta, que tem proposta sustentável, serve como banco, cadeira, mesa ou apoio de mão, e ainda é considerada artigo de decoração.
Entre os projetos de maior repercussão, está também um produto um tanto inusitado, quase inacreditável. Trata-se de uma máquina que permite a cópia e reprodução de alimentos com perfeição, sem precisar comprar os ingredientes e seguir uma receita.
Partindo do princípio de que tudo é feito de moléculas, e que elas estão presentes no ar, Bruno teve uma ideia: “Por que não usar algo que já é natural e está ao nosso redor para propor algo que escaneasse a composição de outras moléculas e reproduzisse uma copia fiel daquilo?”. Assim surgiu seu produto, chamado Home Sweet Home.
“Isso também vinha do fato de que eu moro sozinho há um bom tempo e cozinho supermal. Ou seja, seria uma maravilha apenas materializar certas comidas que gosto de vez em quando”, admite o designer.
O Home Sweet Home é um projeto feito parceria com designers da Electrolux, de um departamento que têm foco no desenvolvimento de conceitos para futuro. “Até esse momento já temos a composição da lasanha, sabemos como ela é formada. A partir desses dados, continuamos na mesma proposta de impressoras de prototipagem rápida, onde produtos 3D são impressos em poucos minutos, porém o foco aqui seria ‘imprimir uma lasanha'", conta Bruno sobre o experimento revolucionário.
Bruno reforça que esse é um produto conceito, cujo objetivo é quebrar os paradigmas sobre a forma de cozinhar e ter uma visão de futuro, que pode ou não acontecer. A ideia, que deu ao designer o terceiro International Design Awards, ganhou inclusive as páginas do jornal americano “The Sun”, impresso e distribuído na Região do Vale do Silício, a “Meca” da tecnologia.
Tanto reconhecimento em todas as partes do mundo fez com que, em 2010, Bruno recebesse aqueles e-mails estranhos que pensou não passarem de meros spams. Após acertada a ida e a contratação, partiu de mala e cuia em direção à Índia para atuar na Raffles Millennium International, onde hoje, além de professor, é também diretor do departamento de Design de Produto.
No novo país, Bruno teve que se habituar ao idioma hindi, à apimentada gastronomia e ao fato de as pessoas terem o costume de comer com as mãos. Sua empresa acabou ficando de lado, tanto pela falta de tempo para se dedicar a ela, quanto pela vontade de se entregar totalmente ao novo desafio de sua vida. “Queria gastar um tempo comigo e com minhas ideias. Resolvi que esse seria um período pessoal meu, em que eu me dedicaria aos meus projetos e continuaria dando minhas aulas por aqui”.


Por Juliete Lunkes