quarta-feira, abril 22, 2015

Kiss abriu turnê brasileira em Florianópolis na última segunda-feira (20) e enlouqueceu o público no Devassa on Stage

“Eu vou dizer Florianópolis, vou dizer Brasil e vocês vão dizer o meu nome!”
Se Paul Stanley ainda tinha alguma dúvida de que a platéia estava em suas mãos desde o primeiro segundo que pisou no palco do Devassa on Stage na noite da última segunda-feira (20), nessa hora ele deve ter se sentido um pouquinho com um Deus. Porque as cerca de dez mil pessoas paradas em sua frente fizeram exatamente o que ele pediu. E não foi uma e nem duas vezes.
No meio de todo aquele gelo seco e das labaredas que esquentavam o rosto de quem estava a poucos metros do palco, “Detroit Rock City” abriu o setlist estourando as caixas de som enquanto parte do público parecia ainda não acreditar que era realmente o Kiss ali na frente. O Kiss em Florianópolis, com direito a Gene Simmons cuspindo sangue, Eric Singer esmurrando a bateria, Tommy Thayer fazendo seus dedos ficarem invisíveis a cada solo de guitarra e Paul Stanley sendo... bem, sendo ele mesmo.  Um showman difícil de botar defeito.
Com gracejos que iam de “Essa é a primeira vez que viemos a Florianópolis, podemos voltar?” a “Olhem para vocês, olhem como vocês são lindos!”, Stanley não deixou que uma música emendasse na outra sem bater um papo com o público. Quando passava o microfone para o comando de Simmons – este de poucas palavras, mas com uma comprida língua que dificilmente ficava dentro da boca – ainda conseguia manter certa atenção para si. Isso porque quando não estava dançando uma coreografia totalmente particular, Stanley lançava uma palheta atrás da outra em direção ao público, que se jogava no chão na tentativa de encontrar o souvenir.
Ao longo de aproximadamente uma hora e meia o quarteto descarregou hits como “I Love it loud”, “Lick it up”, “Shout it out loud” e “I was made for lovin’ you” fazendo as dezenas de “The Demons” e “Stardchilds” de braços erguidos não parassem de cantar do início ao fim. E quando a gente achou que nada mais poderia impressionar depois do sanguinolento solo de baixo de Simmons e da subida de Singer e sua bateria aos céus, finalmente chegou “Rock’n’Roll all Night” com quilos de papel picado, fechando com láureas uma noite inesquecível até para o mais indiferente ser humano ali presente.

Mais energia, menos pau de selfie
Claro que sempre tem aqueles que passam mais tempo pintando uma estrela no olho para aparecer bem na selfie do que decorando refrãos e também aqueles que sempre vão preferir assistir ao show em casa pelas filmagens feitas com o celular, mas de um modo geral o público do primeiro show da turnê brasileira do Kiss estava mesmo mais preocupado em ver a banda ao vivo.
Salvo um ou outro celular ao alto nos momentos mais emblemáticos e um solitário pau de selfie na pista vip, os fãs de Kiss se preocuparam mais em olhar bem para o que acontecia no palco, afinal aquelas cenas dificilmente se repetiriam algum dia. Nesse caso, uma foto até era boa para devidos registros.

Sem empurra-empurra, sem moças subindo na nuca dos namorados, sem bêbados dando vexame e sem longas madeixas de roqueiros cintilando pelo ar, parece que Paul Stanley estava certo. Era um belo de um público.

Publicado no jornal Notícias do Dia