sábado, dezembro 20, 2014

Historiador da UFSC foi peça fundamental da produção de “O Irmão Alemão”, novo livro de Chico Buarque

Por muito pouco a resposta do historiador João Klug ao convite para comandar a pesquisa base do livro mais recente de Chico Buarque não foi negativa. De passagem por Berlim para a conclusão de seu pós-doutorado em 2012, Klug, que é professor do departamento de história da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), foi acionado pelo também historiador Sidney Chalhoub por telefone. Na conversa, ouviu o inesperado: Chalhoub, que já havia publicado vários livros pela Companhia das Letras, foi convocado pela editora para ajudar a descobrir tudo sobre o meio-irmão alemão do músico e poeta brasileiro, que estava começando a escrever sobre o assunto. Até aí, nada de incomum, mas como Chalhoub além de não falar alemão, estava sem tempo para se dedicar a uma pesquisa que demandaria tamanho empenho, decidiu passar a missão para Klug.
“Foi algo bem circunstancial, eu estava em Berlim fazendo meu pós-doutorado e o Sidney me telefonou para falar sobre uma documentação do Sérgio Buarque de Holanda, que esteve na Alemanha em 1929. O Chico já estava começando a escrever o livro e eu ia dizer não, por muito pouco não disse, porque aquilo não tinha nada a ver com o que eu estava fazendo lá”, conta Klug.
A resposta, felizmente, foi sim, e paralelamente ao trabalho acadêmico, ele passou a dedicar tempo a ir atrás do irmão alemão de Chico Buarque. Entre abril e junho de 2012, com ajuda do amigo e museólogo alemão Dieter Lange, Klug desbravou instituições, documentos, arquivos, bares e pessoas para descobrir o que o irmão brasileiro de Sérgio Ernst (ou Horst Günther, como passou a ser chamado) jamais suspeitava.
A última notícia que Chico Buarque tinha do tal irmão – nascido em 1930, fruto de um breve relacionamento do pai com uma alemã – era uma documentação de 1936, que revalava o desejo de Sérgio, o pai, de repatriar a criança, o que nunca aconteceu. Sérgio, o filho, foi então adotado por outra família e teve um destino promissor: se tornou um jornalista e cantor famoso na comunista DRA (República Democrática Alemã), até morrer, em 1981.

Talento no DNA

Toda vez que Klug fazia uma nova descoberta acerca do meio-irmão, imediatamente repassava as informações para Chico, que podia dar continuidade ao trabalho com mais rapidez. “Mantínhamos contato quase diariamente, por e-mail ou telefone. Ele é uma pessoa muito simples e agradável. Quando descobria algo, eu logo repassava, para ele já ir abastecendo o livro, mas quando falei que o irmão era cantor, o Chico foi imediatamente para Berlim”, conta.
Uma das últimas etapas da pesquisa foi quando o Klug finalmente localizou a família de Sérgio Günther – nome que o alemão passou a usar mais tarde – e promoveu um encontro emocionante na Capital alemã. “Eu traduzi as palavras, mas não tem como traduzir as emoções daquele encontro. Fiz questão de não informar à família quem era de fato Chico Buarque, disse apenas que era um parente brasileiro, o que provocou um interesse legítimo em conhecê-lo simplesmente por ser um familiar. O resto eles foram descobrindo naturalmente”, afirma Klug.

O encontro em Berlim resultou em visitas da família ao músico no Rio de Janeiro, e a história desde novembro está nas prateleiras das livrarias de todo o Brasil no livro “O Irmão Alemão”, que traz um agradecimento especial à Klug, o novo amigo de Chico.

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sexta-feira, dezembro 05, 2014

Edu K lança manifesto cafajeste em “Boy Lixo”, seu novo EP

Acusado, e não injustamente, de ser ambíguo e de estar sempre à frente de seu tempo há pelo menos 30 anos, o músico gaúcho Edu K consegue surpreender até quem nunca deixou de acompanhar suas andanças, seja no DeFalla, uma das mais emblemáticas bandas surgidas na década de 1980 em Porto Alegre, seja comandando pick-ups no Brasil e na Europa, em sua carreira solo ou produzindo álbuns de outros artistas. Oito anos após lançar o último disco solo autoral, ele resolveu que 2014 seria seu momento. Em meio a outro punhado de compromissos musicais, na última semana ele soltou na internet mais um futuro clássico: “Boy Lixo”, um EP de quatro faixas paramentadas na EDN (eletronic dance music) e no moderno, mas nem tanto, trap.
“Esse estilo nada mais é do que uma ramificação do hip-hop, começa nos Estados Unidos na década de 1970 e de uns anos pra cá se firmou na EDN. Ou seja, eu finalmente cheguei atrasado! Cansa um pouco esse estigma de estar sempre a frente”, desabafa.
Morando em Florianópolis há três anos, depois de uma longa temporada trabalhando como DJ no exterior, Edu K tem tanta ideia na cabeça que em uma só vida jamais dará tempo de colocar tudo em prática, mas ele vai fazendo o que dá. Em “Boy Lixo” Edu não apresenta simplesmente seu retorno triunfal na música, mas também um manifesto quase antropológico do comportamento masculino e feminino. “Durante muito tempo o que imperou no mundo foi o machismo, e depois que as mulheres começaram a ter voz ativa, os homens se assustaram, não encontraram um meio termo. Os homens precisam conquistar seu espaço ao lado da mulher, não acima e nem abaixo”.
Assim nasce o Boy Lixo, um novo cafajeste, um macho alfa que entende a igualdade social e sexual, que sai do exílio sem dominar o sexo oposto. Nas quatro músicas, ele ilustra esse e outros recorrentes personagens das paisagens urbanas modernas ao lado de quatro cantoras convidadas, entre elas a paraense Keila Gentil, vocalista da banda Gang do Eletro.

Tudo ao mesmo tempo
Enquanto dava forma a “Boy Lixo”, Edu K acumulou tantos compromissos que não seria exagero um estudo sobre como ele consegue estar em tantos lugares, fazendo tanta coisa ao mesmo tempo, sem jamais deixar de depositar o mesmo empenho em cada uma delas. Antes de sua própria volta, ele foi um dos responsáveis por colocar na boca do povo o novo trabalho dos conterrâneos da Cachorro Grande. Como produtor do álbum “Costa do Marfim” ele deu uma nova cara à banda, virou protagonista e praticamente um sexto elemento.
Antes disso, produziu ainda o disco “King Kong Diamond”, da Comunidade Nin-Jitsu, e “Mais de Mil Palhaços no Salão”, estreia solo do também gaúcho Daniel Tessler. Depois, passou a ser visto no canal fechado Sony, como apresentador do reality show musical Breakout Brasil, tudo isso enquanto gravava “Monstro”, o aguardadíssimo novo álbum do DeFalla, que chega ao público em 2015.
“Esse disco será um elo perdido entre os dois primeiros e o que aconteceu depois deles, porque o DeFalla perdeu o fio da meada depois da saída da Biba (baterista da formação original). Mas ao mesmo tempo ele é atemporal, não soa como nos anos 1980, é uma volta triunfal da banda, apesar de ela nunca ter acabado”, revela.
Enquanto aguarda o melhor momento para lançá-lo, Edu K, agora finalmente em casa, está terminando de formatar mais uma versão do show de “Boy Lixo”, que ele garante: deve passar por Florianópolis.



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quarta-feira, dezembro 03, 2014

Jornalista Paulo Markun lança amanhã em Florianópolis os dois volumes da obra “Brado Retumbante”

Resultado de uma ideia nascida em 1986 e concretizada ao longo dos últimos quatro anos, “Brado Retumbante”, obra em dois volumes em que o jornalista Paulo Markun traça um paralelo da história recente do Brasil nos períodos de1 964 a 1968 e de 1969 a 1984, terá amanhã seu lançamento oficial em Florianópolis, na livraria Saraiva do Beiramar Shopping. Dividida em “Na lei ou na marra – 1964-1968” e “Farol alto sobre as Diretas – 1969-1984”, cinquenta anos após o golpe militar e trinta após o movimento “Diretas Já”, a publicação apresenta um relato jornalístico baseado em entrevistas com 70 personalidades que marcaram o processo de redemocratização.
Compondo um abrangente painel de nossa história política recente, Markun visita momentos fundamentais da trajetória do país, desde os bastidores da reunião do Conselho de Segurança Nacional que desenhou os detalhes do AI-5, seis meses antes de o ato ser decretado por Costa e Silva, até os momentos prévios da posse de José Sarney como presidente da República. Da ideia inicial do livro até sua concepção final, o autor conta que a única mudança foi a formatação. “O período que eu queria abordar era esse desde o começo, o que mudou é que inicialmente ele seria baseado na biografia de 10 pessoas centrais no processo de redemocratização. Mas quando fui realizar vi que esse formato não era suficiente”, explica o jornalista, que participa de uma sessão de autógrafos durante o lançamento.
Segundo Makun, além das entrevistas, que considera um número pequeno para o tamanho da obra, ele se baseou ainda em uma série de registros, sobretudo jornalísticos, para compor o cenário. “Não é uma colcha de retalhos de depoimentos. É uma narrativa completa”, destaca. A obra traz documentos até então inéditos, como os do Cenimar (Centro de Informações da Marinha) sobre o Congresso da UNE (União Nacional dos Estudantes) de 1967, pouco conhecido e decisivo para os grupos que embarcaram na luta armada.

Para os não iniciados
De acordo com o autor, o público alvo dos dois livros e também do site (www.bradoretumbante.org.br ), criado durante o procedimento de pesquisas e entrevistas, é principalmente quem até hoje teve pouca informação sobre a ditadura e a série de lutas da sociedade para a redemocratização do país. “O livro é voltado para quem não tem o interesse pela política como prioridade, para quem quer relembrar e para levar as pessoas a avançarem mais no tema. Lembrando que ele foi feito por um jornalista, não por um historiador”, diz.

Além dos produtos já lançados, Markun revela que tem planos de futuramente gravar um documentário sobre o tema, incluindo novos depoimentos de personalidades que ele não conseguiu entrevistar nos quatro anos de trabalho. “Não consegui entrevistar algumas pessoas, umas porque morreram e outras porque naquele momento estavam com problemas de saúde, como foi o caso do Lula, que ainda pretendo entrevistar para esse documentário”, conta.


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quinta-feira, novembro 13, 2014

Escritor catarinense Carlos Henrique Schroeder lança hoje em Florianópolis livro “As Fantasias Eletivas”

Inspirado por uma fase de sua própria vida quando ainda era universitário e vivia em Balneário Camboriú, o escritor catarinense Carlos Henrique Schroeder trouxe de volta alguns dos fantasmas do passado para dar vida a um recepcionista noturno de hotel em seu novo livro, “As Fantasias Eletivas”. Com lançamento marcado para hoje na livraria Saraiva do Beiramar Shopping, em Florianópolis, a obra nasceu com a intenção de retratar a solidão de um homem que passa as madrugadas atrás de um balcão de granito verde, mas ganhou outra dimensão quando o travesti Copi surgiu na mente do escritor. A partir daí, a inspiração na vida real ganhou outros contornos e a história passou a ser de Copi e de uma inesperada amizade.
“Eu morei durante 15 anos em Balneário Camboriú e lá trabalhei como recepcionista de hotel no turno da noite. Isso ficou na minha cabeça, eu já tinha inclusive escrito um conto chamado ‘Os Recepcionistas’, que falava sobre os recepcionistas de Balneário Camboriú, então livro surgiu a partir desse conto. Seria um romance que contaria o passado e o presente do personagem Renê, até que surgiu a Copi e tomou conta da história que era para ser sobre a solidão de um recepcionista”, relata Schroeder.
Com chancela da editora Record, ao longo de apenas 112 páginas em formato de bolso, o livro passa superficialmente pelos dilemas de Renê e pela curiosa história de vida de Copi, o que de acordo com o autor, foi totalmente propositado.
“Eu cortei muitas páginas da história, foi intencional deixar bem aberto, assim como é a vida. As pessoas surgem na vida da gente e logo desaparecem e ninguém sabe nada de ninguém, principalmente nessas cidades”, explica.
Depois dos lançamentos em São Paulo, no Rio e em Jaraguá dom Sul, cidade do autor, na noite de hoje Schroeder divide espaço com o amigo Santiago Nazarian, que apresenta em Florianópolis o livro “Biofobia”. A dupla participará de um bate-papo sobre as duas obras.

Um livro dentro do outro
No momento em que o travesti Copi domina a história até então protagonizada por Renê, as páginas de “As Fantasias Eletivas” se abrem para as criações do próprio personagem. Fotografias, pequenos contos e até poemas, que Schroeder garante serem de Copi e não dele, surgem para mostrar ao leitor o que há por trás das cores e da alegria superficial de um travesti. A solidão, as viagens para atender clientes por toda Santa Catarina, a facilidade com as palavras e o que o levou de tão longe para pequena cidade litorânea vêm à tona por meios dos registros de sua própria arte.
“Aquilo é tudo de Copi. Eu tentei dar voz a ela, tanto nas fotografias como nos textos e nos poemas, mesmo porque eu não escrevo poesia, só prosa. É um livro dentro do livro. Quando Copi surgiu na história senti necessidade de colocar isso dentro dele, conversei com alguns travestis para entendê-los, e pegar inclusive o tom de voz, e acabei vendo que apesar de eles serem sempre bem humorados, dentro deles há muita raiva”, constata o escritor.

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sábado, novembro 08, 2014

Holger desembarca mais uma vez em Florianópolis neste sábado, dessa vez com novo disco na bagagem

Eles já nem sabem mais o número exato de vezes que desembarcaram em Florianópolis para despejar seu indie rock temperado por ritmos brasileiros nos ouvidos do público ensandecido que sempre lota seus shows, mas deixam claro que nunca é uma viagem qualquer. Quatro dias depois de lançar pela internet seu terceiro disco, os paulistanos do Holger sobem neste sábado ao palco da Célula Showcase para cumprir seu ciclo de pelo menos um show por ano na Ilha – que já dura uns bons seis anos –, agora com 11 faixas a mais, novinhas em folha, para rechear o repertório.
O álbum que vem com o nome da banda chegou para reafirmar uma nova fase, com ritmos um pouco menos acelerados que nos álbuns anteriores, “Sunga” e “Ilhabella”, e referências muito mais claras da música brasileira. O resultado foi um diálogo despretensioso entre a tropicalidade adquirida em seus anos de estrada e as guitarras das bandas que os inspiraram no início da carreira.
“Nos últimos anos teve um boom, muita informação, ouvimos muita coisa, lemos muita coisa, dá esse cansaço na cabeça, então a gente foi atrás de coisas mais palpáveis. As influencias são amplas, desde bandas indie que voltamos a ouvir até uma aproximação maior com a música brasileira. A gente se encontra mais para ouvir do que para fazer música, mas esse disco não foi movido por influências, ele representa o que somos hoje, por isso se chama Holger”, conta o guitarrista Marcelo Altenfelder, o Pata.
A nova fase da banda também tem a ver com a saída do baterista Arthur Britto, que foi estudar nos Estados Unidos. Assim, desde meados de 2014 quem assume as baquetas é Charles Tixier, da banda Charlie e Os Marretas. “O Arthur ganhou uma bolsa em Columbia e precisou priorizar isso, mas o Charlie entrou como uma luva. Ele gravou a maioria das músicas do disco e pegou mesmo nossa energia“, revela Pata.


Caminho encontrado

Enquanto no primeiro EP (“Green Valley”, de 2008) e em “Sunga” (2010) a língua materna de Pata, Bernardo Rolla, Pedro Bruno e Marcelo Vogelaar (o Tché), não teve vez em nenhuma das letras, em “Ilhabella” (2012) o português fez um belo debut em varias faixas, e acabou dominando por completo o novo trabalho. 
“O futuro sempre foi uma página em branco, nunca descartamos cantar em português, assim como agora não descartamos voltar a cantar em inglês. A gente sempre dava a resposta de que português não combina com rock, e durante uma turnê nos Estados Unidos nos pegamos ouvindo só música brasileira, então pensamos por que não? e no ‘Ilhabela’ colocamos a cara a tapa. Ali a gente errou e acertou, mas acho que encontramos um caminho”, reflete Pata.
Segundo ele, até agora, nos poucos shows que já tiveram a oportunidade de tocar as novas músicas, a recepção do público tem sido positiva. “A gente se diverte muito com a plateia, até mais do que ela, e tem sido muito bom tocar as novas, mas só fizemos sete shows com elas até agora. É muito legal ter três discos e mais opções para o repertório, às vezes da pena de tirar uma música para colocar outra, mas estamos curtindo muito tocar as novas”, diz.  No show de hoje, a maioria das faixas do repertório deve ser do novo álbum.


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sexta-feira, outubro 31, 2014

Espetáculo “Nise da Silveira – Guerreira da paz” volta a Florianópolis para novas sessões

Quase três meses após a estreia da última etapa da “Trilogia do Inconsciente”, que conta a história da médica psiquiatra Nise da Silveira, o ator e idealizador Daniel Lobo traz o espetáculo de volta aos palcos da Capital para três sessões entre hoje e domingo, no teatro Pedro Ivo. Dessa vez, “Nise da Silveira – Guerreira da paz” chega a Ilha com a bailarina Ana Botafogo, coreógrafa do espetáculo, e o pianista João Carlos Assis Brasil, autor da trilha original, que vão participar de debates com a platéia após as sessões. A iniciativa partiu do próprio diretor para compartilhar com o público o processo de criação do trabalho e receber um feedback, já que segundo ele, “Nise” é uma obra em constante processo. O evento inclui ainda a gravação de um DVD duplo e a exposição “Nise de Lótus”, do escultor Martin Ricciardi.
“O ‘Nise’ é um processo de evolução, ele está de volta de outra forma, que não é nem melhor e nem pior, cada sessão é diferente. Dessa vez entram junto comigo no palco dois convidados especiais, Chrisian Abba e Nick Phenix. É estreia deles no espetáculo”, destaca Daniel.
Para ajudar a contar a história de Nise da Silveira, discípula de Carl Gustav Jung e uma das primeiras mulheres a se formar em medicina no Brasil, ele contou com o minucioso trabalho corporal de Ana Botafogo, que pela primeira vez assinou uma coreografia em teatro. “É bastante diferente criar uma coreografia para teatro, ali ela é apenas mais um elemento na história. Claro que eu não criei uma coreografia de balé clássico, não é isso. É uma coreografia para um ator”, destaca.
A parceria entre Ana e Daniel começou já na concepção do primeiro espetáculo de Nise, que entrou em cartaz em 2011, quando ainda não era ele quem encarnava o papel da psiquiatra alagoana. “Eu nunca tinha tido a oportunidade de coreografar para teatro antes e esse namoro com o Daniel já é longo, começou durante um período de férias em que eu pude ter tempo para me dedicar a isso”, explica Ana. “Eu já tinha ouvido falar na história de Nise antes de ser convidada, mas não conhecia com essa profundidade que todos esses anos trabalhando no espetáculo me proporcionou”, completa a bailarina.

Multimídia
A brasileira que revolucionou a psiquiatria ao criar Ateliês de Arte dentro dos hospitais, se negando a praticar tratamentos violentos com os pacientes, faz parte da vida profissional e pessoal de Daniel Lobo há seis anos. No espetáculo que encerra a premiada trilogia de Nise ele leva ao palco uma encenação totalmente multimídia, que inclui teatro, música, dança e projeções em vídeo.
Além das participações especiais de Christian Abba, com instrumentos indianos e tambores xamânicos, e a da cantora Nick Phenix, também fazem parte de “Nise da Silveira – Guerreira da paz” o trabalho de percussão de Marco Lobo, projeções multimídia com participações de Ferreira Gullar e do teatrólogo José Celso Martinez Corrêa e a “Voz do Inconsciente” de Monja Coen, precursora do zen-budismo no Brasil, que dá vida a Jung. Para fechar a equipe, Ciliane Bedin assina como diretora-assistente.

Desde o dia 17 de outubro, uma exposição fotográfica de “Nise feita pelo Mag Foto Estudio e aberta à visitação no Mercado São Jorge, na Capital, também ajuda a contar a história da psiquiatra alagoana.

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quinta-feira, outubro 23, 2014

Sob a alcunha de Vinolimbo, músico catarinense aposta nas batidas experimentais

É no quarto que divide com outro colega na moradia da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) que o estudante da quarta fase de ciências sociais Murilo Mattei produz boa parte das músicas eletrônicas experimentais que no último ano chamaram atenção do selo gaúcho NAS e de uma série de blogs e sites especializados. Desde 2012, quando abandonou as baquetas da banda de indie rock em que tocava na cidade de Orleans, onde nasceu, o rapaz de 22 anos começou a utilizar o experimentalismo de colagens e batidas desaceleradas em programas de computador para realizar o desejo de compor suas próprias músicas, o que como baterista acabava se tornando uma tarefa um tanto complicada.
Depois de criar um punhado de músicas que, segundo ele, pouca gente tinha vontade de ouvir, e batizar o projeto de Vinolimbo – porque tudo o que colocava no som ele “via no limbo” –, Murilo se mudou para Florianópolis para estudar e o hobbie ganhou ares um pouco mais sérios. “As primeiras músicas que eu fiz eram muito experimentais, ninguém queria ouvir aquilo, mas quando mandei para o site Hominis Canidae vi que algumas pessoas se interessaram e continuei fazendo, nessa época lancei três EPs”, conta. Um ano depois, já vivendo na Capital, suas produções ganharam mais requinte, mais horas de dedicação – e um acerta obsessão –, além da inserção de elementos menos experimentais. O resultado foi a entrada de Vinolimbo no casting do selo NAS, pouco antes do lançamento do seu quarto EP, “The End of What Never Happened”. As sete faixas foram disponibilizadas on-line em maio deste ano e logo foram parar em sites como Move That Jukebox, Monkey Buzz, O Esquema e no blog do jornalista musical Ricardo Alexandre, no Portal R7, com elogios que pouco tempo atrás pareciam improváveis para Murilo. O segundo EP com a chancela do NAS saiu há três meses e para 2015 ele já planeja o lançamento de um álbum completo.

Em público
Até agora sem ser as festas promovidas em Porto Alegre pelo próprio NAS, Murilo só teve a chance de tocar em uma ocasião, em Criciúma, em agosto desse ano. Mas ele reconhece que suas músicas podem não combinar com qualquer ambiente. “O estilo de música que eu faço não tem uma cena no Brasil e no mundo todo também não é muito grande, mas o NAS está criando um circulo, já tem uma parceria um selo de Singapura, então artistas de fora já nos ouvem e com tempo vamos criando outras parcerias”, projeta.

Para tentar se inserir em ambientes mais próximos e poder mostrar seu som para um público maior, ele diz que já tem incluído em seu set remixes de sons um pouco mais calmos e até já conhecidas do público. “Eu tenho mantido contato com um pessoal da cena de Balneário Camboriú, que tem inclusive um podcast. Minha música está tentando conversar com a house music, tentando se encaixar nesse estilo, então pretendo fazer alguma coisa lá. Acho que consigo adaptar”, diz. Enquanto a música ainda for mais hobbie do que trabalho em sua vida, apesar de já estar produzindo para outros artistas, Murilo afirma que vai seguir conciliando com a faculdade, mas não descarta a possibilidade de dar um tempo no curso caso surja uma oportunidade de explorar suas produções no exterior.


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sexta-feira, outubro 03, 2014

Sinônimo de estilo e elegância, a consultora de moda Costanza Pascolato esteve em Florianópolis para lançar bolsa que leva seu nome

Se a palavra elegância precisasse ser representada pela figura de uma pessoa em um dicionário ilustrado, não restariam muitas opções senão a foto de Costanza Pascolato. A empresária e consultora de moda ítalo-brasileira é uma das maiores autoridades do assunto no Brasil e de uns anos para cá deixou de ser conhecida apenas pelos mais instruídos nesse universo e se tornou queridinha das fashionistas, independente de quanta verba tenham para gastar com roupas. Na última terça-feira, Costanza desembarcou em Florianópolis para prestigiar o lançamento da bolsa que leva seu nome, desenvolvida pela marca Capodarte, em uma de suas lojas no Beiramar Shopping, para onde levou dezenas de Vips interessados em vê-la de perto.
Sempre vestida, maquiada e penteada de maneira impecável, Costanza, aos 75 anos, viu centenas de tendências irem e voltarem desde que desembarcou no Brasil, ainda criança, mas esclarece que a tal elegância que sempre vem acompanhada de seu nome vai muito além disso. “Ser elegante não é apenas se vestir bem, também tem a ver com a maneira como você se comporta, seu traquejo social, como você trata o outro. E isso hoje está banalizado”, diz, em baixo tom de voz, como em qualquer conversa em que se envolve.
No comando da tecelagem Santa Constância desde que a herdou da família, a papisa da moda, como é conhecida no meio fashion, já foi consultora de moda de importantes revistas do segmento e assinou colunas na “Folha de S. Paulo” e na revista “Vogue”, tornando-se prestigiada entre estudantes e profissionais da área e entre os consumidores mais endinheirados. Com a proliferação dos blogs de moda nos últimos anos, porém, Costanza se tornou ainda mais popular, agora também entre quem só tem condições de adquirir bolsas Balecianga “inspired” em lojas de departamento. “Essa notoriedade é estranha, em qualquer lugar do mundo que eu vá sempre tem algum brasileiro que me reconhece. Os blogs de moda agora já não estão mais tão em alta como já estiveram, mas as blogueiras são as cinderelas de hoje, como já foram as misses e as atrizes de cinema”, diz.

Questão de estilo
Para Costanza, há pessoas que podem viver uma vida inteira sem se preocupar com questões de estilo e menos ainda em seguir tendências sem que isso atrapalhe em nada seu modo de se relacionar com os outros. Entretanto, para ela a importância de se ter um estilo definido reflete diretamente na autoestima. “Eu particularmente acho alguns estilos muito fúteis, mas não estou aqui para julgar. Descobrir seu estilo é se autoconhecer, te dá uma tremenda confiança e ajuda em qualquer relacionamento”, pontua. Segundo Costanza, há anos um de seus passatempos favoritos é justamente tentar decifrar traços da personalidade das pessoas de acordo com seu estilo. “Eu consigo fazer isso e faço o tempo todo, é algo que me fascina”.

Apesar de manter seu estilo impecável há décadas, com peças clássicas e únicas em seu closet, Costanza diz que ainda compra roupas, mas muito menos do que costumava comprar há alguns anos, e que se desfaz com regularidade de peças que está há muito tempo sem usar. “Com frequência chego à fábrica com malas de roupas e dou às funcionárias. Já cheguei a fazer doações, mas depois descobri que não foi com objetivo beneficente, como acreditei, então agora levo para as funcionárias, que também precisam”. 

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domingo, setembro 14, 2014

Eventos e projetos voltados à moda em Santa Catarina impulsionam a entrada de novos designers no mercado de trabalho

Muito mais do que possuir a melhor faculdade de moda do país, única com cinco estrelas no Guia do Estudante da editora Abril, e espalhar pelo mundo centenas de profissionais qualificados todos os anos, Santa Catarina aos poucos vem também desenvolvendo iniciativas que servem como vitrine para novos profissionais. Nos próximos meses, a conclusão de duas ações diferentes vai colocar coleções de cerca de 80 novos designers de moda de universidades catarinenses frente a frente com o mercado de trabalho.
No dia 13 de novembro, 42 formandos do curso de design de moda da Udesc (Universidade do Estado de Santa Catarina), eleito pelo quarto ano consecutivo o melhor do Brasil, vão desfilar suas criações em Florianópolis na passarela do Octa Fashion (Observatório de Cultura e Tendências Antecipadas). E, em dezembro, outros 38 designers de diversas faculdades do Estado mostram suas coleções na exposição do SCMC (Santa Catarina Moda e Cultura), também na Capital.
Coordenado pela professora Balbinette Silveira, do curso de design de moda da Udesc, o Octa Fashion teve sua primeira edição realizada em 2011 por atitude dos próprios estudantes que não queriam uma formatura comum, somente com a presença de familiares. O formato tradicional do desfile de conclusão de curso ganhou o novo conceito no momento em que o nome mudava de estilismo para design de moda, e desde então é o maior evento do gênero no Estado.
Na quarta edição, 42 novos designers de moda vão desfilar suas coleções, desenvolvidas ao longo de um ano, sob orientação de professores. Além deles, uma equipe de 50 estudantes de outras fases do curso participa ativamente da produção, dividida em grupos de diferentes departamentos. “Isso é interessante porque nem sempre os alunos acabam trabalhando efetivamente com criação, mas em outras áreas da moda, como a comunicação, por exemplo”, destaca Balbinette.
Segundo ela, que coordena o evento de formatura há 12 anos, a nova proposta surgiu porque os alunos não viam mais aquilo como um simples desfile. Hoje, além da apresentação das coleções no grande dia, que deve receber um público estimado em duas mil pessoas, os formandos participam da produção de uma revista, um site, um catálogo e um DVD.

De mangas arregaçadas

Insatisfeita com a falta de retorno que o desfile de formatura da Udesc dava aos novos designers de moda, Kamila Rosa foi uma das estudantes que arregaçaram as mangas para ajudar organizar a primeira edição do Octa Fashion. Formada em 2011, ela já havia começado a criar as primeiras peças de sua marca de camisas, a Maria Leite, um semestre antes de concluir os estudos. Após a formatura, lançou três coleções e começou a receber pedidos de clientes para que abrisse um ponto fixo. Assim, há seis meses inaugurou sua própria loja multimarcas no bairro de Coqueiros, onde, por enquanto, vende suas criações apenas por encomenda. “No momento quero dar mais atenção para a loja, que ainda está muito verde, mas minha paixão é a criação”, diz ela, que em breve pretende encher as araras com camisas Maria Leite.
Os bordados e detalhes delicados que acompanham as peças desenhadas por Kamila, por terem um apelo mais comercial, não fizeram parte da coleção que a designer desfilou para mais de quatro mil espectadores no Octa Fashion. Em compensação, na época sua liberdade pôde ser explorada em uma marca de roupas infantis.
Ela conta que meses antes da formatura o plano da universidade era fazer um desfile simples, para a família, no próprio Ceart (Centro de Artes) da Udesc, mas, ao lado de outra colega, se recusou e foi atrás de patrocínio para a criação de um grande evento. O resultado foi uma massiva participação de grandes marcas, de formadores de opinião e de um convidado de honra: Oskar Metsavaht, nome por trás da Osklen. “Nós formamos equipes de produção e criamos o nome do evento, tudo da noite pro dia. Queríamos que as próximas turmas levassem isso adiante. Até o reitor, que nunca ia às formaturas de moda, foi ao Octa”, lembra Kamila.

Inserção na rotina industrial

Realizado desde 2005 por iniciativa de um grupo de empresários do ramo têxtil da região do Vale do Itajaí, o SCMC dá a oportunidade de pouco mais de 30 estudantes de design de moda e produto de várias universidades catarinenses passarem um ano acompanhando de perto o dia a dia da produção do ramo. Por meio de uma parceria entre empresas – um total 17 na edição de 2014 – e das próprias instituições de ensino, alunos a partir do penúltimo ano da faculdade podem se inscrever em duplas para participar do projeto. Após uma seleção, cada dupla vai para uma empresa diferente, onde passa os meses seguintes participando, junto com a equipe criativa da própria marca, do desenvolvimento de uma coleção com consultoria de Jackson Araujo e Luca Predabon. Ao fim do ano, a coleção é apresentada em uma exposição aberta ao público, que em 2014 deve acontecer entre novembro e dezembro.
Segundo Paula Cardoso, gestora executiva do SCMC, a iniciativa tem um papel fundamental na formação dos designers, já que se responsabiliza por uma área que a universidade normalmente não contempla. “A faculdade forma o aluno, mas ali ele acaba participando do dia a dia da empresa. Cada estudante tem seu timing para criar algo, mas depois do SCMC eles passam a entender a realidade industrial”, destaca.
Além da vivência dentro de uma grande empresa, a exposição final das criações acaba atingindo uma série de outros profissionais da área, ligando os estudantes diretamente ao mercado de trabalho. “Com frequência acontece de as próprias empresas acabarem contratando os alunos que tiveram essa experiência dentro delas”, afirma Paula.

Cabeça aberta

Formada em moda pela Furb (Fundação Universidade Regional de Blumenau), a designer Luiza Ferreira foi uma das participantes do SCMC em 2010, durante seu último ano de faculdade. Após a experiência dentro de uma das empresas parceiras do projeto e um período de estudos em Londres, há dois anos ela retornou a Blumenau, onde começou a pensar no esboço do que mais tarde viria a se tornar sua própria marca de acessórios.
“A participação no SCMC foi ótima porque acabou abrindo um leque maior de possibilidades para mim. Ele me fez ir muito além de roupas, que era só no que eu pensava na época”, conta. Durante o ano que passou na capital inglesa, Luiza teve a oportunidade de trabalhar ao lado de designers que tinham o couro como matéria prima e aprendeu procedimentos exclusivos com o material. Hoje, só ela e mais duas pessoas no mundo utilizam a técnica que envolve moldar acessórios em couro com as mãos. No Brasil, ela só é encontrada na marca que leva o nome de Luiza.
“É um processo todo artesanal que não tem como ser feito em grande escala, por isso só atendo em meu estúdio com hora marcada e faço peças sob encomenda”, conta a designer, que, além de produzir os acessórios sozinha, realiza toda a compra dos materiais e ainda faz as vezes de modelo em seu catálogo.

Expectativas pós-Octa Fashion

Antes mesmo de concluírem a faculdade de moda, as primas Bárbara Leite e Gabriela Martins decidiram durante um intercâmbio na Itália que criariam uma marca juntas, mas não sabiam de que. Como Bárbara havia feito um curso de lingerie e já costurava e vendia peças para amigas, a decisão acabou sendo por levar adiante a ideia, dessa vez com novas referências, produção terceirizada e muito mais profissionalismo. Assim, há um ano e meio nasceu a primeira coleção da Sorellina, marca idealizada pela dupla repleta de referências vintage e materiais nobres.
Enquanto Gabriela concluiu há cerca de dois anos o curso de design de moda na Unisul (Universidade do Sul de Santa Catarina), Bárbara se prepara para no dia 13 de novembro mostrar sua coleção de conclusão de curso no Octa Fashion. Por baixo das peças desenhadas por ela, lingeries da Sorellina também estarão presentes.
“Tenho esperança de realmente conseguir mostrar a marca para mais gente lá, e é legal relacioná-la a um evento de moda desse porte. E além de estar junto com a coleção que criei para o desfile, a Sorellina vai aparecer no catálogo como apoiadora”, conta Bárbara. “O Octa Fashion é um evento que acontece por empenho dos próprios alunos e que gera muito retorno. Eu senti um pouco de falta disso no meu curso, que promovia desfiles todo o fim de semestre, mas para um público mais familiar”, avalia Gabriela.

A expectativa para após a formatura de Bárbara, com um empurrãozinho do Octa Fashion, é que elas lancem a quarta coleção da Sorellina, abram um ateliê e consigam com que mais lojas vendam as peças. Atualmente, além das vendas pela internet, duas lojas comercializam Sorellina, uma em Florianópolis e outra em Porto Alegre.  Para o segundo semestre de 2015, a meta é também que ela já comece a dar retorno financeiro real. “A Sorellina se mantém, mas ainda não paga nossos salários. Tudo o que ganhamos investimos nela, em um bom site, em melhores etiquetas”, afirma Bárbara.

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sexta-feira, setembro 05, 2014

Jair Rodrigues revive

Com um repertório composto por alguns dos maiores sucessos da carreira de Jair Rodrigues, seus filhos Jair Oliveira e Luciana Mello trazem hoje a Florianópolis o show tributo que começou a rodar o Brasil ainda antes da morte do músico, em maio deste ano. As primeiras apresentações do formato que revisita clássicos de Jair Rodrigues chegou a contar com sua presença no começo de 2014, e continuou no comando da dupla de irmãos, primeiro para cumprir a agenda que o pai já tinha e depois pelos convites que não pararam de chegar.
“A escolha por dar continuidade a isso foi natural, nunca tivemos dúvida se deveríamos ou não levar o show adiante, e o que foi determinante foi essa agenda do meu pai que optamos por cumprir. Nos colocamos à disposição, como já fazíamos antes”, explica Jair Oliveira.
Na primeira parte do show, Luciana e Jair apresentam um repertório de músicas de suas carreiras solo e na segunda metade resgatam canções marcantes da trajetória do pai, como “Tristeza”, “Deixa isso pra lá” e “Majestade, o sabiá”. “Essa experiência para nós é como é para todo mundo. É emocionante poder relembrar a carreira dele, sempre prestamos homenagens a ele ainda em vida, então é uma continuação. Para a gente é muito especial poder manter o legado de Jair Rodrigues, seu sorriso, sua carreira gloriosa, e a recepção do público tem sido incrível, as pessoas tem um carinho enorme por ele. Temos recebido muitas propostas para fazer o show”, destaca o músico. 
Além dos shows do tributo, os irmãos tem se apresentado juntos pelo Brasil também com o projeto “O samba me cantou”, resultado de um DVD lançado em 2009 por Luciana em parceria com o irmão. E apesar de tantos compromissos, suas carreiras solo também continuam ativas e Jair segue subindo aos palcos com o projeto que comemora seus 30 anos de trajetória musical, lançado este ano.

Memórias póstumas
Rumores sobre a dupla de irmãos ter começado a preparar uma biografia de Jair Rodrigues antes mesmo de sua morte chegaram a circular há alguns meses, mas o filho nega qualquer movimentação a respeito, apesar de admitir que, junto com Luciana, já chegou a pensar a respeito. “Não estamos tendo tempo agora para fazer algo desse tipo, sem falar que eu não sou um escritor, então provavelmente algum biógrafo experiente teria que fazer esse trabalho”, conclui. Por enquanto seu único plano, além do show tributo, para resgatar a trajetória do pai é o lançamento de algumas de suas músicas digitalmente.

Jair Rodrigues morreu no dia 8 de maio deste ano, aos 75 anos, vítima de um infarto do miocárdio. Como não apresentava qualquer problema de saúde nos meses que antecederam sua morte, cumpria normalmente uma extensa agenda de shows. Agora, além de se manter vivo nos palcos pela voz de seus dois filhos, ele também tem circulado pelo país na pele do ator Ícaro Silva na montagem “Elis, a Musical”, sobre a trajetória de Elis Regina. 

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quarta-feira, setembro 03, 2014

Far From Alaska faz show hoje em Florianópolis

É com vista para o mar de Jurerê Tradicional, em Florianópolis, que o quinteto do Rio Grande do Norte Far From Alaska tem acordado desde ontem, véspera do primeiro show da banda no Sul do país. Experimentando rápido o gostinho de passar por palcos de um punhado de cidades brasileiras em 15 dias de turnê, o grupo formado em Natal há pouco mais de dois anos chegou à Capital na segunda-feira, depois de passar pelo festival Porão do Rock, em Brasília, e ver o quão longe sua música conseguiu chegar. Hoje é a vez do palco do Treze receber a banda potiguar, que daqui segue para Rio do Sul e finaliza a passagem por Santa Catarina em Itajaí, na sexta-feira.
Desde que decidiram parar de tratar a Far From Alaska como um projeto paralelo das outras bandas que cada um dos integrantes possuía, algo que eles definem como “uma sequência de coisas boas” começou a acontecer. O primeiro single, “Thievery”, lançado em setembro de 2012, já foi capaz de acender os ânimos do público local e rendeu uma seleção para o Festival Dosol, o primeiro show da banda, que na época tinha apenas as quatro músicas que faziam parte do EP “Stereochrome”. Mas o que traçou o destino promissor foi a vitória no concurso Som Pra Todos, que resultou em uma apresentação (a segunda da trajetória do grupo) no festival Planeta Terra, em São Paulo, e um contrato de distribuição com a gravadora Deck.
“A gente nunca teve uma gravadora, não sabíamos nem como funcionava. Quando gravamos o EP não teve uma grande produção, nossa preocupação era ter músicas para tocar no show. Então fomos para o Rio, onde ficamos uma semana gravando o disco, e foi a melhor semana das nossas vidas”, conta o guitarrista Rafael Brasil.
“Quando entramos no estúdio da Deck para gravar havia uma produção bem surreal”, lembra a vocalista Emmily Barreto. “Queríamos usar tudo, colocar piano onde nem tinha só para poder usar”, completa Cris Botarelli, que comanda os sintetizadores.  O fruto saiu em maio de 2014 no álbum “modeHuman”, com 15 faixas mixadas por Pedro Garcia, do Planet Hemp, e masterizadas pelo produtor americano Chris Hanzsek.

Fãs ilustres
Há algo de mais impressionante no Far From Alaska, além da qualidade do som que conquistou público em todo o país e aclamação da mídia especializada, e está relacionado justamente a alguns fãs declarados, muito mais famosos que a própria banda. Uma delas é Shirley Manson, vocalista da banda americana Garbage, que tiveram a chance de conhecer em 2012, durante a participação no Planeta Terra. “Nós estávamos no mesmo hotel do Garbage, a vimos passando pelo saguão e a Cris foi falar com ela. No dia seguinte a Cris madrugou e escreveu uma cartinha para a Shirley falando sobre a banda e onde ela poderia ouvir, já que a gente não tinha nada físico para entregar. Um tempo depois ela postou na internet um texto enorme sobre a gente”, lembra o baixista Edu Filgueira. “Aí ela zerou a nossa vida”, brinca o baterista Lauro Kirsch.

Mais recentemente, em agosto, a cantora Pitty também foi só elogios ao citar Emmily como uma das grandes cantoras brasileiras, ao lado de Elis Regina e Rita Lee. “Eu fiquei chorando sentada quando ouvi”, conta a vocalista. E o terceiro fã, que costumava criticar bandas brasileiras que cantam em inglês, é Tico Santa Cruz, vencido pelo som autêntico do quinteto que não vê a hora de poder mostrar seu som para lá da fronteira brasileira. 

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sexta-feira, agosto 29, 2014

Banda pernambucana Mombojó faz campanha de financiamento coletivo para nova turnê

Os 13 anos de trajetória no cenário underground e os cinco discos lançados nesse período não foram suficientes para fazer os pernambucanos do Mombojó se tornarem presença constante nos palcos da maioria dos Estados brasileiros. Vivendo há anos em São Paulo, a banda de Recife decidiu agora chegar mais longe por conta própria e com empenho dos fãs. Por meio da plataforma de financiamento coletivo “Queremos!”, o Mombojó abriu na semana passada uma campanha para o público pedir shows da turnê do novo álbum, “Alexandre”, em suas cidades. Nos locais em que houver mais pedidos, serão abertas as vendas de ingressos antecipados. Cada cidade terá que atingir uma quantidade mínima de unidades vendidas dentro de um prazo, que pode variar conforme o lugar, para que o show seja confirmado.
“Começamos a perceber uma dificuldade em chegarmos a algumas cidades e o ‘Queremos!’ veio para solucionar isso. Sempre que tentávamos marcar em um determinado local, travava na questão da passagem, hospedagem”, revela o vocalista Felipe S.
A campanha segue até 30 de setembro e durante esse período serão divulgadas nas redes sociais da banda as metas e prazos para cada cidade, conforme os pedidos forem sendo feitos. Os fãs que comprarem os ingressos antecipados além de ajudarem a confirmar o show e ter a entrada garantida, também ganham materiais da banda como recompensa.
A última vez que o Mombojó tocou em Florianópolis, segundo Felipe, foi há exatos dez anos, logo após o lançamento do primeiro disco, “Nadadenovo”. “A gente tem um público fiel na internet, mas recebe poucos convites para tocar em determinados locais. É sempre o mesmo eixo, São Paulo, Rio, Recife. Tocamos muito pouco aí no Sul, em Florianópolis foi só em 2004 e em Porto Alegre acho que a última vez foi em 2006. Curitiba é onde tocamos com mais frequência na região”, destaca.
Apesar dessa dificuldade, Felipe garante que não se sente frustrado. “Acho que isso faz parte. Vejo muita gente de vários lugares falando da banda, publicando coisas sobre a gente, mas acho que hoje em dia nada acontece sem que haja uma mobilização”.
  

Momento nostalgia
Lançado em maio deste ano, “Alexandre” teve seu período de gravação constantemente remetido a um longínquo 2004, quando o Mombojó entrou em estúdio para gravar o primeiro trabalho. O nome dele, inclusive, era para ser título daquele debut, em referência a uma voz que saía do teclado do pai de um dos músicos, que dizia "Are you sure?". A reprodução soava semelhante a “Alexandre” e o nome virou piada interna. Dez anos depois, ele voltou para confirmar a fase semelhante que vivem atualmente.
“Queríamos despertar nas pessoas uma surpresa como a daquele momento em que lançamos o primeiro disco. Tivemos o mesmo sentimento”, revela o vocalista.
Esse foi o primeiro disco gravado com improvisos, mais inserções de programações de bateria eletrônica e cheia de participações especiais, entre elas a da vocalista da banda franco-britânica Stereolab, Laetitia Sadier. 
“Conhecemos Laetitia num show que ela fez em São Paulo e deixamos um disco nosso de presente. Um ano depois ela nos mandou uma mensagem dizendo que tinha gostado e que adoraria participar de alguma música. Foi uma grande coincidência, porque era exatamente o momento em que começávamos a trabalhar no novo disco”, conta Felipe. “Agora estamos tentando viabilizar a segunda etapa, que é trazê-la para tocar com a gente”. 
  
Peça Mombojó em Florianópolis:


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sábado, agosto 23, 2014

Sem espaço para desentendimentos, Ira! traz a Florianópolis turnê da volta definitiva da banda

Desde maio, quando o Ira! subiu ao palco da Virada Cultural paulista para fazer o show que marcou definitivamente o retorno da banda após seis anos de separação, uma agenda intensa tem colocado os ex-inimigos Nasi e Edgard Scandurra em convivência integral pelas estradas de Norte a Sul do país. Domingo, eles desembarcam na Capital catarinense, após apresentações em Joinville, na sexta, e Indaial, no sábado, trazendo para o palco do Espaço Floripa um compêndio sonoro do que de melhor produziram desde 1981, além de uma novidade pós-hiato.
Quem ouve o vocalista falar entusiasmado sobre a nova fase do Ira! talvez custe a crer que uma briga feia o colocou contra todos os outros integrantes, incluindo seu irmão Airton Valadão Junior, empresário do grupo, em meados de 2007, e dizimou uma das mais emblemáticas bandas do rock nacional. Mas fato é que as desavenças foram superadas e Nasi, Scandurra e Airton andam muito bem, obrigado.
“Sinceramente na minha cabeça e na do Edgard parecia algo irreconciliável, mas o destino mostrou que o que havíamos construído não estava terminado. Foram capítulos sucessivos, nós não voltamos a nos falar para montar a banda. Primeiro houve uma bandeira branca, uma paz, depois minha participação num show dele, e então aquele show beneficente. Houve uma sincronia”, revela Nasi.
Apesar de na época ainda não ter sido considerado uma volta, o tal show beneficente realizado em uma escola de São Paulo no final de 2013 plantou um embrião nos fãs e neles próprios. Após muita conversa, o retorno triunfal, seguido por uma agenda com dezenas de datas por todo o Brasil, se deu em 18 de maio de 2014.
“Na Virada Cultural a volta já estava consolidada e o show marcou o início da turnê. Foi um grande desafio que decidimos enfrentar por ser um momento marcante, e foi muito bom. O Ira! não precisa estar na televisão nesse momento, só a reverberação dos shows já está fazendo tudo acontecer”, diz o vocalista.

Sem vícios
Para Nasi, alguns fatores foram fundamentais para que o retorno da banda aos palcos fosse possível, além de as arestas entre ele e o guitarrista já estarem devidamente aparadas. “Nós aliviamos nossa parte criativa com os nossos voos solos, que foram muito satisfatórios, e passamos a sentir saudade do Ira!. Houve ainda uma reformulação dos músicos, que já entraram com uma química boa, e uma mudança da equipe técnica.. É um clima novo, como se estivéssemos começando do zero, sem vícios de comportamento”, explica.
A nova formação conta com o filho de Edgard, Daniel Scandurra, no baixo, o baterista Evaristo Pádua, que participou dos álbuns solo de Nasi, e Johnny Boy no teclado. O ex-baixista Ricardo Gaspa preferiu não voltar ao grupo, enquanto o não retorno de André Jung para bateria, segundo Nasi, teve a ver com uma falta de afinidade musical entre eles.
Já os projetos solo que Scandurra e Nasi desenvolveram durante o período de hiato do Ira! devem continuar. “Eu e o Edgard conversamos sobre isso e vamos passar por períodos de alternância de prioridade. No momento a prioridade é o Ira!, mas já assinei contrato com o Canal Brasil para produzir um programa com meu trabalho solo, que depois vai virar DVD. Vamos fazer isso de uma maneira organizada”, conclui. 

sexta-feira, agosto 08, 2014

Miss Mundo Brasil revela os procedimentos que envolvem a escolha da mais bela mulher de uma nação

O coordenador artístico Marcelo Soes já estava a postos sob o sol forte à beira da piscina do resort Costão do Santinho, pouco antes das 10h de quarta-feira (6), quando as misses começavam a deixar seus quartos rumo ao ensaio geral. Após uma bronca de Dona Vanda, chaperona do Miss Mundo Brasil, por causa do atraso de parte das 40 candidatas que concorrem ao título na noite deste sábado, e uma palavrinha de motivação do Mister Brasil Lucas Montandon, as beldades finalmente começaram a se posicionar e acompanhar as ordens do responsável pelo desfile.
Desde o último domingo (3), candidatas de 27 Estados e Distrito Federal e de 14 Ilhas brasileiras – ou13, após a saída da representante de Fernando de Noronha para recuperação de um problema de saúde – estão confinadas no resort da praia do Santinho, onde são constantemente avaliadas, seja nas provas que acumulam pontos para a grande final, ou por atitudes que podem gerar a diminuição deles. Hospedado junto com elas, um staff de cerca de 30 pessoas cuida de cada detalhe para que saiam dentro do planejado todas as etapas que vão definir a nova representante do Brasil a embarcar para Londres, em dezembro, para o Miss World 2014.
Principais responsáveis por definir os padrões femininos entre as décadas de 1950 e 1970, os concursos de beleza tornaram mulheres como Marta Rocha, eleita a primeira Miss Brasil em 1954, e Ieda Maria Vargas, primeira Miss Brasil a conquistar o Miss Universo em 1963, grandes ícones do imaginário nacional no quesito “mulheres perfeitas”. O feminismo e as mudanças gradativas dos hábitos das mulheres fizeram com que o longo das décadas os concursos de miss fossem perdendo força como grandes ditadores de padrões de beleza, o que torna curioso que nos dias de hoje milhares de jovens ainda queiram fazer parte desse cenário. Ao lado do Miss Brasil Universo e do Miss Brasil Internacional, o Miss Mundo Brasil, sediado este ano pela primeira vez em Santa Catarina, está entre os principais concursos de beleza do país e traz em sua tradição o orgulho de valorizar mais do que a beleza, também o lado humanitário das participantes.

Em busca de um futuro brilhante
Cuidados com alimentação, pele e cabelo, exercícios físicos, acompanhamento psicológico e aulas de português e oratória já são práticas que acompanham a maioria das meninas acostumadas aos concursos de beleza e que ficam ainda mais intensas quando se trata da nova Miss Mundo Brasil. Antes de embarcar para Londres, a representante brasileira passará por uma maratona preparatória e a primeira etapa é uma viagem à China, onde está localizada a mais nova escola de misses do consultor de imagem venezuelano Alexander Gonzalez, preparador oficial do Miss Mundo Brasil desde 2009.
“Esse período de um mês meio na China será de muito trabalho, não vim aqui buscar uma amiga, vim buscar uma Miss Mundo. Ela precisa amar as cores de sua bandeira, quero que ela sinta essa grandeza. Uma Miss Mundo é uma mulher de beleza integral, que vai estar preparada para assumir uma grande responsabilidade”, destaca Alexander.
Nascido em um país conhecido por ser berço de grandes misses, Alexander aprendeu com quem há muitos anos valoriza de maneira obsessiva as belas mulheres nascidas por lá. Desde o final da década de 1960, as escolas preparatórias de misses começaram a se espalhar pela Venezuela e hoje é tradição que meninas bonitas ingressem em uma delas já a partir dos quatro anos de idade. “Eu comecei trabalhando em uma agência de modelos de onde saiam muitas misses, virei relações públicas delas e eventualmente cuidava também do vestuário. Hoje a mídia me considera um dos principais consultores de imagem do mundo. Eu só me considero um apaixonado pelo que faço”, diz.
Apesar da rotina aparentemente puxada, só o caminho para se tornar uma miss já é responsável por uma grande mudança na vida das candidatas. Os sacrifícios para perder alguns quilinhos e a dedicação para ficar por dentro de assuntos de conhecimento geral não são nada perto da oportunidade de viajar de avião e ver o mar pela primeira vez.
A Miss Mundo Goiás, natural de Anápolis, Luciana Novais, teve em Florianópolis a chance de conhecer pessoalmente as ondas geladas e salgadas que antes só via pela televisão. “Ontem nos fomos à praia, eu e outras duas meninas que também nunca tinham visto o mar, molhamos os pés e ficamos surpresas com as ondas, que batem na gente e nunca param”, diverte-se. De origem humilde, assim como boa parte das participantes, Luciana espera uma drástica mudança em sua vida, mesmo se não vencer. “Eu abandonei meu emprego para estar aqui, sempre foi meu sonho ser modelo e na minha cidade quase não havia trabalhos nessa área, e quando tinha não pagavam quase nada. Espero que alguém me veja aqui”.
Apesar da grande expectativa criada pelas candidatas, para o diretor do Miss Mundo Brasil, Henrique Fontes, é importante ter cautela. “Não somos loucos de virar para elas e dizer que depois do concurso elas serão milionárias, mas a vida delas muda. Muitas viram modelos ou apresentadoras de TV, passam a ser conhecidas e a ter histórias de sucesso, embora não se tornem superfamosas”, pondera.

Exigências
Aos 24 anos, Isabel Correa, Miss Mundo Ilhas de Búzios, voltou ao mesmo concurso cinco anos após ter participado pela primeira vez. Habituada às competições de beleza desde 2007, quando foi Miss Baixada Fluminense, em 2009 Isabel ficou na sexta na posição do Miss Mundo Brasil. Agora, mais madura e confiante, decidiu retornar, mas não sem antes abrir mão de um relacionamento estável. “Estava noiva de um dinamarquês, pedi se não poderíamos esperar um pouquinho mais para casar e ele disse que não, então tive que escolher e optei pela minha carreira”, conta.
Ter entre 17 e 25 anos, não ser casada, não ter filhos e nunca ter posado nua são algumas das exigências que norteiam os principais concursos de miss. E mesmo que o Miss Mundo Brasil carregue a fama de valorizar as atitudes, o lado humano e o engajamento social das misses – tendo criado inclusive o lema “Beleza com propósito” –, ele não abre mão dessas regras.
“Quando você vai tentar um emprego em que vai precisar viajar muito, pode ter certeza que vão te perguntar se você é casada. E o mesmo acontece com o Miss Mundo. Muitas vezes os maridos não dão essa liberdade para as esposas, e elas vão viajar muito, além de cumprir uma agenda cheia de compromissos”, justifica Alexander.
“Não temos como saber tudo em relação às meninas. Temos os coordenadores em cada Estado que convivem com elas e ficam responsáveis por checar essas questões, a primeira delas é a idade. Desde que assumi a franquia do Miss Mundo Brasil, em 2006, nunca houve um caso de desclassificação por alguma irregularidade, mas na história dos concursos pelo mundo já foram vários casos. Já aconteceu de descobrirem que uma miss tinha filhos e ela ser desclassificada”, lembra Henrique Fontes. De acordo com ele, apesar dessas regras básicas, não há nenhum padrão estipulado quando o assunto é o corpo das misses. “O padrão de beleza muda muito com o passar dos anos, mas o padrão Miss Mundo é diferente porque valoriza a mulher pelo que ela é, tanto que nem divulgamos as medidas delas. E não incentivamos cirurgias plásticas. Não proibimos, mas não há qualquer tipo incentivo e relação a isso”, garante o diretor.
Sobre a restrição a uma miss já ter posado nua, Alexander afirma que é uma questão de valores. “Quando o nu é feito em forma de arte, tudo bem, mas quase sempre é feito de uma maneira vulgar, e as misses precisam mostrar seus valores, passar um bom exemplo”, conclui.


Disciplina
Auxiliada pelos monitores Willian e Matheus, a chaperona Dona Vanda funciona mais ou menos como uma mãe das concorrentes ao Miss Mundo Brasil. A função, muito comum em concursos de beleza, consiste em acompanhar e estar à disposição das candidatas durante toda a preparação delas para a grande final. Mas assim como uma verdadeira mãe, Dona Vanda nem sempre é boazinha. “Se elas se comportam eu dou beijo, se elas não se comportam eu dou bronca. De boazinha só tenho a cara”, brinca.
Vanda, que era advogada antes de assumir o cargo, ainda é nova na área e foi convidada assumi-la graças à amizade com boa parte da produção do evento. Além do Miss Mundo Brasil deste ano, ela só havia participado do Mister Brasil, no mês de maio, mas já pôde notar bem a diferença. “O Mister foi mais fácil porque mulher é mais delicada, ela são mais dengosinhas. Os meninos também levavam broncas, mas dificilmente atrasavam quando era marcado um horário”, lembra.

Curiosidades
- O Miss Mundo Brasil existe desde 1958 e só elegeu uma única Mis World, Lúcia Petterle, no ano de 1971.
- Santa Catarina teve quatro Misses Mundo Brasil: Roberta Pereira (1986), Francine Eickemberg (2000), Taíza Thomsen (2002) e Regiane Andrade (2007).
- No Miss Brasil Universo, realizado desde 1954, Santa Catarina teve cinco eleitas, entre elas a atriz Vera Fisher, em 1969. 

Índice miss
Estados com mais títulos no Miss Mundo Brasil
1º lugar: Rio Grande do Sul - 8 títulos
2º lugar: Rio de Janeiro - 7 títulos
3º lugar: São Paulo e Paraná - 6 títulos
4º lugar: Minas Gerais - 4 títulos
5º lugar: Santa Catarina e Pernambuco - 4 títulos

Países com mais títulos no Miss World
1° lugar: Venezuela – 6 títulos
2° Lugar: Reino Unido e Índia– 5 títulos
3° lugar: Estados Unidos, Suíça, Jamaica e Islândia- 3 títulos

Publicado no jornal Notícias do Dia

segunda-feira, agosto 04, 2014

Músico João Barone lança documentário em parceria com produtora catarinense

Na manhã da última quinta-feira (31), o músico João Barone desembarcou em Florianópolis para assistir o resultado de mais uma de suas contribuições documentais da história recente do Brasil ao lado da equipe que o ajudou a torná-la realidade. Ele ainda é mais conhecido como o baterista da banda Os Paralamas do Sucesso, mas há alguns anos tem dedicado parte de seu tempo a desvendar e registrar fatos pouco conhecidos da biografia do país. Dessa vez, ele partiu para a Itália, onde a bordo de dois jipes restaurados da FEB (Força Expedicionária Brasileira) levou sua equipe de produção para uma expedição em 15 cidades do norte do país em busca de histórias de heróis brasileiros que lutaram na região durante a Segunda Guerra Mundial. O resultado foi o documentário “O Caminho dos Heróis”, transmitido pela primeira vez na noite de quinta-feira no canal History.
O trabalho foi realizado em parceria com a produtora catarinense Orbital Filmes, comandada por Paulo Trejes, responsável pela supervisão geral do filme, e foi exibido dentro da programação especial do canal pago dedicada às grandes guerras mundiais, em lembrança aos cem anos as Primeira Guerra. “Saímos do Brasil com uma pré-produção bem elaborada. A região que visitamos é composta por pequenos vilarejos e as pessoas que vivem lá têm boas lembranças dos brasileiros durante o combate, então estamos revelando uma história mal contada, porque os brasileiros além de tudo ainda eram bons de briga”, revela Barone.
Segundo o supervisor geral da produção, o filme traz ainda uma característica de road movie, cheio de peculiaridades, em um formato televisivo. “Ele foi pensado para a TV, para os intervalos, mas não é muito diferente de outros filmes, você pode assisti-lo como um documentário normal”, diz Trejes. A dupla ainda não sabe qual será o próximo destino da produção e ainda curte o momento de “nascimento do filho”. Por enquanto eles esperam que O Caminho dos Heróis” abra portas para essa fatia da história recente brasileira, que consideram inesgotável, continuar sendo contada.

Parceria continuada
Enquanto João Barone e Paulo Trejes se reuniam para contar a história dos pracinhas brasileiros no norte da Itália durante a Segunda Guerra, uma nova proposta acabou surgindo em meio às conversas sobre o que a amplitude do tema poderia gerar. Depois queO Caminho dos Heróis” der a abertura necessária, eles pretendem tirar do papel a ideia de uma minissérie de ficção, que já tem até nome, “Terra de Ninguém”.  O plano era ter começado as filmagens já no ano passado, mas segundo Barone, há ainda questões que precisam ser delineadas, especialmente no que diz respeito à captação de verba. “É um projeto mais ousado, já está sendo trabalho, só que exige mais dinheiro e mais pessoas envolvidas”, esclarece.

Se tudo sair como planejam, “Terra de Ninguém” será o quinto trabalho de Barone envolvendo pesquisas sobre o Brasil na Segunda Guerra Mundial. Além do recém-lançado “O Caminho dos Heróis”, ele já produziu, escreveu e codirigiu o documentário “Um Brasileiro no Dia D”, de 2006, e escreveu dois livros sobre o tema, “1942 – O Brasil e Sua Guerra Quase Desconhecida”, de 2008, e “A Minha Segunda Guerra”, de 2013, tudo resultado do interesse pelas memórias pouco compartilhadas pelo pai, ex-combatente que lutou para libertar o povo italiano da dominação nazifascista.