quinta-feira, outubro 23, 2014

Sob a alcunha de Vinolimbo, músico catarinense aposta nas batidas experimentais

É no quarto que divide com outro colega na moradia da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) que o estudante da quarta fase de ciências sociais Murilo Mattei produz boa parte das músicas eletrônicas experimentais que no último ano chamaram atenção do selo gaúcho NAS e de uma série de blogs e sites especializados. Desde 2012, quando abandonou as baquetas da banda de indie rock em que tocava na cidade de Orleans, onde nasceu, o rapaz de 22 anos começou a utilizar o experimentalismo de colagens e batidas desaceleradas em programas de computador para realizar o desejo de compor suas próprias músicas, o que como baterista acabava se tornando uma tarefa um tanto complicada.
Depois de criar um punhado de músicas que, segundo ele, pouca gente tinha vontade de ouvir, e batizar o projeto de Vinolimbo – porque tudo o que colocava no som ele “via no limbo” –, Murilo se mudou para Florianópolis para estudar e o hobbie ganhou ares um pouco mais sérios. “As primeiras músicas que eu fiz eram muito experimentais, ninguém queria ouvir aquilo, mas quando mandei para o site Hominis Canidae vi que algumas pessoas se interessaram e continuei fazendo, nessa época lancei três EPs”, conta. Um ano depois, já vivendo na Capital, suas produções ganharam mais requinte, mais horas de dedicação – e um acerta obsessão –, além da inserção de elementos menos experimentais. O resultado foi a entrada de Vinolimbo no casting do selo NAS, pouco antes do lançamento do seu quarto EP, “The End of What Never Happened”. As sete faixas foram disponibilizadas on-line em maio deste ano e logo foram parar em sites como Move That Jukebox, Monkey Buzz, O Esquema e no blog do jornalista musical Ricardo Alexandre, no Portal R7, com elogios que pouco tempo atrás pareciam improváveis para Murilo. O segundo EP com a chancela do NAS saiu há três meses e para 2015 ele já planeja o lançamento de um álbum completo.

Em público
Até agora sem ser as festas promovidas em Porto Alegre pelo próprio NAS, Murilo só teve a chance de tocar em uma ocasião, em Criciúma, em agosto desse ano. Mas ele reconhece que suas músicas podem não combinar com qualquer ambiente. “O estilo de música que eu faço não tem uma cena no Brasil e no mundo todo também não é muito grande, mas o NAS está criando um circulo, já tem uma parceria um selo de Singapura, então artistas de fora já nos ouvem e com tempo vamos criando outras parcerias”, projeta.

Para tentar se inserir em ambientes mais próximos e poder mostrar seu som para um público maior, ele diz que já tem incluído em seu set remixes de sons um pouco mais calmos e até já conhecidas do público. “Eu tenho mantido contato com um pessoal da cena de Balneário Camboriú, que tem inclusive um podcast. Minha música está tentando conversar com a house music, tentando se encaixar nesse estilo, então pretendo fazer alguma coisa lá. Acho que consigo adaptar”, diz. Enquanto a música ainda for mais hobbie do que trabalho em sua vida, apesar de já estar produzindo para outros artistas, Murilo afirma que vai seguir conciliando com a faculdade, mas não descarta a possibilidade de dar um tempo no curso caso surja uma oportunidade de explorar suas produções no exterior.


Publicado no jornal Notícias do Dia