Desde maio, quando o Ira! subiu ao palco da Virada
Cultural paulista para fazer o show que marcou definitivamente o retorno da
banda após seis anos de separação, uma agenda intensa tem colocado os
ex-inimigos Nasi e Edgard Scandurra em convivência integral pelas estradas de
Norte a Sul do país. Domingo, eles desembarcam na Capital catarinense, após
apresentações em Joinville, na sexta, e Indaial, no sábado, trazendo para o
palco do Espaço Floripa um compêndio sonoro do que de melhor produziram desde
1981, além de uma novidade pós-hiato.
Quem ouve o vocalista falar entusiasmado sobre a
nova fase do Ira! talvez custe a crer que uma briga feia o colocou contra todos
os outros integrantes, incluindo seu irmão Airton Valadão Junior, empresário do
grupo, em meados de 2007, e dizimou uma das mais emblemáticas bandas do rock
nacional. Mas fato é que as desavenças foram superadas e Nasi, Scandurra e
Airton andam muito bem, obrigado.
“Sinceramente na minha cabeça e na do Edgard parecia
algo irreconciliável, mas o destino mostrou que o que havíamos construído não
estava terminado. Foram capítulos sucessivos, nós não voltamos a nos falar para
montar a banda. Primeiro houve uma bandeira branca, uma paz, depois minha
participação num show dele, e então aquele show beneficente. Houve uma
sincronia”, revela Nasi.
Apesar de na época ainda não ter sido considerado uma
volta, o tal show beneficente realizado em uma escola de São Paulo no final de
2013 plantou um embrião nos fãs e neles próprios. Após muita conversa, o
retorno triunfal, seguido por uma agenda com dezenas de datas por todo o Brasil,
se deu em 18 de maio de 2014.
“Na Virada Cultural a volta já estava consolidada e
o show marcou o início da turnê. Foi um grande desafio que decidimos enfrentar
por ser um momento marcante, e foi muito bom. O Ira! não precisa estar na
televisão nesse momento, só a reverberação dos shows já está fazendo tudo acontecer”,
diz o vocalista.
Sem
vícios
Para Nasi, alguns fatores foram fundamentais para
que o retorno da banda aos palcos fosse possível, além de as arestas entre ele
e o guitarrista já estarem devidamente aparadas. “Nós aliviamos nossa parte
criativa com os nossos voos solos, que foram muito satisfatórios, e passamos a
sentir saudade do Ira!. Houve ainda uma reformulação dos músicos, que já
entraram com uma química boa, e uma mudança da equipe técnica.. É um clima
novo, como se estivéssemos começando do zero, sem vícios de comportamento”,
explica.
A nova formação conta com o filho de Edgard, Daniel
Scandurra, no baixo, o baterista Evaristo Pádua, que participou dos álbuns solo
de Nasi, e Johnny Boy no teclado. O ex-baixista Ricardo Gaspa preferiu não
voltar ao grupo, enquanto o não retorno de André Jung para bateria, segundo
Nasi, teve a ver com uma falta de afinidade musical entre eles.
Já os projetos solo
que Scandurra e Nasi desenvolveram durante o período de hiato do Ira! devem
continuar. “Eu e o Edgard conversamos sobre isso e vamos passar por períodos de
alternância de prioridade. No momento a prioridade é o Ira!, mas já assinei
contrato com o Canal Brasil para produzir um programa com meu trabalho solo,
que depois vai virar DVD. Vamos fazer isso de uma maneira organizada”, conclui.