É com vista para o mar de Jurerê Tradicional, em
Florianópolis, que o quinteto do Rio Grande do Norte Far From Alaska tem
acordado desde ontem, véspera do primeiro show da banda no Sul do país. Experimentando
rápido o gostinho de passar por palcos de um punhado de cidades brasileiras em
15 dias de turnê, o grupo formado em Natal há pouco mais de dois anos chegou à
Capital na segunda-feira, depois de passar pelo festival Porão do Rock, em
Brasília, e ver o quão longe sua música conseguiu chegar. Hoje é a vez do palco
do Treze receber a banda potiguar, que daqui segue para Rio do Sul e finaliza a
passagem por Santa Catarina em Itajaí, na sexta-feira.
Desde que decidiram parar de tratar a Far From
Alaska como um projeto paralelo das outras bandas que cada um dos integrantes
possuía, algo que eles definem como “uma sequência de coisas boas” começou a
acontecer. O primeiro single, “Thievery”, lançado em setembro de 2012, já foi
capaz de acender os ânimos do público local e rendeu uma seleção para o
Festival Dosol, o primeiro show da banda, que na época tinha apenas as quatro
músicas que faziam parte do EP “Stereochrome”. Mas o que traçou o destino
promissor foi a vitória no concurso Som Pra Todos, que resultou em uma
apresentação (a segunda da trajetória do grupo) no festival Planeta Terra, em
São Paulo, e um contrato de distribuição com a gravadora Deck.
“A gente nunca teve uma gravadora, não sabíamos nem
como funcionava. Quando gravamos o EP não teve uma grande produção, nossa
preocupação era ter músicas para tocar no show. Então fomos para o Rio, onde
ficamos uma semana gravando o disco, e foi a melhor semana das nossas vidas”,
conta o guitarrista Rafael Brasil.
“Quando entramos no estúdio da Deck para gravar havia
uma produção bem surreal”, lembra a vocalista Emmily Barreto. “Queríamos usar
tudo, colocar piano onde nem tinha só para poder usar”, completa Cris
Botarelli, que comanda os sintetizadores. O fruto saiu em maio de 2014 no álbum
“modeHuman”, com 15 faixas mixadas por Pedro Garcia, do Planet Hemp, e
masterizadas pelo produtor americano Chris Hanzsek.
Fãs
ilustres
Há algo de mais impressionante no Far From Alaska,
além da qualidade do som que conquistou público em todo o país e aclamação da
mídia especializada, e está relacionado justamente a alguns fãs declarados,
muito mais famosos que a própria banda. Uma delas é Shirley Manson, vocalista
da banda americana Garbage, que tiveram a chance de conhecer em 2012, durante a
participação no Planeta Terra. “Nós estávamos no mesmo hotel do Garbage, a vimos
passando pelo saguão e a Cris foi falar com ela. No dia seguinte a Cris
madrugou e escreveu uma cartinha para a Shirley falando sobre a banda e onde
ela poderia ouvir, já que a gente não tinha nada físico para entregar. Um tempo
depois ela postou na internet um texto enorme sobre a gente”, lembra o baixista
Edu Filgueira. “Aí ela zerou a nossa vida”, brinca o baterista Lauro Kirsch.
Mais recentemente, em agosto, a cantora Pitty também
foi só elogios ao citar Emmily como uma das grandes cantoras brasileiras, ao
lado de Elis Regina e Rita Lee. “Eu fiquei chorando sentada quando ouvi”, conta
a vocalista. E o terceiro fã, que costumava criticar bandas brasileiras que
cantam em inglês, é Tico Santa Cruz, vencido pelo som autêntico do quinteto que
não vê a hora de poder mostrar seu som para lá da fronteira brasileira.
Publicado no jornal Notícias do Dia