Se a palavra elegância precisasse ser representada
pela figura de uma pessoa em um dicionário ilustrado, não restariam muitas
opções senão a foto de Costanza Pascolato. A empresária e consultora de moda
ítalo-brasileira é uma das maiores autoridades do assunto no Brasil e de uns
anos para cá deixou de ser conhecida apenas pelos mais instruídos nesse
universo e se tornou queridinha das fashionistas, independente de quanta verba
tenham para gastar com roupas. Na última terça-feira, Costanza desembarcou em
Florianópolis para prestigiar o lançamento da bolsa que leva seu nome,
desenvolvida pela marca Capodarte, em uma de suas lojas no Beiramar Shopping,
para onde levou dezenas de Vips interessados em vê-la de perto.
Sempre vestida, maquiada e penteada de maneira
impecável, Costanza, aos 75 anos, viu centenas de tendências irem e voltarem
desde que desembarcou no Brasil, ainda criança, mas esclarece que a tal
elegância que sempre vem acompanhada de seu nome vai muito além disso. “Ser
elegante não é apenas se vestir bem, também tem a ver com a maneira como você
se comporta, seu traquejo social, como você trata o outro. E isso hoje está
banalizado”, diz, em baixo tom de voz, como em qualquer conversa em que se
envolve.
No comando da tecelagem Santa Constância desde que a
herdou da família, a papisa da moda, como é conhecida no meio fashion, já foi consultora
de moda de importantes revistas do segmento e assinou colunas na “Folha de S.
Paulo” e na revista “Vogue”, tornando-se prestigiada entre estudantes e
profissionais da área e entre os consumidores mais endinheirados. Com a proliferação
dos blogs de moda nos últimos anos, porém, Costanza se tornou ainda mais
popular, agora também entre quem só tem condições de adquirir bolsas Balecianga
“inspired” em lojas de departamento. “Essa notoriedade é estranha, em qualquer
lugar do mundo que eu vá sempre tem algum brasileiro que me reconhece. Os blogs
de moda agora já não estão mais tão em alta como já estiveram, mas as
blogueiras são as cinderelas de hoje, como já foram as misses e as atrizes de
cinema”, diz.
Questão
de estilo
Para Costanza, há pessoas que podem viver uma vida
inteira sem se preocupar com questões de estilo e menos ainda em seguir
tendências sem que isso atrapalhe em nada seu modo de se relacionar com os
outros. Entretanto, para ela a importância de se ter um estilo definido reflete
diretamente na autoestima. “Eu particularmente acho alguns estilos muito
fúteis, mas não estou aqui para julgar. Descobrir seu estilo é se autoconhecer,
te dá uma tremenda confiança e ajuda em qualquer relacionamento”, pontua.
Segundo Costanza, há anos um de seus passatempos favoritos é justamente tentar
decifrar traços da personalidade das pessoas de acordo com seu estilo. “Eu
consigo fazer isso e faço o tempo todo, é algo que me fascina”.
Apesar de manter seu estilo impecável há décadas,
com peças clássicas e únicas em seu closet, Costanza diz que ainda compra
roupas, mas muito menos do que costumava comprar há alguns anos, e que se
desfaz com regularidade de peças que está há muito tempo sem usar. “Com
frequência chego à fábrica com malas de roupas e dou às funcionárias. Já
cheguei a fazer doações, mas depois descobri que não foi com objetivo
beneficente, como acreditei, então agora levo para as funcionárias, que também
precisam”.
Publicado no jornal Notícias do Dia