quarta-feira, junho 11, 2014

Antes Paty Laus, agora Blancah, DJ de Florianópolis aposta em um estilo mais autoral

Há pouco mais de um ano, Paty Laus, como era conhecida uma das DJs pioneiras na cena eletrônica de Florianópolis, abandonou as pistas da moda, os hits chicletes e os exaltados pedidos do público pela música do momento para dar lugar à Blancah. O novo projeto, menos comercial e mais autoral, nasceu para resgatar a paixão pela música que começou na adolescência e lhe deu 14 anos de uma sólida carreira comandado pick-ups mundo afora, até fazê-la perder totalmente a vontade de continuar trabalhando.
“Não estou mais fazendo música para agradar os outros e essa tem sido uma fase muito gratificante. Eu não estava feliz com aquela pressão de tocar o que os outros querem. Claro que eu acabo tocando menos em um determinado circuito, algumas portas se fecham, mas outras abrem e eu estou muito feliz”, conta. E ninguém em sã consciência é capaz de desconfiar dessa felicidade.
Blancah passa cerca de 15 horas por dia trancafiada no estúdio que montou em sua casa, no bairro Bom Abrigo, na Capital, onde produz as novas músicas que em nada se parecem às que fazia  anteriormente, com levadas sofisticadas de trip hop e vocais próprios em inglês e português. Mas não é apenas por ter reencontrado seu lugar em outro estilo de música que seus olhos brilham: é também pelo reconhecimento que já recebeu sob a nova alcunha.
Em março deste ano, uma platinada e determinada Patrícia desembarcava no aeroporto de Berlim para participar do aniversário da gravadora que acabara de lançar um EP com suas novas músicas e de quebra tocar em um clube da cidade. “Quando decidi que daqui para frente seria a Blancah investi também em uma identidade visual, para que eu entrasse num lugar e fosse vista. Eu queria ser aquela coisa diferente, queria que as pessoas percebessem que mudou de DJ e principalmente que elas vissem em mim uma artista”, explica. Essa, aliás, é uma das principais mudanças incluídas no giro que deu na carreira. Artista visual por formação, agora ela consegue unir esse lado da vida à música para ser tornar uma artista completa, transformando seus shows em espetáculos onde as batidas eletrônicas não chegam sozinhas, e sim complementadas por um figurino milimetricamente planejado, vocais e instrumentos.

Música de computador
A entrada de Blancah no mundo da música eletrônica foi inesperada até para ela. Quando adolescente, chegou a cantar em uma banda que fazia covers de grupos de rock nacional e levava um estilo de vida meio hippie. “Nunca pensei que me envolveria com música eletrônica. Dizia que não gostava dessa música feita por computador”, lembra. Mas durante a faculdade de artes, na Udesc (Universidade do Estado de Santa Catarina), Blancah foi parar na rádio universitária, época em que um amigo a apresentou ao trip hop, e acabou comandado um programa onde rodava canções do estilo durante três horas, no início da madrugada. Acabou virando DJ oficialmente após ser convidada para ser residente em uma balada nova da cidade, que durou menos de um ano, sem nem saber mexer muito bem no equipamento.

De lá pra cá 15 anos se passaram e Blancah, então como Paty Laus, fixou seu nome na cena eletrônica nacional. Agora, depois de sofisticar sua produção, deixar de lado temas que envolvam noite e balada para focar em questões mais íntimas, como a solidão, ela não tem nenhuma dúvida de que é assim que quer passar o resto da vida. “A minha intenção é manter esse controle, continuar sabendo dizer não, coisa que a Paty Laus não fazia, não voltar para o comercial e continuar conquistando esse público diferente que tem interesse no que tenho para mostrar. Se não der certo, parto um plano B”, diz, confiante.