quinta-feira, julho 10, 2014

Coreógrafa e bailarina Deborah Colker traz a Florianópolis novo espetáculo inspirado em “A Bela da Tarde”

Quando a coreógrafa carioca Deborah Colker enfim terminou de montar “Tatyana”, seu penúltimo espetáculo, um vazio existencial típico de quem acabou de colocar para fora uma obra de grande complexidade tomou conta de seus dias e trouxe consigo a imediata inspiração para o próximo trabalho. Da lembrança do filme “A Bela da Tarde”, de Luiz Buñuel, que Deborah assistiu ainda na década de 1970, veio o impulso para a criação de “Belle”, seu novo espetáculo que estreou dia 13 de junho no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, em seis sessões de casa lotada, e que agora chega a Florianópolis para duas apresentações no teatro do CIC (Centro Integrado de Cultura), nos dias 16 e 17 deste mês.
“A Bela da Tarde surgiu na minha cabeça como um raio. Eu só tinha assistido ao filme em 1978, então fui atrás do livro (“Belle Du Jour”, de Joseph Kessel) e pensei ‘que história envolvente e linda, tenho que fazer’. Mandei todo mundo ler e comecei a pensar em como contar essa história”, revela Deborah.
Na montagem da coreógrafa, a personagem central de “Belle”, Séverine, foi dividida entre duas bailarinas que vivem dois mundos totalmente diferentes. Elas surgem no palco ao lado de outros 15 bailarinos já conhecidos pela precisão, controle e agilidade,
apoiados por uma equipe que reúne alguns dos mais renomados profissionais do campo da arte do país. Entre os colaboradores de Deborah estão João Elias na direção executiva, Gringo Cardia na direção de arte e cenografia, Berna Ceppas na direção musical e Samuel Cirnansck assinando o figurino.
Depois do sucesso da estreia no Rio, Deborah já começou a rodar com “Belle” por cidades brasileiras e não esconde a empolgação com o resultado de meses de dedicação integral. “Fazer um novo espetáculo sempre é sofrido, sempre exige coragem. Você fica em carne viva porque é você ali. Muita gente me perguntou se a Séverine sou eu, e não tem como dizer que não é. O livro é um clássico, o filme é um clássico, e o meu espetáculo é a minha visão, minha dança”, reflete a artista.
Após sair do que ela chama de “a nata da elegância” dos compositores russos que embalaram “Tatyana”, ela aproveitou “Belle” para embarcar no som contemporâneo de Miles Davis e da banda Velvet Underground na trilha elaborada por Berna Ceppas. “A história vem de um livro de 1930, que ficou conhecida com o filme em 1970, então o rock veio cortando a veia com o Velvet Underground, e ao mesmo tempo tem o Miles Davis, tão sensual e cerebral. É uma trilha meio cinematográfica”, aponta.

Duas décadas de dança
Há 21 anos Deborah Colker comanda no Rio de Janeiro a companhia de dança que leva seu nome e há 11 mantém também na Capital fluminense, na casa onde morou o pintor catarinense Victor Meirelles, sua própria escola de dança. Consolidada como um dos principais nomes da dança no Brasil, ela é atualmente responsável por 800 alunos matriculados na escola, entre crianças e adultos, espalhados pelos cursos de ballet clássico, dança contemporânea, jazz, sapateado e teatro.
Desde sua fundação, em 1993, a Cia Deborah Colker já soma 11 espetáculos montados, a maioria com patrocínio exclusivo da Petrobrás, que agora divide o apoio com a prefeitura da cidade do Rio de Janeiro.