Em meio a
uma longa turnê mundial que marca sua despedida dos palcos após 16 anos de
trajetória, a orquestra cubana Buena Vista Social Club desembarca em
Florianópolis no mês de maio para se apresentar na 5ª edição do Jurerê Jazz. O
festival, que trará ainda nomes como a americana Madeleine Peyrox, o sueco Ulf Wakenius, Trio
Corrente e o grupo Christian
Brenner Jazz Quintet, abre sua programação na próxima quarta-feira (29) e só
encerra no dia 18 de maio, com a apresentação dos cubanos.
Prestigiada por manter viva a música e a cultura de seu país, a Orquestra
Buena Vista Social Club é uma evolução do grupo que em 1999 estrelou o filme
homônimo, dirigido por Wim Winders, e que conquistou amantes da música no mundo
todo. Assim, a “Adiós Tour” representa uma síntese dos mais de mil shows
feitos durante os últimos 16 anos, envolvendo mais de 40 músicos. Durante esse
tempo, o grupo se converteu em uma big band em que músicos veteranos e novatos se
conectam para celebrar a tradicional música cubana.
Em entrevista por e-mail ao Notícias do Dia, Omara
Portuondo, vocalista do grupo, considerada uma verdadeira diva da música cubana,
falou sobre o carinho do público, a trajetória e as expectativas da última
turnê do grupo.
Sempre houve uma preocupação por parte do grupo em manter os arranjos
das músicas apresentadas nos shows o mais original possível?
Sim. Temos um imenso
respeito às nossas tradições musicais, por isso fazemos com que as canções soem
o mais fieis ao original possível.
É surpreendente para vocês que exista tantos jovens interessados na
música tradicional cubana, sobretudo os próprios músicos que atualmente fazem
parte da orquestra?
Bom, em nosso país há muito
respeito pela cultura e pela música. As pessoas desde muito pequenas começam a
tocar algum instrumento. É verdade que a juventude hoje em dia também está
influenciada por novos sons e gêneros, mas o que não podemos negar é esse
respeito pelas nossas raízes. Os novos integrantes da banda têm esse caráter,
eles gostam de outras músicas, mas são muito honestos com o nosso som.
E quem são hoje esses músicos que acompanham o Buena Vista Social Club?
Como eles chegaram à orquestra?
Do projeto original seguimos
com vários músicos, mas ao longo do caminho foi se somando uma nova geração de
excelentes músicos, como o pianista Rolando Luna, Guajirito Mirabal (neto de
Guajiro) ou cantores como Carlos Calunga e Idania Valdés. Todos eles trazem uma
bela ótima energia ao grupo.
Os ingressos para os concertos do Buena Vista Social Club sempre acabam
muito rápido, e aqui em Florianópolis isso não foi diferente, principalmente
por ser o último show. Como se sentem ao saber que existe tanta gente no
Brasil, e no mundo, interessada na música cubana?
Como você deve imaginar, isso
nos enche de orgulho e de muita alegria. A “Adiós Tour” é muito espacial para
nós já que é nossa forma de agradecer a todos os que têm nos acompanhado e
apoiado durante tantos anos. Para nós é uma honra sermos embaixadores da nossa
música, e, sobretudo, que as pessoas nos apoiem com tanto carinho.
Vocês sempre mantiveram o hábito de tocar separados, com outros músicos,
em outros projetos, quando estão em Cuba?
Quando estamos em Cuba
costumamos sim tocar com outros músicos em outros projetos. Eu sempre que posso
me junto aos mais jovens, ou às vezes me convidam para participar de eventos
diferentes. Mas também procuramos nos encontrar para tocarmos todos juntos.
Como está agenda de shows da “Adiós Tour”? Vocês estão sempre viajando
tanto, conseguem tirar um tempo para ficar em seu país?
Este ano está cheiíssima!
Este ano temos um calendário completo de concertos que passa pela Europa,
América Latina e Estados Unidos, não podemos nos queixar! E temos que aceitar
que estaremos um pouco longe de nossa família e amigos.
Como será o programa do show de despedida aqui em Florianópolis?
É o nosso último show em
Florianópolis então será muito especial. Teremos vários vídeos muito
emocionantes e faremos uma homenagem muito especial a todos os músicos que já
não estão mais conosco. A turnê também será acompanhada pelo disco do Buena
Vista Social Club e por um maravilhoso livro, “Passaporte Orquestra Buena Vista
Social Club”, onde podem ser encontrados todos os detalhes, histórias e muitas
fotos da turnê. Estaremos esperando por vocês!
Extenso e relevante
Consolidado como um dos principais
eventos de música do país, ao longo de suas cinco edições o Jurerê Jazz
Festival se tornou responsável por dar aos catarinenses a chance de ver de
perto nomes como Avishai Cohen, Paquito D’Rivera, Paulinho Moska e um encontro
exclusivo entre Lenine e a orquestra Camerata Florianópolis. Este ano, com nove
dias a mais de programação, o festival entra em um novo patamar.
“O Jurerê Jazz se tornou o festival mais extenso do Brasil, com 20 dias
de duração, além de ser um dos mais importantes por sua abrangência e por sua
capacidade de trazer ao Brasil músicos de tamanha relevância, como o Buena
Vista Social Club, a Madeleine Peyroux e o Ulf Wakenius”, destaca Abel Silva,
idealizador do Jurerê Jazz.
E apesar do nome, não é
apenas puramente de jazz que vive o festival. Este ano, além das atrações já
citadas também passam pelo evento, em diversos pontos da cidade, nomes como a
banda carioca Azymuth, que abre a programação na
noite de quarta-feira (29) com uma mistura de jazz, samba e bossa nova, o grupo
Blues Etílicos, que já entrega seu estilo no próprio nome, e o Mano a Mano
Trio, que une ao jazz ritmos como choro e tango.
Atrações
locais, como o Rivo Trio, o Floripa Jazz Combo e
os músicos Felipe Coelho Leandro Fortes e Luiz Gustavo Zago também ganharam
espaço na agenda do evento, a maioria com entrada gratuita. Um dos grandes
destaques da programação será protagonizado inclusive por uma banda de
Florianópolis. Na próxima quinta-feira (30), quando é comemorado o Dia
Internacional do Jazz, a banda Brass Groove Brasil percorrerá a cidade em uma
van, das 7h30 à meia-noite, levando jazz para diferentes espaços da cidade,
incluindo terminais de ônibus.
Publicado no jornal Notícias do Dia