quinta-feira, novembro 14, 2013

Ópera "Carmen" ganha montagem grandiosa apresentada a partir de quinta-feira em Florianópolis


Uma história de tragédia e morte envolvendo a sedução de uma cigana que usa de todas as artimanhas para conquistar vários homens, sem se envolver com nenhum deles, começa a ser encenada desta quinta-feira até domingo, no teatro do CIC (Centro Integrado de Cultura), com a ópera “Carmen”. Por trás da superprodução, que começou a ser desenvolvida ainda no ano passado, está uma equipe de mais de 200 pessoas, entre o elenco de solistas escolhido a dedo, um conjunto de diretores consagrados, orquestra, coro e figuração. “Ela poderia ser apresentada em qualquer palco do mundo que não faria feio”, afirma Neyde Coelho, diretora-geral da ópera.
Criada pelo compositor Georges Bizet, “Carmen” estreou em Paris em 1875 e até hoje é uma das mais conhecidas óperas francesas. Sua popularidade se dá especialmente pela atração de sua personagem principal, que na produção catarinense será vivida em revezamento pelas mezzo-soprano Adriana Clis e Luciana Bueno, segundo Neyde, as melhores do país no papel. Do elenco formado por 15 pessoas também fazem parte os tenores Richard Bauer e Fernando Portari, revezando-se na interpretação de Don José, e o barítono Sebastião Teixeira, que vive o toureiro Escamillo. Duas das maiores expressões do canto lírico de Santa Catarina, as sopranos Masami Ganev e Claudia Ondrusek, estreiam na ópera “Carmen” interpretando Micaëla, noiva de Don José.
Todos os membros da equipe. que há mais de um ano trabalha no desenvolvimento da ópera, são de Santa Catarina. A concepção e a direção cênica são de Antônio Cunha, a cenografia leva assinatura de Edmundo Meira Neto, a regência e a direção musical são do maestro Jeferson Della Rocca e a direção artística leva o nome da maestrina Mércia Mafra Ferreira. Apresentando as visões opostas do amor em quatro atos, a ópera é extremamente luxuosa na concepção do cenário de cada um deles e do figurino, criado por José Alfredo Beirão.
A produção é a primeira desta dimensão a ser encenada em Florianópolis através da Lei Rouanet, e de acordo com a diretora-geral, a expectativa é lotar o teatro nos quatro dias de apresentação. “Estamos contando com a presença de pessoas de várias cidades que já garantiram ingressos, postos à venda há mais de um mês. Esse é o único evento erudito de Florianópolis durante o feriadão, então esperamos muitos turistas”.

Formação do público
Presidente da Cia Ópera Santa Catarina, Neyde Coelho já consegue ver no Estado um uma referência nas montagens e acredita que Florianópolis tem tudo para ser o grande polo, como Joinville é para a dança. Um dos principais fatores apontados por ela na questão do crescimento das óperas na cidade é a formação do público. “Ópera é para todo mundo, crianças e adultos gostam, quem diz não gostar nunca foi em uma. Quando vai pela primeira vez, se apaixona”, garante. Quanto ao preconceito de muitos, Neyde diz não entender. “É um evento popular, não sei por que as pessoas pensam que é algo de elite”.
Apesar da resistência, desde o ano 2000, quando a primeira ópera inteira foi encenada em Florianópolis, o público cresceu e hoje já é um número considerável. Os preços acessíveis, apesar do alto custo de produção, e a facilidade da compreensão, com a presença de legendas em português, são pontos que contribuem na sua popularização.

Publicada no jornal Notícias do Dia.