sexta-feira, outubro 31, 2014

Espetáculo “Nise da Silveira – Guerreira da paz” volta a Florianópolis para novas sessões

Quase três meses após a estreia da última etapa da “Trilogia do Inconsciente”, que conta a história da médica psiquiatra Nise da Silveira, o ator e idealizador Daniel Lobo traz o espetáculo de volta aos palcos da Capital para três sessões entre hoje e domingo, no teatro Pedro Ivo. Dessa vez, “Nise da Silveira – Guerreira da paz” chega a Ilha com a bailarina Ana Botafogo, coreógrafa do espetáculo, e o pianista João Carlos Assis Brasil, autor da trilha original, que vão participar de debates com a platéia após as sessões. A iniciativa partiu do próprio diretor para compartilhar com o público o processo de criação do trabalho e receber um feedback, já que segundo ele, “Nise” é uma obra em constante processo. O evento inclui ainda a gravação de um DVD duplo e a exposição “Nise de Lótus”, do escultor Martin Ricciardi.
“O ‘Nise’ é um processo de evolução, ele está de volta de outra forma, que não é nem melhor e nem pior, cada sessão é diferente. Dessa vez entram junto comigo no palco dois convidados especiais, Chrisian Abba e Nick Phenix. É estreia deles no espetáculo”, destaca Daniel.
Para ajudar a contar a história de Nise da Silveira, discípula de Carl Gustav Jung e uma das primeiras mulheres a se formar em medicina no Brasil, ele contou com o minucioso trabalho corporal de Ana Botafogo, que pela primeira vez assinou uma coreografia em teatro. “É bastante diferente criar uma coreografia para teatro, ali ela é apenas mais um elemento na história. Claro que eu não criei uma coreografia de balé clássico, não é isso. É uma coreografia para um ator”, destaca.
A parceria entre Ana e Daniel começou já na concepção do primeiro espetáculo de Nise, que entrou em cartaz em 2011, quando ainda não era ele quem encarnava o papel da psiquiatra alagoana. “Eu nunca tinha tido a oportunidade de coreografar para teatro antes e esse namoro com o Daniel já é longo, começou durante um período de férias em que eu pude ter tempo para me dedicar a isso”, explica Ana. “Eu já tinha ouvido falar na história de Nise antes de ser convidada, mas não conhecia com essa profundidade que todos esses anos trabalhando no espetáculo me proporcionou”, completa a bailarina.

Multimídia
A brasileira que revolucionou a psiquiatria ao criar Ateliês de Arte dentro dos hospitais, se negando a praticar tratamentos violentos com os pacientes, faz parte da vida profissional e pessoal de Daniel Lobo há seis anos. No espetáculo que encerra a premiada trilogia de Nise ele leva ao palco uma encenação totalmente multimídia, que inclui teatro, música, dança e projeções em vídeo.
Além das participações especiais de Christian Abba, com instrumentos indianos e tambores xamânicos, e a da cantora Nick Phenix, também fazem parte de “Nise da Silveira – Guerreira da paz” o trabalho de percussão de Marco Lobo, projeções multimídia com participações de Ferreira Gullar e do teatrólogo José Celso Martinez Corrêa e a “Voz do Inconsciente” de Monja Coen, precursora do zen-budismo no Brasil, que dá vida a Jung. Para fechar a equipe, Ciliane Bedin assina como diretora-assistente.

Desde o dia 17 de outubro, uma exposição fotográfica de “Nise feita pelo Mag Foto Estudio e aberta à visitação no Mercado São Jorge, na Capital, também ajuda a contar a história da psiquiatra alagoana.

Publicado no jornal Notícias do Dia.

quinta-feira, outubro 23, 2014

Sob a alcunha de Vinolimbo, músico catarinense aposta nas batidas experimentais

É no quarto que divide com outro colega na moradia da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) que o estudante da quarta fase de ciências sociais Murilo Mattei produz boa parte das músicas eletrônicas experimentais que no último ano chamaram atenção do selo gaúcho NAS e de uma série de blogs e sites especializados. Desde 2012, quando abandonou as baquetas da banda de indie rock em que tocava na cidade de Orleans, onde nasceu, o rapaz de 22 anos começou a utilizar o experimentalismo de colagens e batidas desaceleradas em programas de computador para realizar o desejo de compor suas próprias músicas, o que como baterista acabava se tornando uma tarefa um tanto complicada.
Depois de criar um punhado de músicas que, segundo ele, pouca gente tinha vontade de ouvir, e batizar o projeto de Vinolimbo – porque tudo o que colocava no som ele “via no limbo” –, Murilo se mudou para Florianópolis para estudar e o hobbie ganhou ares um pouco mais sérios. “As primeiras músicas que eu fiz eram muito experimentais, ninguém queria ouvir aquilo, mas quando mandei para o site Hominis Canidae vi que algumas pessoas se interessaram e continuei fazendo, nessa época lancei três EPs”, conta. Um ano depois, já vivendo na Capital, suas produções ganharam mais requinte, mais horas de dedicação – e um acerta obsessão –, além da inserção de elementos menos experimentais. O resultado foi a entrada de Vinolimbo no casting do selo NAS, pouco antes do lançamento do seu quarto EP, “The End of What Never Happened”. As sete faixas foram disponibilizadas on-line em maio deste ano e logo foram parar em sites como Move That Jukebox, Monkey Buzz, O Esquema e no blog do jornalista musical Ricardo Alexandre, no Portal R7, com elogios que pouco tempo atrás pareciam improváveis para Murilo. O segundo EP com a chancela do NAS saiu há três meses e para 2015 ele já planeja o lançamento de um álbum completo.

Em público
Até agora sem ser as festas promovidas em Porto Alegre pelo próprio NAS, Murilo só teve a chance de tocar em uma ocasião, em Criciúma, em agosto desse ano. Mas ele reconhece que suas músicas podem não combinar com qualquer ambiente. “O estilo de música que eu faço não tem uma cena no Brasil e no mundo todo também não é muito grande, mas o NAS está criando um circulo, já tem uma parceria um selo de Singapura, então artistas de fora já nos ouvem e com tempo vamos criando outras parcerias”, projeta.

Para tentar se inserir em ambientes mais próximos e poder mostrar seu som para um público maior, ele diz que já tem incluído em seu set remixes de sons um pouco mais calmos e até já conhecidas do público. “Eu tenho mantido contato com um pessoal da cena de Balneário Camboriú, que tem inclusive um podcast. Minha música está tentando conversar com a house music, tentando se encaixar nesse estilo, então pretendo fazer alguma coisa lá. Acho que consigo adaptar”, diz. Enquanto a música ainda for mais hobbie do que trabalho em sua vida, apesar de já estar produzindo para outros artistas, Murilo afirma que vai seguir conciliando com a faculdade, mas não descarta a possibilidade de dar um tempo no curso caso surja uma oportunidade de explorar suas produções no exterior.


Publicado no jornal Notícias do Dia 

sexta-feira, outubro 03, 2014

Sinônimo de estilo e elegância, a consultora de moda Costanza Pascolato esteve em Florianópolis para lançar bolsa que leva seu nome

Se a palavra elegância precisasse ser representada pela figura de uma pessoa em um dicionário ilustrado, não restariam muitas opções senão a foto de Costanza Pascolato. A empresária e consultora de moda ítalo-brasileira é uma das maiores autoridades do assunto no Brasil e de uns anos para cá deixou de ser conhecida apenas pelos mais instruídos nesse universo e se tornou queridinha das fashionistas, independente de quanta verba tenham para gastar com roupas. Na última terça-feira, Costanza desembarcou em Florianópolis para prestigiar o lançamento da bolsa que leva seu nome, desenvolvida pela marca Capodarte, em uma de suas lojas no Beiramar Shopping, para onde levou dezenas de Vips interessados em vê-la de perto.
Sempre vestida, maquiada e penteada de maneira impecável, Costanza, aos 75 anos, viu centenas de tendências irem e voltarem desde que desembarcou no Brasil, ainda criança, mas esclarece que a tal elegância que sempre vem acompanhada de seu nome vai muito além disso. “Ser elegante não é apenas se vestir bem, também tem a ver com a maneira como você se comporta, seu traquejo social, como você trata o outro. E isso hoje está banalizado”, diz, em baixo tom de voz, como em qualquer conversa em que se envolve.
No comando da tecelagem Santa Constância desde que a herdou da família, a papisa da moda, como é conhecida no meio fashion, já foi consultora de moda de importantes revistas do segmento e assinou colunas na “Folha de S. Paulo” e na revista “Vogue”, tornando-se prestigiada entre estudantes e profissionais da área e entre os consumidores mais endinheirados. Com a proliferação dos blogs de moda nos últimos anos, porém, Costanza se tornou ainda mais popular, agora também entre quem só tem condições de adquirir bolsas Balecianga “inspired” em lojas de departamento. “Essa notoriedade é estranha, em qualquer lugar do mundo que eu vá sempre tem algum brasileiro que me reconhece. Os blogs de moda agora já não estão mais tão em alta como já estiveram, mas as blogueiras são as cinderelas de hoje, como já foram as misses e as atrizes de cinema”, diz.

Questão de estilo
Para Costanza, há pessoas que podem viver uma vida inteira sem se preocupar com questões de estilo e menos ainda em seguir tendências sem que isso atrapalhe em nada seu modo de se relacionar com os outros. Entretanto, para ela a importância de se ter um estilo definido reflete diretamente na autoestima. “Eu particularmente acho alguns estilos muito fúteis, mas não estou aqui para julgar. Descobrir seu estilo é se autoconhecer, te dá uma tremenda confiança e ajuda em qualquer relacionamento”, pontua. Segundo Costanza, há anos um de seus passatempos favoritos é justamente tentar decifrar traços da personalidade das pessoas de acordo com seu estilo. “Eu consigo fazer isso e faço o tempo todo, é algo que me fascina”.

Apesar de manter seu estilo impecável há décadas, com peças clássicas e únicas em seu closet, Costanza diz que ainda compra roupas, mas muito menos do que costumava comprar há alguns anos, e que se desfaz com regularidade de peças que está há muito tempo sem usar. “Com frequência chego à fábrica com malas de roupas e dou às funcionárias. Já cheguei a fazer doações, mas depois descobri que não foi com objetivo beneficente, como acreditei, então agora levo para as funcionárias, que também precisam”. 

Publicado no jornal Notícias do Dia