domingo, maio 25, 2014
Vitor Ramil traz a Florianópolis repertório que passa por diferentes fases da carreira
Foi durante um show na cidade de Lisboa que Vitor Ramil começou a levar a sério a possibilidade de gravar um álbum reunindo algumas das músicas mais marcantes de sua carreira. O público da capital portuguesa reagiu com tanto entusiasmo às canções de 30 anos atrás que soou óbvia a pertinência daquele repertório para plateias do Brasil e de outros países. Assim nasceu “Foi no mês que vem”, disco duplo lançado em 2013, com 32 músicas compostas em diferentes fases da trajetória do artista e que o acompanham em um show neste domingo, 25, no Teatro Ademir Rosa, no CIC (Centro Integrado de Cultura), em Florianópolis.
Embora a apresentação de Lisboa tenha sido essencial para a ideia do álbum, o músico explica que apenas uma canção do repertório foi definida naquele momento. “O ‘Tango da Independência’ foi a única música desse show que tive certeza de que entraria no disco, o resto foi surgindo com o tempo. Quando cheguei no estúdio para gravar, encontrei lá um piano Wurlitzer, então decidi que incluiria ‘Noturno’, que estava fora do repertório, mas que foi composta justamente com um Wurlitzer”, conta.
A maior parte das músicas foi gravada em Buenos Aires, mas como havia muitas participações (17 pessoas, incluindo Jorge Drexler, Ney Matogrosso, Fito Paez, o filho Ian Ramil e os irmãos da dupla Kleiton e Kledir) o trabalho se espalhou também por Dublin, na Irlanda, Porto Alegre e Rio de Janeiro.
Simultaneamente ao lançamento de “Foi no mês que vem”, Vitor finalmente tornou realidade um projeto que havia iniciado ainda na década de 1990: um songbook com partituras completas, análises técnicas e críticas, fotos, manuscritos, discografia e uma biografia do compositor. “O disco saiu do songbook. Quando vi que o livro ia sair mesmo, decidi gravar o disco, que se tornou um complemento, mas com vida própria”, diz.
Os dois trabalhos foram parcialmente bancados por um financiamento coletivo em que os fãs contribuintes podiam acompanhar pela internet o processo de produção. “Foi uma experiência fantástica. Aproximou muito o público e mobilizou muita gente, inclusive a mim. É um grande desafio ficar exposto durante as gravações, porque nesse momento nem tudo são flores, mas foi muito bom, as pessoas se sentiram um pouco parte da gente, da produção”.
Entre amigos e família
Acostumado a receber grandes convidados em seus trabalhos, a ideia inicial de Vitor Ramil em “Foi no mês que vem” era gravar tudo sozinho. Como estava entusiasmado com a parceria feita com o violonista argentino Carlos Moscardini já no álbum anterior, “Délibáb”, decidiu chamá-lo novamente e o convite acabou se estendendo para outros músicos, inclusive a Orquestra de Câmara do Theatro São Pedro, de Porto Alegre. “Comecei convidando o Carlos porque as músicas que vínhamos tocando juntos estavam bonitas, achei que precisávamos gravá-las. Mas esse encontro foi muito bom para mim e para o público. O disco tem uma característica afetiva, músicas que fiz com 17/18 anos e que estou revivendo com amigos, irmãos e filhos”, relata.
No show em Florianópolis, o músico vem acompanhado de dois de seus parceiros do disco, Carlos Moscardini e o percussionista Marcos Suzano. “Os shows são diferentes em cada cidade, o que não muda muito é o cenário e a iluminação, mas o repertório varia conforme os convidados que poderão estar presentes no dia. Então vou fazer uma parte sozinho e outra com coisas que gravei com eles”.