Sete shows, cinco Estados diferentes. Essa será a contabilidade
final do Carnaval da funkeira Valesca Popozuda, que em 2015, pelo segundo ano
consecutivo, optou por ficar de fora dos desfiles e longe da Salgueiro, sua
escola de samba do coração, para priorizar o trabalho. Na noite do último
domingo (15), durante a segunda parada da maratona, Valesca veio direto da
Bahia para Florianópolis, onde se apresentou para um público de cerca de 80 mil
pessoas no camarote da Skol, no Centro da cidade. Mas se parece muito pesado
para uma única pessoa subir a tantos palcos em tão pouco tempo, ela não deixa
nenhuma dúvida de que energia não lhe falta e que transborda até nos olhos,
maquiados com muito brilho.
“Comecei em Salvador, daí vim para Floripa, e daqui
vou para Laguna. Eu amo o que eu faço, não há nada que faça você cair. É um
prazer, então você vai com todo gosto, com toda garra, e ver os fãs esperando
com todo esse carinho, não tem preço que pague. Depois vou para Ouro Preto, em
Minas, aí vou pro meu Rio, depois para Recife e volto para Salvador”, afirmou a
cantora, minutos antes de se apresentar para milhares de “popofãs”, como carinhosamente
apelidou seu público.
A dedicação exclusiva ao trabalho durante o Carnaval,
adotada desde o ano passado, período em que se firmou como um verdadeiro
fenômeno pop com o hit “Beijinho no ombro”, é resultado de muita disciplina e
de seriedade no que faz, mas ela não esconde uma pontinha de saudade de mostrar
o samba no pé na Sapucaí. “São dois anos já sem avenida, mas eu comecei uma
carreira solo e tenho que fincar ela. Não desfilei, fiquei chateada, mas eu fico
acompanhando pelos sites durante correria dos shows , fico olhando quem sai,
quem não sai, quero ver as rainhas, vou logo olhando paras as rainhas, para a
bateria, o coração da escola. Mas se Deus quiser eu vou voltar”, garantiu a
cantora.
Elegância
e feminismo
Depois de aproximadamente 12 anos em uma carreira
sem tantos holofotes no grupo a Gaiola das Popozudas, Valesca foi aos poucos
conquistando seu espaço no cenário do funk de todo o país, e ganhou fãs e
admiradores que inclusive não tem tanta afinidade com o ritmo. Com
superproduções de videoclipes e um estilo muito mais sofisticado de quando
fazia parte do grupo e de quando deu seus primeiros passos na carreira solo,
sem nunca deixar a sensualidade de lado, Valesca viu seu nome ganhar respeito
dentro e fora da cena, sobretudo com as feministas, depois de participar da
campanha “Não mereço ser estuprada”. Mas muito antes desse episódio, a cantora
já se declarava parte do movimento, e hoje engrossa a luta a favor da igualdade
de gêneros. “Eu sou feminista, mas sou mulher antes de tudo, sei onde o calo
aperta, tenho mãe, tenho irmãs e eu sempre vou defender a mulher em primeiro
lugar, porque o homem faz tudo o que ele quer. É o garanhão, pode tudo, e a
mulher se beijar um, dois, três, ou quatro na boca, não vale nada”, desabafou.
“Os direitos são iguais para todos. As pessoas têm que parar com essas críticas,
porque isso não está com nada, e se preocupar mais com o nosso país, deixar as
pessoas viverem felizes. Eu sou a favor de todo mundo ser feliz”, concluiu a
funkeira.