segunda-feira, fevereiro 09, 2009

Matéria: Calvin

Calvin Envernizada

Banda prepara Videoclipe e um pacote de novidades neste mês

Talvez nunca em dez anos de história, a Calvin, de Timbó, esteve tão ansiosa e com tantos planos para o futuro da banda. O motivo de tanta expectativa gira em torno de uma música, que junto trará um leque de novidades, preparadas com cautela nos últimos meses pelo quinteto. Trata-se do single Verniz, que aos poucos se transforma em videoclipe, em EP e em novo Myspace, só pra começo de conversa.
A Calvin possui um trajetória iniciada em 1998, com um EP, em 2004, e um CD de estúdio: “Abre, sou só eu (ou: Mais do nada)”, em 2006. Com o lançamento deste debut álbum, através da Porão do Som Discos, o número de fãs aumentou consideravelmente, traçados em uma rota de shows que vai Brasil afora, onde são sempre bem acolhidos pelo público. Em 2009, o quinteto de Timbó, promete ampliar ainda mais esse alcance.
O ponto de partida é o single Verniz, gravado ainda no ano passado, que representa para o grupo uma nova fase em sua história. A música, que já chegou a ser vinculada na programação da Atlântida, começou a virar clipe em outubro de 2008.
As filmagens aconteceram no Butiquin Wollstein, em Blumenau, e o trabalho seguiu a risca a cartilha dos independentes: todo mundo ajudando no que pôde. Assim, Felipe Rischbieter assumiu a direção no set, Léo Biz ficou com a produção e mais amigos apareceram para dar uma mão no que podiam, até mesmo na figuração. “Foi muito trabalhoso, mas todo mundo curtiu um monte e isso que importa”, conta o tecladista Marcelo Kaiser.
A partir de então veio a parte mais demorada: a edição. O que era para ser finalizado no começo do ano se estendeu até o fim de fevereiro, isso por conta das enchentes que assombraram a região do vale em novembro. No momento, o clipe está no processo de pós-produção, com os integrantes analisando o que pode ser melhorado, para lançar no final deste mês de março.
“A idéia do vídeo é captar a banda tocando e ao mesmo tempo o ambiente em volta, sem nenhuma história específica, já que a música tem uma história própria”, explica Kaiser.
E é justamente o videoclipe que está atrasando as demais novidades. O projeto da Calvin é lançar o single Verniz em um EP, que virá com possivelmente mais três músicas, duas versões de sons de 2004 regravados em 2008, “3, 2, 1, Fim” e “Depois da Chuva”, além de outra nova canção.
Junto com as músicas, o plano é colocar um combo de bônus de divulgação do trabalho. Além do clipe, estarão fotos das filmagens e de divulgação, release e alguma outra coisa, mas nada definido pela trupe ainda. De certo mesmo é que a tiragem física será pequena, privilegiando os fãs que se interessarem pelo projeto. “É um EP ‘hiper-promocional do clipe’ e já estamos angustiados para mandar isso pra todo mundo”, comenta o tecladista.
Assim que lançado o clipe, entra no ar também o novo Myspace da Calvin, como novo layout, além das novas camisetas e do novo show, ou seja, tudo novo. A banda já tem algumas datas na agenda, mas está preparando um giro maior pelos palcos da região e do país quando Verniz finalmente entrar em cena.
“Está todo mundo bem empolgado”, revela Chico, frontman da Calvin “porque tudo o que envolve esse próximo trabalho possui uma proposta bem mais amarrada do que qualquer coisa que a gente já tenha feito.”
Enquanto vive esse ar de expectativa, a Calvin já trabalha duro no próximo passo após Verniz, um novo disco, o segundo da sua história. A banda passa por uma fase de composição e já está gravando novas músicas para o álbum. O grupo garante ter um grande número de canções inéditas, que atualmente passam pelo processo de triagem para decidir o que será registrado.
Por outro lado, o quinteto não tem pressa em lançar algo novo e está preocupado mesmo com a qualidade do material sucessor de “Abre Sou Só Eu (Mais do Nada)”. Segundo o tecladista, o objetivo é lançar ainda este ano, mas não é garantido, uma vez que “os integrantes são muito detalhistas e querem fazer deste álbum o melhor possível”. O jeito é aguardar para ver o que a Calvin reserva para 2009, ou melhor, “ano onze”, como dizem os próprios calvinistas.

Os dez anos da Calvin

Tudo começou em 1998 com a aquela velha história de dois amigos que queriam formar uma banda rock. Apesar dos singelos 14 anos, Chico, que cantava e tinha acabado de ganhar uma guitarra, e Billy, que foi presenteado com um baixo, empunharam seus novos instrumentos nas costas e começaram a tirar músicas de suas bandas preferidas.
Numa época em que o máximo que se ouvia de rock nas rádios era O Rappa, a Panchos, como era denominada a Calvin no final dos anos 90, achava que poderia ter um papel importante na historia do rock de Santa Catarina. E realmente teve.
Se hoje esses garotos de Timbó já fizeram shows em várias cidades de diferentes Estados brasileiros, há alguns anos a coisa não era bem assim. O primeiro show da banda, que já contava com Denis na bateria, foi no aniversário de 15 anos do vocalista Chico, ainda 98. O set list do show foi composto por três músicas: When I Come Around, do Green Day, Song 2, do Blur e Everything About You, do Ugly Kid Joe. “Depois disso, os shows eram em festinhas de amigos aqui, eventos da cidade ali.”, conta o frontman.
Depois de três anos divertindo o ínfimo público tocando apenas covers, resolveram então que era hora de partirem para suas próprias composições. Seguindo influências que iam do punk rock ao rock alternativo, as músicas iam surgindo uma atrás da outra, e junto com elas a idéia de trocar o nome da banda. Foi então que em 2001 a Panchos passou finalmente a ser chamada de Calvin, pois, segundo Chico, “aquele nome nunca seria levado a sério.”
Após a entrada do guitarrista Benny, os garotos passaram a conviver com a amarga experiência de tocar suas músicas próprias à um público que nunca tinha ouvido aquilo antes.Em 2004, com o lançamento do primeiro EP, gravado de forma totalmente caseira, as coisas começaram a melhorar para o quarteto. Com a ajuda da internet, as músicas conseguiram alcançar um público significativo, fazendo com que a banda fosse convidada a se apresentar em vários festivais de rock. Foi quando finalmente a Calvin conseguiu um espaço sólido não apenas no underground catarinense como também no nacional.
Com o sucesso do EP acabou surgindo, em 2006, a proposta do selo Porão do Som para a gravação do primeiro CD. Logo nessa época Benny teve que abandonar a banda por questões profissionais, deixando seu posto para Juvi, o atual guitarrista. A gravação do CD “Abre, sou só eu (ou: Mais do nada)” foi feita no mesmo ano, e contou com músicas compostas entre 2001 e 2005. “É um negócio meio maluco, porque a gente amadureceu muito nesse meio tempo.”, explicam.
Atualmente a formação da banda continua contando com Chico nos vocais e guitarra, Billy no baixo, Denis na bateria, Juvi na guitarra e este ano passou ainda a ter Kaiser no teclado. Segundo os integrantes, a banda precisava desse reforço ao vivo, já que os arranjos passaram a ser mais complexos.
Em comemoração ao aniversário de 10 anos, completos em 2008, a banda dedicou uma surpresa aos fãs. No mês de junho do ano passado eles regravam duas músicas do EP lançado em 2004 e colocaram novamente para download gratuito na internet. As músicas “3, 2, 1, Fim” e “Depois da Chuva” ganharam melhores arranjos e uma gravação mais profissional. Não à toa arrancaram elogios dos fãs presenteados.

Publicado no site Válvula Rock Juliete Lunkes

Por Juliete Lunkes e Anderson Davi